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Fenômeno nas redes, rapper Teto prepara álbum para 2023

Foto: Pedrita Junckes

Pagode e rap pode dar samba? Se depender do rapper baiano Teto, sim. O jovem de apenas 21 anos é um fenômeno na internet, e explodiu na cena antes mesmo de ter uma música oficialmente lançada. Nascido em Jacobina, cidade que fica a cerca de 300 km de Salvador, Clériton Sávio Santos Silva, o Teto, é um dos responsáveis por tornar o trap, gênero musical derivado do hip hop, em um dos mais executados em todo o País. Como? Simples, o menino do interior da Bahia divulgava em seu Instagram prévias de suas músicas, que rapidamente eram compartilhadas e estouraram.

Por essas e por outras, ficou conhecido como “rei das prévias”, e deu ouvidos a isso. Continuou seu trabalho e despontou no Spotify com músicas compostas quando ainda tinha 12 anos de idade. Sua influência familiar, sobretudo do pai, vem do axé, do pagode, do samba, arrocha. E essa mistura boa de ritmos deu a ele repertório para criar uma carreira de sucesso no Nordeste, que rapidamente se espalhou pelo Brasil todo. O frenesi foi tão grande que os fãs encontraram um meio de distribuir por conta própria versões inacabadas nas plataformas de streaming. Assim, Teto chegou a alcançar o TOP 30 do Spotify no início de 2021 com prévias de duas músicas: “M4” feat Matuê, e “PayPal”, feito inédito para um artista.

Foto: Pedrita Junckes

Teto é um jovem simples, que gosta de contar suas histórias, estar com familiares e amigos, com a namorada e viver, o pouco tempo que tem livre, com pessoas que ama à sua volta. Como todo rapaz de sua idade, também gosta de videogame e se inspira em tudo o que há na vida para colocar em sua música. Gasta a maior parte de seu tempo fazendo shows e em estúdio, compondo. Falando em composição, vem álbum dele por aí, é bom ficar de olho.

No início de 2021, Teto se juntou ao casting da 30PRAUM, selo fonográfico e produtora musical cearense, criado pelo rapper Matuê e pela empresária Clara Freitas. O selo é conhecido por ser pioneiro na fomentação da cena do rap e do trap no Nordeste.

Nas redes sociais, o jovem baiano também é um acontecimento. Atualmente, tem duas publicações e mais de 4,7 milhões de seguidores – ele alcançou a marca de 1 milhão antes mesmo de ter qualquer música lançada oficialmente. No Spotify, são mais de 4 milhões de ouvintes mensais. Já no Youtube, no canal oficial da 30PRAUM, são quase 5 milhões de inscritos e mais de 2 bilhões de views. Ufa!

Leia a seguir o papo que RG teve com o rapper.

Foto: Pedrita Junckes

Onde mora atualmente?

Atualmente moro em São Paulo, capital. Me mudei para lá vai fazer agora nove, dez meses, mais ou menos, mas sinto muita falta da minha terrinha e logo logo quero estar voltando, se Deus quiser.

Sempre achou que seria cantor?

Para falar bem a verdade, sim, mano. Sempre senti que eu tinha uma vocação a mais para isso. Sempre cantei desde pequenininho, sempre gostei da música, de estar inteirado nas coisas sobre música. Meu pai me botou nesse caminho muito cedo. Tipo, eu tinha esses relances de estar no chuveiro e pensar: um dia vou ser famoso, um dia vou ser cantor. Tinha esse bagulho, sim, com certeza. É a realização da gente hoje em dia. É porque a gente almejava muito isso, buscava muito e chegou graças ao papai do céu.

Como você começou a compor?

Comecei a compor com meus 12,13 anos de idade, mais ou menos. No colégio, quando tinha os trabalhos de fazer paródias, compor, textos, eu comecei a perceber que tinha esse dom de conseguir brincar com as palavras com mais facilidade do que as outras pessoas. Mas minha composição musical, a primeira mesmo, foi quando comprei um microfone e decidi fazer rap e compus minha primeira música.

Quantos anos tinha?

Já nessa época eu tinha a faixa dos meus 15 anos. Foi quando descobri que conseguia colocar para fora o que eu sentia. Conseguia desabafar, eu e o microfone sozinho. Foi um momento de descoberta para mim quando comecei a compor.

Foto: Pedrita Junckes

Por que decidiu colocar suas músicas ou trechos (prévias) no Youtube?

