Mateus Honori vive o histórico Jararaca, braço direito de Lampião – Foto: Iago Barreto
O ator Mateus Honori é um dos destaques da nova produção nacional da Netflix, “O Cangaceiro do Futuro”, que chega ao catálogo do streaming neste domingo (25.12). A história acompanha um homem que, após uma pancada na cabeça, acorda em 1927, e descobre ser sósia de Lampião, decidindo tirar proveito do caso. Na série, Honori dá vida ao histórico Jararaca, braço direito e amigo pessoal do cangaceiro.
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“No momento ele está envolvido com o bando para descobrir quem está se passando por Lampião e aprontando pelo Sertão em nome do Rei do Cangaço. É um cara muito sagaz, e tenta convencer o chefe a tomar atitudes mais estudadas, como não ir agora para Mossoró, mas Virgulino (Lampião), furioso com o farsante, faz todo o possível para encontrar o mentiroso que veio do futuro”, explica.
De cangaceiro a santo popular, José Leite de Santana, o Jararaca, realmente existiu. Ele foi um ex-militar do exército brasileiro que se tornou chefe da artilharia e da cavalaria do cangaço. Homem de confiança de Lampião, foi atingido durante a invasão a cidade de Mossoró, em 1927. Mesmo gravemente ferido, sobreviveu uma semana na prisão, foi usado como troféu por amplos setores da sociedade.
“A história conta que ele foi levado ao cemitério, e num ato de extrema crueldade foi obrigado a cavar sua própria cova. Na hora final, o jovem cangaceiro, que foi enterrado vivo, teria se redimido de seus erros e desde então vários milagres foram atribuídos a ele. Até hoje seu túmulo recebe flores, velas, oferendas, pedidos e agradecimentos pelas graças alcançadas”, conta o ator.
Além de Lampião (Edmilson Filho) e Jararaca (Mateus Honori), o bando é composto por Brinquedo do Cão (André Campos) e Cascavel (Ilton Rodrigues). Assim como Honori, os demais atores são naturais do Ceará, o que realça a importância de investir em mais produções nordestinas.
“É algo que me dá um orgulho imenso. Como diz Vander Lee, ‘amar o Brasil é fazer do sertão a capital’. Valorizar as raízes e reafirmar nossa identidade é fundamental para que a gente mostre todo o potencial que o nosso povo tem. A força e a coragem nordestina é algo que deve ser mostrado para todo o mundo. Vivemos em um momento de descentralização das narrativas, e fazer parte disso, representando com tanta verdade e respeito o nosso povo me enche de alegria e esperança”, afirma.
Para quem não quer esperar, o ator também está em “Cabeça de Negô”, disponível no Globoplay. O longa acompanha a história de um jovem engajado na causa estudantil que, após sofrer insultos na escola, decide começar uma ocupação no local.
“Foi emocionante de várias formas. Sou um cara preto, da periferia. Estudei em escola pública e conheço de perto a realidade que o filme mostra. O descaso, por parte do governo, em apostar em uma juventude tão potente quanto a nossa. As escolas caindo aos pedaços, comida do lanche vencida, material didático ultrapassado, evasão escolar, entre tantos outros problemas. Me identifico muito com meu personagem porque ele representa uma parte da minha própria história.”
Cria de um projeto social, começou cedo a carreira artística. Desde seus seis anos de idade tocava clarinete, e a partir dos onze iniciou no teatro. Além de atuar, também é músico, participando inclusive de concertos com a Orquestra Sinfônica de Ouro Preto.
“Na verdade tudo era uma grande brincadeira, mas eu sempre soube que queria estar no palco e nas telas. Desde pequeno escrevo e tive a sorte de ser incentivado pelos meus diretores a escrever também, além de atuar. Mais tarde conheci o Hiroldo Serra, meu professor de teatro, que me chamou para fazer parte de seu grupo, a tradicional Cia Comédia Cearense. De lá pra cá venho me aventurando nesse mundo.”