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Giovana Cordeiro brilha em “Mar do Sertão” e espera lançamento de filme

Foto: Maria Magalhães

Destaque em “Mar do Sertão”, trama das 18h da TV Globo, onde atualmente faz par com Renato Góes, Giovana Cordeiro é daquelas atrizes versáteis, que encaram e concebem qualquer tipo de personagem. Como Xaviera, seu papel na novela, é possível ver muito bem isso. Começou com uma participação singela e agora brilha e desperta o público com sua atuação e performance ao lado de Tertulinho (Renato Góes).

Sua personagem é uma mulher divertida, forte e decidida, como ela é na vida real. No papo que a atriz teve com RG fica fácil perceber essas caraterísticas. Tornou-se atriz brincado de interpretar quando criança, mas estudou e se preparou para o sucesso que vinha pela frente.

Foto: Maria Magalhães

Amante de teatro, seus panos para depois do fim da trama, que acaba em 17 de março, é um projeto teatral, e aguarda ansiosa pela estreia de “Meu Sangue Ferve por Você”, filme que retrata a vida de Sidney Magal, onde faz a personagem Magali, mulher do cantor.

Vaidosa e bonita, toma cuidados com corpo, pele e cabelo, e gosta de se alimentar bem. Como conta mais abaixo, gosta de levar sua própria marmita para o set  e consome muita água, além de se exercitar. Sobre a representatividade preta no audiovisual, acha que coisas mudaram, mas que devem avançar ainda mais. “Acho que está melhorando, assim mesmo, no gerúndio, porque é um processo”, diz.

Leia a seguir entrevista com a atriz.

Foto: Maria Magalhães

Como se tornou atriz? Era um sonho desde criança?

Eu brincava muito de interpretar em casa coisas que via na TV, ensaiava apresentações para a hora do recreio na escola ou para as festas de família. Eu lembro de assistir a “O Clone”, “Hoje é Dia de Maria”, “Sítio do Pica Pau Amarelo” e pensar “Por que eu não estou ali? Como eu faço para estar ali?”. Eu queria, achava que conseguiria fazer, mas o esporte era muito mais acessível na minha família do que as artes. A vontade de seguir como profissão ficou ainda mais forte quando eu precisei decidir qual faculdade iria fazer, então quando terminei o Ensino Médio, entrei para a faculdade de artes cênicas e foi ali que me descobri mesmo como artista e entendi de fato que era isso que eu queria fazer pra vida. Eu tenho muito interesse em tudo que envolve a minha profissão, eu quero realizar, fico muito empolgada com os processos. Essa disposição natural e espontânea de realizar uma atividade que é a tal da vocação. Isso eu sempre tive.

Que papéis de sua carreira destacaria?

A Stefany de “Rock Story” foi uma personagem muito marcante porque foi a primeira personagem que eu tive em uma novela e deu para sentir como é uma obra aberta. Por exemplo, ela seria apenas uma participação, mas por causa da receptividade do público isso mudou no meio da história. É muito interessante você pensar isso, que a novela acontece e se desenvolve também com público, que há essa liberdade. Em “O Outro Lado do Paraíso”, que eu fiz a Cleo, tive a oportunidade de contracenar com grandes artistas, como Fernanda Montenegro e Lima Duarte. Era como ter uma aula ao vivo. A Generosa, de “Pantanal”, me permitiu trazer um registro de uma mulher sonhadora, que lidava com muita miséria humana e que queria manter sua integridade mesmo ali. Por isso, sonhava tanto em mudar de vida. Foi uma personagem bem profunda e marcante. A Erêndia foi minha primeira personagem no teatro profissionalmente e eu amei estar de volta no palco, o processo de teatro é completamente diferente da TV, trouxe um outro repertório para mim como atriz. E fazer cinema também é fascinante: é uma obra fechada com um personagem já muito bem delimitado, que você roda bem mais rápido que uma novela. Eu adorei fazer a Nina, do filme “Carnaval”, que era uma influenciadora digital, um pouco do que eu sou também (risos). E gostei muito de rodar “Meu Sangue Ferve por Você”, a cinebiografia do Sidney Magal. Eu interpreto a Magali, mulher dele, e foi o primeiro projeto em que consegui juntar interpretação com canto, algo que eu tenho vontade de explorar cada vez mais. E Xaviera, claro, que acho que é a minha personagem mais popular até agora. Xaviera me deu a possibilidade também de viver uma novela de uma maneira completamente nova. Não tinha gravado tanto até então, e a convivência com o elenco e a equipe acaba sendo ainda mais intensa e nos tornamos mesmo uma família. Até nas folgas, às vezes, a gente dá um jeito de estar junto (risos). Profissionalmente, ela me permitiu mostrar outros lados, ir do drama à comédia em poucas cenas. Isso é um exercício muito interessante para mim como atriz.

