Exposição que celebra a visibilidade trans acontece na sede do Casarão Brasil LGBTI, em São Paulo – Foto: Divulgação
A celebração da dignidade, alegria, pertencimento e beleza, no espetáculo e no cotidiano, é a matéria-prima da exposição de fotografias “Visibilidade Trans”, apresentada na sede do Casarão Brasil LGBTI, aberta ao público em geral, sem limite de idade e de gênero. A mostra do fotógrafo Ricardo Durand pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, no Centro de Cidadania LGBTI Cláudia Wonder, localizado na Avenida Ricardo Medina Filho, nº 603, na Lapa, em São Paulo, até 28 de fevereiro.
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A seleção das 30 imagens, emolduradas e iluminadas, foi feita em conjunto pelo diretor do Casarão Brasil, Rogério de Oliveira, pela curadora Mariana Macário e por Durand, a partir dos quesitos diversidade de expressão, estilo e pertencimento ao conjunto da proposta. A montagem foi feita com a impressão das fotografias para exibição.
Cada fotografia terá legenda para expressar de forma mais intensa o que cada mulher trans retratada transmite através da sua luta, não mais silenciada, mas reconhecida e conhecida. O local dispõe de acessibilidade.
“Visibilidade Trans” inclui fotografias realizadas entre 2018 e 2022, em quatro ocasiões diferentes: na celebração do Mês da Visibilidade Trans no Centro de Cidadania LGBTI Cláudia Wonder (janeiro de 2021) e no Centro de Acolhida do Casarão Brasil em Interlagos (novembro de 2022).
HOMENAGEM
Segundo Durand, os registros e retratos foram capturados em contextos diversos, influenciando diferentes técnicas fotográficas. As fotografias do Mês da Visibilidade Trans no Centro de Cidadania LGBTI Cláudia Wonder tiveram como foco retratos das integrantes da comunidade atendida pelo Centro em situação cotidiana, buscando comunicar autenticidade e dignidade. “Montamos um estúdio com fundo e iluminação controlada, para transmitir sobriedade e elegância”, diz o fotógrafo.
No Centro de Acolhida do Casarão Brasil, em Interlagos, os retratos mostram as pessoas sendo atendidas, com luz e estúdio.
Individualmente, cada fotografia homenageia as pessoas retratadas em sua altivez, autoexpressão e valor humano, segundo o fotógrafo. “Os registros também celebram esses encontros, que dão sentido de comunidade a um grupo inúmeras vezes marginalizado”, alega. No conjunto, a mostra comemora a beleza e a dignidade. “Revela o encantamento das noites de glórias, com as estrelas do show brilhando e a atmosfera eletrizante”, diz Durand.
Ao mesmo tempo que manifesta glamour e comemoração, a mostra traz retratos em preto e branco feitos em uma tarde comum, exibindo a beleza cotidiana. “É uma lembrança de que o valor de cada vida não depende de palco e holofotes, e um pedido para que a dignidade não se dissipe ao apagar das luzes. As fotografias contam a vida de muitas pessoas trans, que, em tanta diversidade de experiências, passam por coisas infelizmente comuns”, aponta o fotógrafo.
PODER DA FOTOGRAFIA
Durand explica que em 2017, ao fotografar uma ocupação em prol da luta por moradia, teve o primeiro contato com o movimento LGBTQIA+. Desde então ampliou o contato com esse universo, que define como repleto de delicadeza e alegria, apesar das muitas dificuldades impostas por pessoas que relutam em enxergar e respeitar esse grupo.
“A fotografia tem o poder de trazer à tona universos que são invisibilizados pela sociedade, buscando levar esse tema para o centro do debate. Esse poder guia meu trabalho e acredito que qualquer pessoa que tenha contato com a mostra será tocada pela força, criatividade e nobreza dessas pessoas, se abrindo para um compromisso de respeito por toda forma de existência”, afirma o fotógrafo.