Eu decidir fazer isso porque, não muito diferente da maioria dos adolescentes, eu me sentia incompreendido, tá ligado? O lugar onde cresci, as ideias que eu tinha, sentia que era muito para frente da parada e eu era incompreendido mesmo. Então achei o microfone, achei o FL Studio, uma forma de jogar umas ideias ali para quem realmente se entendia comigo, procurava se entender. Comecei a fazer isso através de prévias justamente no meu Instagram, não foi diretamente no Youtube. E aí todo aquele lance do vazamento, a galera começou a compartilhar todas as prévias que eu fazia, as lives e graças a Deus deu no que deu.

Como foi estourar no Spotify antes mesmo de ter uma música sua lançada oficialmente?

Foi uma parada muito louca, mano, porque eu não sabia como lidar. Lancei minhas primeiras músicas no Spotify de uma forma totalmente desconhecida, eu procurei vídeo no Youtube, não sabia a parte burocrática, contratos, o direito que eu tinha sobre a minha parada em si. A gente sabe que hoje é um acesso muito fácil a internet, a galera conseguir soltar nossa parada no Spotify através de uma conta que nem é nossa, ver tudo aquilo acontecendo da forma que foi, várias contas tomando posse da minha música e ir soltando, eu deixei de ganhar muito dinheiro. Foi um choque, mas eu agradeço muito porque tudo isso foi só o carinho da galera, a galera querendo muito ouvir a minha parada em todos os lugares.  WhatsApp, Youtube, enfim, compartilhavam em todos os lados minha música e eu ficava feliz, agradecido pelo carinho da rapaziada.

De que forma percebeu que as redes seriam o caminho para divulgar seu trabalho?

Quando eu compartilhei minha primeira prévia nas redes sociais, já rolava uma parada desse caminho. A galera já fazia live, já fazia vídeo nos Stories mostrando prévia. No momento que comecei a fazer isso, que foi na pandemia, a galera estava muito com os olhos virados para a internet, para novos nomes, para novas coisas nascendo e minha música trouxe uma coisa divertida para a rapaziada naquele momento, trouxe um conforto que eles estavam precisando. Foi muito bom mesmo ver toda aquele carinho. Tomava uma dimensão absurda. Um milhão de seguidores e eu nunca tinha pegado um voo, soltado uma música. Muito gratificante ver que tudo isso aconteceu como aconteceu.

Foto: Pedrita Junckes

Como foi entrar para o casting da 30PRAUM?

Foi uma realização muito importante para mim. Por já me identificar com o trampo do Matuê, do WIU, da gravadora em si, com a forma da galera trabalhar. Por ser um fã deles há muito tempo. Meu contato com o Matuê foi uma parada muito natural e também foi importante para me sentir mais confortável na minha chegada. E assim que eu cheguei vi minha coisa fluir de um jeito que eu não tinha visto, tomei um choque de realidade para o lado positivo, é claro. Só amadureci minha arte, minha música, consegui fazer o que eu queria fazer para o meu público. Foi muito bom, muito importante mesmo essa minha chegada na 30PRAUM.

Como é a cena do rap e do trap no Nordeste?

Graças a Deus a gente tem uma cena hoje muito boa no Nordeste com bons nomes para representar nossa área, para levar nossos ideais, trazer a nossa energia. É uma coisa que a galera percebe muito, nós do Nordeste fazemos um lance diferente da maioria da galera da cena, por conta do nosso sotaque, das nossas vivências serem diferentes da vivência da galera que é do Rio ou São Paulo, por exemplo. Eu como nordestino tenho prazer de sempre trazer na minha música, na minha arte, algo que seja inovador, algo que venha para somar, algo que seja para impactar a cena realmente por saber da importância da nossa terra no meio de tudo isso.

Acha que seu trabalho contribuiu para expandir o rap e o trap na região?

Diria que sim. Por eu ser de onde sou, de Jacobina, interior da Bahia, cerca de 300 Km de Salvador. Sempre onde eu vou ressalto de onde eu venho, ressalto o orgulho de ser nordestino. Eu sei da importância disso, o quão isso ainda está crescendo e ganhando espaço em meio ao Nordeste. Vi meu som rodar. Por todos os lugares que eu passo no Nordeste, por exemplo, vejo um carinho imenso da galera por mim, pela minha música. Vejo sempre alguém falando que mudei a vida dele de alguma forma. Então esse é o meu propósito, é fazer algo que faça diferença na vida das pessoas.

