Cultura

Museu de arte urbana ao ar livre chega ao centro e periferia de São Paulo

Share

Empenas no bairro do Bixiga feitas pelas artistas Nazura e Auá | Foto: Valmir Rodrigues

De Argentina a Manaus, passando pela Bahia, oito artistas de arte urbana, com diferentes trajetórias e territórios, agora se encontram nas ruas de São Paulo. A produtora de artes Gentilização inaugura um novo museu de arte urbana a céu aberto em bairros centrais e periféricos da cidade, visando um acesso direto à arte.

SIGA O RG NO INSTAGRAM

As oito obras abordam a inclusão, ancestralidade, espiritualidade, acolhimento, entre outros diálogos, que levam mais cor, leveza, diversidade e conexão para o olhar sob o concreto das ruas. O projeto é financiado pelo MAR (Museu de Arte de SP), da Secretaria Municipal de Cultura.

ARTE COM PROPÓSITO

Em tempos tão doloridos de nossa história recente, o propósito do artista Felipe Yung, (Flip), é acolher. O desenho foi desenvolvido entre o artista e seu filho Bento, um menino autista. Com as cores do arco-íris, a arte representa um acolhimento à diversidade e à aceitação, além do acolhimento entre pai e filho. O muro pode ser visto na Zona Leste, no Céu José Bonifácio – Jardim São Pedro.

Mural do artista Flip | Foto: Chu Juke

A relação familiar também é vista na obra da argentina Lela Monsegur, muralista e artista visual com artes espalhadas pelos muros da Europa e da América Latina. A obra de Lela, chamada “Bordado de Memórias”, faz menção ao bordado como uma tradição artesanal, que se ancora na passagem de conhecimentos entre as gerações, principalmente entre as mulheres. Alinhada à luta pela preservação do meio ambiente, a artista utiliza tintas ecológicas no mural.

Mural da artista Lela | Foto: Valmir Rodrigues

A relação entre as mulheres também é vista na obra “Ancestralidade”, da paulista Mimura Rodriguez. A arte traz a representação dos aprendizados trocados através do cuidado. “Falar sobre ancestralidade é algo que nos remete ao passado mas pra mim é também tecnologia para criarmos futuro. Nossa existência é circular e honrar a luta de nossas mais velhas é vivermos de forma plena por nós e pelas nossas mais novas”, conta a muralista. A obra foi estampada no CEU Butantã.

Mural da artista Mimura | Foto: Lucas Camaleão

Para o baiano Ógbá, as raízes também são importantes. Nascido em Ipiaú, uma cidade baiana banhada por rios, recentemente, o artista mergulhou nas memórias familiares em suas obras. Por meio de um resgate ancestral, Ógbá mescla as influências africanas e baianas com o cotidiano de São Paulo, cidade onde reside atualmente, para retratar o protagonismo negro. Em sua nova arte, chamada “A Trabalhadora”, ele dá visibiliza aos profissionais da reciclagem.

Mural do artista Obgá | Foto: Valmir Rodrigues

No CEU Butatã também está a obra “Real”, do artista Pegge, que retrata a representatividade de heróis negros no basquete mundial e como essa representatividade ajuda a criar sonhos e protagonismo nas crianças pretas que também querem jogar. “Com a arte, elas podem ver astros que se pareçam com elas serem aclamados”, conta.

A negritude também está presente nas obras da Nazura, da Zona Leste de São Paulo. Em “A Força que a Voz tem”, a artista representa a conexão feminina negra com as energias de mudanças necessárias para existir e resistir em ambientes violentos e coloniais. A arte está na Rua Jaceguay, 581, no bairro do Bexiga.

Diretamente de Manaus, a indígena Auá assina a obra “Ãgawara-itá mukatúru: As encantadas protegem”. A arte mergulha na espiritualidade dos povos originários para representar a proteção da grande Deusa. “É uma arte sobre conexão, demarcação, respeito, proteção. É para que eu nunca me esqueça de tudo que foi feito para que eu estivesse viva, ontem, hoje e sempre”.

Mural da artista Carolina | Foto: Valmir Rodrigues

Nas imediações de Guarulhos e São Miguel Paulista, a arte de Carolina Itzá fala sobre a atuação das mulheres em territórios periféricos. A artista, de ascendência amarela, traz também para o mural a perspectiva do ideograma chinês “Jing – O caldeirão”, que tem, entre seus significados, o alimento material e espiritual. A ideia da arte é ser um registro sensível da história da organização das mulheres em associações de bairro, nas lutas por moradia e creche, entre outras importantes conquistas que estruturaram as periferias urbanas. A arte está na Rua Papiro do Egito, 1984 – Ermelino Matarazzo.

últimas notícias

  • Cultura

Natiruts anuncia despedida da banda com turnê pelo Brasil

Após 28 anos, Natiruts anunciou o encerramento da banda com turnê de despedida, nomeada como "Leve com Você". O grupo,…

26.02.2024
  • Cultura

“O Diabo Veste Prada”: Anne Hathaway, Meryl Streep e Emily Blunt se reúnem no SAG Awards 2024

Para matar a saudade, o SAG Awards 2024 uniu novamente Meryl Streep, Emily Blunt e Anne Hathaway após 18 anos…

24.02.2024
  • Moda

Seis looks icônicos de Sofia Richie durante a gestação

Sofia Richie Grainge anunciou que está grávida de seu primeiro filho com o marido, Elliot Grainge. A notícia foi divulgada…

22.02.2024
  • Cultura

Roger Federer ganhará documentário dirigido por Asif Kapadia

A Amazon Prime Video fará a produção de um documentário sobre um dos maiores tenistas da história: Roger Federer. De…

19.02.2024
  • Cultura

BAFTA 2024: “Oppenheimer” é o grande ganhador; veja todos os premiados

Uma noite de glória no BAFTA, premiação de cinema britânica conhecida como um "termômetro" para o Oscar. O filme “Oppenheimer”…

18.02.2024
  • Gossip

Bruno Mars inaugura “The Pinky Ring”, seu bar em Las Vegas

Bruno Mars acaba de abrir um novo lounge de coquetéis, nomeado como "The Pinky Ring", no prestigiado Bellagio Resort &…

16.02.2024