Cultura

“O Cego e o Louco” faz curta temporada no Teatro Sérgio Cardoso

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Cena de “O Cego e o Louco”- Foto: Divulgação

Estreia no dia 20 de janeiro, no Teatro Sérgio Cardoso, na sala Paschoal Carlos Magno, o espetáculo “O Cego e o Louco”, protagonizado por Alexandre Lino (Nestor) e Daniel Dias da Silva (Lázaro), com texto de Claudia Barral e direção de Gustavo Waber. Essa é a primeira vez que esse texto é montado na cidade de São Paulo. A peça fará temporada de sexta à domingo, às 19h.

No espetáculo, Nestor é um pintor cego, de personalidade forte, que, apesar da deficiência visual, domina o frágil e taciturno Lázaro, alguns anos mais jovem, com quem divide a solitária rotina em um apartamento decadente. Entre os dois se estabelece uma dinâmica própria, eventualmente perversa, em que o cuidado fraterno cede lugar ao rancor desenfreado, mas também com momentos e situações inusitadas e divertidas. Até que a chegada de Lúcia, uma encantadora vizinha que se mudou recentemente para o prédio, ameaça desestruturar essa relação. Eles a convidam para uma visita e é nessa noite de espera que a montagem se concentra, quando os traumas do passado dos irmãos vêm à tona, embalados por delírios, sonhos e culpas, levando a um final surpreendente.

“A peça toca em temas universais, como os limites e barreiras que nos impomos durante a vida e que, muitas vezes, nos impedem de sermos felizes, de ir em busca do que acreditamos. O texto é extremamente poético, com momentos de riso e de reflexão e uma reviravolta, que provoca no espectador o desejo de ver a peça mais uma vez.”, salienta Dias da Silva, sem entrar em detalhes sobre os mistérios que une os dois personagens.

“Montar essa peça é um desejo de muitos anos. Apesar de ter apenas 16 páginas, o texto é de uma carpintaria teatral que poucas vezes vi, cada fala do espetáculo é carregada de poesia e de camadas, que o espectador vai saboreando e desvendando com prazer”, ressalta o ator e produtor, que há muito tempo vem ensaiando apresentar a produção da Lunática Companhia de Teatro em São Paulo. E não podia ser em melhor momento: o grupo acaba de comemorar dez anos de criação, colecionando várias peças de sucesso no currículo, como “O Princípio de Arquimedes”, “Matador” e “Esse Vazio”.

Dias da Silva está com agenda cheia, acumulando a função de ator e diretor de diversos outros títulos de sucesso, como o musical “Charles Aznavour – um Romance Inventado”, com Sylvia Bandeira e Maurício Baduh, que acaba de completar um ano em cartaz no Rio de Janeiro, visto por mais de 10 mil pessoas, com texto de Saulo Sisnando, que também assina um dos próximos projetos de Dias da Silva para 2023: o espetáculo “Desertos”.

Lino, que já viveu um deficiente visual no espetáculo “Asilo Paraíso” e dirigiu “Volúpia da Cegueira”, com atores cegos no elenco, tem intimidade com o tema e, para ele, a volta aos palcos é motivo de celebração. Após lotar os teatros com Valdisnei, o simples e intrometido protagonista da comédia “O Porteiro”, ele acaba de concluir as filmagens do longa-metragem inspirado no personagem, com lançamento previsto para 2023.

Depois de duas temporadas de sucesso no Rio e de passar por festivais e mostras, incluindo a última edição do Festival Nacional de Teatro de Ribeirão Preto, ele garante que trazer o espetáculo “O Cego e o Louco” para os palcos paulistas tem um sabor especial.

“Desde a nossa estreia em 2019, a gente ensaiava trazer o espetáculo para São Paulo, onde vive a autora Claudia Barral e o nosso diretor Gustavo Wabner, mas com a pandemia, tivemos que adiar nossos planos. Mas, finalmente, vai acontecer!! Estamos ansiosos para compartilhar com o público paulista esse trabalho”, comemora Lino.

Wabner também está vibrando com o retorno. Ele, que tem no currículo a direção das montagens de “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos – em que a atriz Luisa Thiré homenageia a avó Tônia Carrero – e da comédia “Sylvia“, de A. R. Gurney, tem se dividido entre a direção e a atuação: recentemente fez parte do elenco da elogiada produção de “Longa Jornada Noite Adentro”, com direção de Sergio Módena e atualmente vive o emblemático personagem Quico, no premiado espetáculo “Chaves – um Tributo Musical”, com direção de Zé Henrique de Paula.

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