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5 artistas para ficar de olho em 2023

Por Gisela Domschke

“Pelanca” (2022), de Thiago Barbalho). Lápis de cor, lápis grafite, caneta esferográfica, marcador
permanente, óleo, pastel, acrílica, e spray sobre papel, 225cm x 200cm – Foto: Flavio Freire

Pedimos para a curadora Gisela Domschke nos indicar cinco artistas para prestarmos atenção em 2023. A lista é viva e diversa – desenhos, pinturas, performances, esculturas, vídeo e instalações. Veja abaixo!

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Ana Clara Tito – @aclaratito

Sem Título, 2021, de Ana Clara Tito. Concreto, rede metálica, rede plástica, impressão
fotográfica, 40 × 30 × 4 cm – Foto: Ana Pigosso

A produção de Ana Clara Tito revela o interesse pelos campos da arqueologia e arquitetura, transformando materiais de canteiro de obra em trabalhos escultóricos, instalativos e fotográficos. A artista estabelece uma conversa com os materiais recolhidos, na busca de uma certa história, ou um certo desejo. Esse interesse pelo íntimo, já presente nas imagens fotográficas, se estende pelas entranhas dos materiais – o ferro, aquilo que está dentro. Uma pesquisa que pensa a relação corpo-construção, e encontra na estrutura interna a forma de transformação.

A artista participou do Programa Formação e Deformação, da EAV Parque Lage, da residência Raquel Trindade, no Instituto de História e Cultura Afro-Brasileira e da residência MAM – Capacete. Nos últimos anos, integrou exposições coletivas no Museu de Arte do Rio, Valongo Festival Internacional da Imagem, Galpão Bela Maré, Solar dos Abacaxis e em outros espaços de arte do eixo Rio Janeiro-São Paulo. Realizou exposições individuais da Fundação de Artes de Niterói, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Centro Cultural São Paulo e no MAM Rio (projeto Supernova, 2021). É também cofundadora e integrante do movimento Nacional Trovoa.

Zé Tepedino – @zetepedino

“Avesso II” (2022), de Zé Tepedino. Lonas e costura, aprox. 250 x 250 cm

Vida e arte se entrelaçam na produção de Zé Tepedino através de um rearranjo dos objetos que nos cercam. Ações, assemblages, instalações e pinturas expandidas acontecem através desta poética do cotidiano, com alguma ambiguidade. Nesse processo, a forma é algo que merece a atenção do artista, mas ali a matéria respira – ou voa.

O artista tem formação em comunicação visual, é surfista e participou de várias exposições coletivas, como ”If I were you”, Espaço Kupfer, Londres(2022); “O Cru e o Cozido”, curadoria de Pollyana Quintella, Galeria Athena, Rio de Janeiro (2022); “Heat,”, curadoria de Victor Gorgulho, Galeria Quadra, Rio de Janeiro (2022); “Sol”, curadoria de Alexandre da Cunha, Marli Matsumoto Arte Contemporânea, São Paulo (2022); “Saravá”, Anita Schwartz, Rio de Janeiro (2022); “Abre Alas 17”, curadoria de Maxwell Alexandre e Pollyana Quintela, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro (2022); entre outras.

Thiago Barbalho – @thbarbalho

Thiago Barbalho

“O ninho não foi visto: nasceu” (2021), de Thiago Barbalho. Lápis de cor, lápis grafite, caneta
esferográfica, óleo e marcador permanente sobre tela, 30 cm x 40 cm – Foto: Filipe Bernt

Tudo acontece nos desenhos de Thiago Barbalho – lápis de cor, grafite, spray, óleo, pastel oleoso e marcador são alguns dos materiais que o artista usa para a criação dessa libido visual. A intensidade de cores, formas, elementos do corpo capturam mais que nosso olhar. Muitos gestos e escolhas na construção dessas cosmogonias psicodélicas em grandes folhas de papel. Já na tela, num tamanho mais íntimo, esse aspecto pop encontra sua vibração espiritual.

“Os trabalhos em tela começaram a surgir depois que eu me mudei pra uma casa na mata… levando esses elementos da natureza, eu fui então depurando até chegar em uma coisa muito mais densa e elementar.  São personagens, são retratos, mas são também paisagens de um universo que se define, se faz, que se forma e que se transborda e derrama a si mesmo para formar outros elementos”, diz o artista, que é também escritor, no vídeo produzido para sua primeira individual na galeria Nara Roesler.

Seu trabalho tem sido reconhecido tanto no contexto nacional,  com uma obra recentemente adquirida e exposta pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, quanto internacional, sendo o único artista brasileiro a integrar o compêndio de desenho contemporâneo Vitamin D3, editado pela Phaidon em 2021. Seus trabalhos podem ser vistos na exposição individual “Depois que entra ninguém sai”, com curadoria de Raphael Fonseca, em mostra na galeria Nara Roesler até 28 de janeiro, no Rio de Janeiro.