Foto: Maria Magalhães

Como surgiu o convite para “Mar do Sertão”?

O convite foi muito inesperado. Tinha acabado de chegar de ônibus em Brasília, depois de 21 horas de viagem, parei para almoçar e meu telefone tocou. Era a Márcia Andrade, produtora de elenco, perguntando se eu tinha disponibilidade para estar na Globo, no Rio, no dia seguinte. Eu disse que sim sem nem pensar duas vezes (risos). Tive apenas uma noite para me preparar para o teste, botei um tubinho vermelho e fui com toda a vontade que eu tinha! Fiz um bom teste, saí com uma sensação boa de lá e voltei para Brasília. Foram 24 horas muito intensas e já era um gostinho do que seria a Xaviera na minha vida. Recebi a confirmação da aprovação e duas semanas já estava no set gravando.

Como criou a personagem?

Eu crio sensorialmente. É um método de construção de personagem que funciona muito para mim. Primeiro eu separo todas as informações do texto sobre a personagem, tudo que o autor fala sobre ela, o que os outros personagens falam sobre ela, o que ela fala sobre ela mesma e o que fala sobre os outros. Isso já me ajuda muito a entender padrões de comportamento e as relações. Depois disso, crio todo o passado da personagem que é relevante para chegar até o ponto da história que vamos contar. Para Xaviera, era importante que eu entendesse a relação dela com a mãe, com a vizinha que criou ela, com a infância morando na rua, trabalhando na feira… E depois que entendi como tudo isso aconteceu, pude entender melhor quais eram suas motivações para chegar onde chegou. O trabalho sensorial faz com que eu me aproprie muita daquela vida, de suas dores e ambições. Feito o sensorial, eu volto para o texto, e vou mapeando cena a cena, entendendo objetivo, necessidade básica como ser humano, construindo os arcos históricos e volto para fazer sensorial de cada cena e descobrir sutilezas das intenções. Mapeio tudo isso, registro em áudios e compartilho todo esse processo com a Thais Mansano, preparadora que me acompanha. É um trabalho longo, e no caso de “Mar do Sertão” tive só duas semanas. Então eu vivi para isso (risos). Depois, dentro do processo da novela, fui descobrindo novas coisas e aprimorando o trabalho, mas sem abrir mão do meu trabalho de mesa mapeando cena a cena e segui com o sensorial em cenas específicas.

Foto: Maria Magalhães

De que forma tem sentido a receptividade do público com sua personagem?

Da maneira mais positiva possível. Eu adoro que me marquem nos memes, nas cenas, que me mandem DM, que falem comigo na rua. Ultimamente, falaram muito sobre a aproximação dela com Tertulinho (Renato Góes), dizendo que ela merece coisa melhor (risos). Vamos ver como isso acaba, né?! Eu me divirito muito com as reações. Adoro!

Quais são os próximos projetos? Tem TV, cinema, teatro ou streaming em vista?

Agora, com o fim da novela, meu foco é descansar, mas já estou escrevendo projetos para o teatro e aguardando a estreia do filme sobre o Sidney Magal, “Meu Sangue Ferve por Você” onde interpreto a Magali, esposa do cantor.

