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Galeria Contempo realiza mostra individual para Aldir Mendes de Souza

Obra de Aldir Mendes de Souza – Foto: Rene Vasques

Primeira exposição de 2023 na Galeria Contempo, “A Síntese das Coisas” reúne 28 obras de Aldir Mendes de Souza, pintor falecido em 2007. Com curadoria de Marcus de Lontra Costa, a mostra, que abre ao público em 24 de março, traz uma seleção de trabalhos das mais de quatro décadas de produção de Souza. De acordo com a galerista Monica Felmanas, que é sócia-proprietária da galeria ao lado de suas irmãs, Marcia e Marina, as telas – com dimensões variadas – impactam pela plasticidade cromática e precisão geométrica.

Aldir Mendes de Souza - Foto: Sergio Guerini

Aldir Mendes de Souza – Foto: Sergio Guerini

“As obras do Aldir dialogam com o nosso acervo. Autodidata como artista e cirurgião plástico por profissão, ele substituía os bisturis por pincéis para se expressar, dando vazão a seus sentimentos e criatividade”, diz. Para Marcia, esta individual ainda se reveste de um outro significado. “Acreditamos nesse revival de seu nome, jogando uma luz merecida em seu trabalho”, afirma.

Obra de Aldir Mendes de Souza – Foto: Rene Vasques

Opinião da galerista que também é compartilhada por Souza Filho, um dos herdeiros do pintor. “Essa mostra é um renascimento do trabalho dele. Sua trajetória de 45 anos foi muito prolífica, fez par com os grandes artistas de sua geração, participou de cinco edições da Bienal de SP e colocou sua obra nos maiores museus do País. Após sua morte não houve oportunidade de lançar um olhar sobre seu trabalho e levar ao público uma sinopse de seu legado artístico, somos uma família pequena e nenhum de nós tem traquejo no mercado de arte. Após longos anos em que sua obra saiu do circuito das artes, poder ver sua obra exposta novamente em uma grande galeria e sob os cuidados do Marcus Lontra é um facho de luz”, contextualiza.

Obra de Aldir Mendes de Souza – Foto: Rene Vasques

Regência geométrica

Em relação ao recorte escolhido para esta mostra, o curador afirma que foi feito a partir de um acervo preservado pelos familiares. “Procuro apresentar um pequeno resumo de toda a trajetória do artista nesta exposição que deve ser vista não apenas como uma recolocação do Aldir no mercado de arte paulista e brasileiro, mas como um convite para que seja organizada uma exposição maior, com mais de cem obras, numa grande retrospectiva, que ele certamente é merecedor”, avalia Costa.

Obra de Aldir Mendes de Souza – Foto: Rene Vasques

Em sua análise, ele prossegue: “O Aldir é um artista muito interessante, porque ele tem uma trajetória que começa com uma pesquisa de vanguarda e num certo sentido vai se sedimentando como artista que busca uma relação entre essa estrutura geométrica oriunda dos movimentos modernistas e essa clareza gráfica pop. Um artista que vai pouco a pouco desprezando essa vertente modernista para se firmar como artista da tradição pictórica, pesquisando aspectos relacionados a espaço e, principalmente, cor. Tudo no Aldir se rege por uma geometria básica da composição, sobre a qual ele estabelece uma pesquisa sensível sobre a cor. Uma ideia de cor particular que dialogue com os aspectos populares e tropicais do Brasil, mas, ao mesmo tempo, que seja sofisticada e bem elaborada. Sem dúvida, é um artista que tem uma presença na construção da identidade diversificada da arte brasileira que merece ser lembrado e relembrado”, pontua.

Obra de Aldir Mendes de Souza – Foto: Rene Vasques

Conforme enfatiza em seu texto curatorial, Costa afirma: “Entre a figuração e o abstrato, entre a composição racional e a liberdade cromática, a obra pictórica de Aldir Mendes de Souza recusa modismos e reafirma a sua atemporalidade. Tudo aqui conspira em busca da beleza essencial dos seres e das coisas da terra. A sua clareza gráfica e a definição de espaços a serem povoados pela cor identificam uma ação oriunda de uma racionalidade industrial que encontrou eco na pop internacional que transformou a utopia modernista em ruínas do passado. Ao mesmo tempo, corajosamente abraça a tradição e reafirma a autonomia da linguagem cromática que o aproxima de Tarsila, Volpi e Carvão, construtores de uma poética da cor que nasce da sensibilidade popular para se afirmar como estratégia de sofisticação artística. Assim, toda pintura de Aldir Mendes de Souza é a precisa síntese entre a tradição e o novo, entre a racionalidade e o mistério”.

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