De que forma o pagode influenciou o seu trabalho?

Essa é uma pergunta muito chave. Sou da Bahia e cresci influenciado totalmente pelos ritmos que a galera costuma ouvir na região. Até meu próprio pai também ouve muito arrocha, pagode, axé, forró e isso com certeza soa até hoje na minha cabeça. Quando vou, por exemplo, para um estúdio ouvir um beat, eu tenho essas referências, percussões do pagode, uma virada que me remeta a algo que já ouvi. Eu levo isso muito em consideração para a minha música, para criar alguma coisa, para acrescentar uma percussão, um acorde no beat, um solo de guitarra. O pagode tá muito inserido na minha vida.

Foto: Pedrita Junckes

Quais são seus hobbies? O que gosta de fazer no tempo livre?

Sou um cara que quase nunca tenho tempo livre, mas gosto muito de estar próximo da família. Meu hobby favorito é ir para algum lugar com meus pais, com minha namorada, um restaurante ou fazer algo próximo a quem é verdadeiro, a quem eu considero importante para mim. Tenho outros hobbies também como jogar videogame, tocar violão, aprender algum instrumento novo, gosto sempre de estar aprendendo coisas.

Seu apreço por pets é conhecido, que animais tem?

Tenho três gatos, é uma mãe e dois filhos (risos), o Zeca, Jasmim e Rajá. Sempre fui fã de animais, são bichinhos que desestressam pessoas, fazem companhia, me ajudam a lidar com meus sentimentos quando preciso. Não tem como, os bichinhos são muito amor, são muito amor mesmo. Amo animais!

Quais são os próximos projetos?

Ultimamente estou trabalhando muito no estúdio, tenho me dedicado. Todo tempo que posso estou no estúdio para criar coisa nova, me conectar com novas pessoas, novas fontes musicais, coisas que me inspirem e que me ajudem a trazer novidades para meus ouvintes. Nesse meio tempo acabei produzindo alguns feats, colaborações com artistas da minha terra, por exemplo. Ainda não vou falar o nome dele aqui, mas joguei no ar essa daí! Estou com projetos do meu álbum também que está para sair este ano. Não tenho datas, mas posso garantir que tem muita versatilidade, muito sobre mim, muito sobre minha nova fase, muito sobre o que aprendi todo esse ano de estrada. Vou contar histórias dentro desse álbum e espero que isso seja uma coisa boa para meus ouvintes, porque eles estão precisando já de uma nova versão do Teto, do que é a minha vida, do que são meus ideais e do que eu espero para eles também.

O que diria a jovens que estão em início de carreira?

Eu diria a mesma coisa que eu disse pra mim quando etava lá no meu quarto tentando ser reconhecido, sei que muitos moleques se espelham na minha história, se inspiram no que eu fiz. O segredo do resultado tá na consistência da sua persistência. Quanto mais você persistir, acreditar em você mesmo, no seu potencial, no que você é capaz. Estar todos os dias ali estudando, aprendendo, testando, se corrigindo, isso é o que importa. Se você tem um sonho de viver da música, assim como eu tinha, persista mesmo, porque só você pode fazer por você. Não adianta gravadora, não adianta dinheiro, não adianta isso ou aquilo, é você! Inspire sua essência, seja você e vai conseguir o que almeja.

Foto: Pedrita Junckes

É ligado em moda? Se sim, o que gosta de vestir?

Sou um cara que procura sempre estar ligado no que está rolando na moda, atualizado, procuro estar presente em eventos também sempre que posso. Mas eu visto o que me cai bem, o que eu gosto de vestir, o que me sinto bem em vestir em cada ocasião. Na minha opinião é o que mais prevalece em relação a tudo isso. Sempre estou na moda.

Como cuida do corpo?

Para falar bem a verdade sou um cara que no meio dessa correria toda de show, de nunca estar parado em algum lugar, sempre que eu posso, tenho uma brechinha, procuro fazer alguma para me exercitar. Jogar um futebol com os amigos, correr na praia, qualquer coisa que seja. Até os próprios shows que faço, gasto muita energia e saio pingando do show. Consigo manter a minha forma ali, como eu posso, independentemente de não conseguir muito tempo. Gosto de sempre estar me divertindo, me movimentando, me agitando, não consigo estar parado.

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