Ana Mogli Saura – @bixa_loba

“Rastres negres en libertad” (2021), de Mogli Saura. Fotografia, 29.7 x 21 cm

Mãe e nômade, Ana Mogli Saura performa, compõe, canta e dança. Atualmente, reside no extremo sul paulistano.

“Somos apenas corpas descansando nas sombras da vida. (…) Fico pensando nessa dança que nunca se forma em uma narrativa linear, e todos os processos que vão se desencadeando, lugar a lugar, questão a questão, se dissolvendo e se deformando enquanto ‘lugar’ e ‘questão’ (…) Pura potência, pura fragilidade (…) Quando realmente deixamos as máscaras se borrarem e vemos que essa fragilidade existe linda e visceral, é ai que tenho visto as minhas potências. Ainda que eu dance o afeto de um acontecimento, o momento de criação do acontecimento presente é o que é. Para mim a sensação disso é tanto simples (…) já me leva a outro movimento do corpo, mente, espaço, tempo, limite. E eu sinto também que só de trocar essas palavras com você, minha dança já é outra. Essa escrita já é dança. Gostaria que você me visse dançando”, diz Mogli Saura em “Textos de Kaos #1 (Anti-Projeto Anarco Fake).

A artista incorpora em sua pesquisa as linguagens clown, butoh, pós-pornô, body art e música experimental, vislumbrando possibilidades resilientes de vida (inumana, pós humana e não-humana). Integrou iniciativas coletivas como Coletivo Coiote, Anarcofunk, Bloco Livre Reciclato, NúcleodeCaos e Exército de Palhaços. Em 2022, participou de exposições no CRAC Alsace (Altkirsh-França), Centro Cultural São Paulo (São Paulo-Brasil), Konsthall C (Estocolmo-Suécia), Kupfer Project (Londres-Inglaterra), Mostra 3M de arte (São Paulo- Brasil), 55SP (São Paulo-Brasil), Art Sampa (São Paulo-Brasil), Instituto de Arquitetos do Brasil (São Paulo-Brasil) e Pinacoteca Barão de São Ângelo – instituto de artes UFRGS (Porto Alegre-Brasil). Integrou nesse ano as residências La Secuela (Latino América), Ateliê Trans Futuridades (Brasil), Tiração (São Paulo- Brasil) e Casa Elke (São Paulo-Brasil).

Janaina Wagner – @janainawagner

Janaina Wagner trabalha com vídeo, fotografia, cenografia, desenho e instalação. A artista desenvolve seu trabalho através de um processo de “decupagem”, rearticulando imagens e textos já inseridos na circulação midiática. Sua pesquisa investiga as maneiras pelas quais os humanos impõem sistemas de ordem e controle sobre o que os cerca. Através da apropriação de narrativas, Wagner oferece uma reflexão sobre como as noções de progresso e legado são articuladas através de uma constelação de histórias, fatos, imagens, contos e memórias.

Atualmente doutoranda no Le Fresnoy-Studio National des Arts Contemporains, na França, participou das residências artísticas Gasworks (UK), VISIO – European Programme on Artists’ Moving Images (IT), FID Campus – Festival International de Cinema de Marseille (FR), Bolsa Pampulha (BR), PIMASP – Museu de Arte de São Paulo (BR), Red Bull Station (BR), Casa Tomada (BR) e Anarcademia W139 (NL). Dentre as principais exposições, destacam-se as individuais With burning love – Villa Belleville (FR) e Decupagem/ Crônica de um final anunciado – Museu de Arte de de Ribeirão Preto – MARP (BR); e as coletivas Ensaio de Tração – Pinacoteca do Estado de São Paulo (BR); Garganta – CIAJG – Centro Internacional das Artes José de Guimarães (PT); Aliens are temporary – Kunstraum Kreuzberg/Bethanien (DE); Casa Carioca – MAR – Museu de Arte do Rio de Janeiro (BR) e 4o Prêmio EDP nas Artes – Instituto Tomie Ohtake (BR). Janaina Wagner vem participando de diversos festivais nacionais e internacionais de cinema, como Mostra de Cinema de Tiradentes (BR); Festival do Rio (BR); 25 FPS festival (SL); Encounters Film Festival  (UK); Vienna Shorts (AT) e Short Waves (PL).

Seu primeiro longa metragem, o documentário experimental “A Mala da Noite”, acaba de ser anunciado como um dos dez selecionados para a Berlinale DOC Station – Talents 2023.

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