Acha que a representatividade negra no audiovisual melhorou?

Acho que está melhorando, assim mesmo, no gerúndio, porque é um processo. “Vai na Fé”, que está no ar no horário das 19h, por exemplo, é uma novela que traz um elenco muito diverso, com protagonistas negros. Isso mostra que estamos avançando na direção certa. Ver a Maju Coutinho no “Fantástico”, um dos programas de maior audiência da TV aberta, também é muito importante. E que o avanço que a gente vê diante das telas esteja acontecendo também nos bastidores: mais diretores e diretoras negros, roteiristas, assistentes de direção… É importante ocupar todos os espaços, sobretudo os de poder, os que planejam e criam novas políticas e exigem novas posturas dentro das empresas, mas também acho que essa é uma atenção que tem que vir de todos. Assim que a gente muda uma cultura: normalizando outros comportamentos.

Foto: Maria Magalhães

Como lida com as redes sociais, é mais de ver ou de postar?

Para mim, é um espaço de troca e de trabalho também. Gosto de falar ali sobre as coisas que acho importantes, de me abrir para ouvir quem me segue também, compartilhar um pouco mais sobre o meu trabalho… É um espaço de conexão.

Acha que as redes são um veículo importante para se posicionar social e politicamente?

Sim, porque ali é um recorte do que somos. No meu caso, neste recorte, gosto de falar sobre temas importantes. Acho que a influência que eu exerço para tantas pessoas requer responsabilidade sobre o que compartilho ali. Busco construir um espaço que seja verdadeiramente sobre quem eu sou.

Como cuida da beleza e do corpo?

Eu me exercito. Tento manter uma rotina, mas ultimamente está sendo quando é possível mesmo (risos). Bebo bastante água e levo sempre minha marmita (risos). Eu tenho algumas ocorrências de acne na pele do rosto, por exemplo. Então, tenho uma rotina muito precisa de cuidados e tudo sob supervisão da minha dermatologista. Para pele do corpo, gosto de usar óleos. Sou apaixonada!

E do cabelo?

Eu uso sempre um protetor térmico antes de usar secador ou babyliss no trabalho. Na hora de dormir, gosto de fazer umectação para manter a hidratação do fio durante a noite, amo usar óleos! Vou percebendo a necessidade do cabelo para fazer uma hidratação mais intensa. Então em vez de usar condicionador apenas, intercalo com uma máscara de hidratação na hora do banho. Mantenho o corte em dia, na verdade é mais para tirar as pontas ressecadas e manter a saúde do fio, mas agora com o cabelo curto preciso sempre atualizar o corte… Meu cabelo cresce muito rápido! E o que não pode faltar para uma cacheada é um bom leave in, um bom finalizador. Escolho o que melhor atende as minhas necessidades e o meu gosto e invisto neles.

Foto: Maria Magalhães

O que gosta de ouvir?

Eu amo música brasileira, gosto de cantar alto, cantar poesia, gosto de música com letra que me embalada e que me revela. Sinto muito isso nas músicas da Liniker. Ela com certeza é minha artista preferida. Ouço diariamente e me emociono todas as vezes.

Tem algo que não come?

Já fui vegetariana e até hoje tento reduzir os alimentos de origem animal. Fora isso eu como tudo, eu tenho um enorme prazer em comer, descobrir temperos, misturar gostos e eu sou curiosa (risos). Quero e gosto de experimentar tudo.

Foto: Maria Magalhães

O que gosta de fazer em seu tempo livre?

Estar perto da água é sempre minha primeira opção, sempre que posso vou para perto do mar ou para cachoeira. São dois lugares que me energizam, que me desaceleram e ainda é uma programação que posso ver a Jolie, minha cachorra, curtindo muito a liberdade dela na natureza e a minha companhia (risos). Como fico muito fora de casa por conta do trabalho, tento priorizar esse momento com ela sempre que posso.

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