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Judas Priest + Pantera: bandas icônicas transformam o passado em presente em SP

Por Gustavo Silva

Pantera – Foto: Divulgação

“Clássico é clássico, e vice-versa”, já diria o pensador do futebol. Em contexto de Copa do Mundo, o bordão é mais do que válido para ilustrar o show de Judas Priest e Pantera em São Paulo nesta quinta-feira (15.12), em data que antecede o domingo de Knotfest, evento desenhado pelo Slipknot que chega ao Brasil para sua primeira edição e tem as três bandas em seu line up.

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Poucas bandas foram mais populares e importantes para a música pesada nos anos 90 do que o Pantera. Parece que foi ontem, mas já se vão 30 anos de influência para toda uma geração de grupos e movimentos que surgiram de lá para cá e que apostam em ritmos e sons tão pesados quanto violentos. Toda essa relevância até os dias atuais leva em conta que o grupo norte-americano viveu um hiato de duas décadas – a última apresentação, até a reunião, foi em 2001.

‘Hiato’ e ‘reunião’, inclusive, são termos controversos para se referir à nova formação do Pantera. Isso porque dois membros-fundadores, os irmãos Dimebag Darrell e Vinnie Paul, mortos em 2004 e 2018, respectivamente, são, na visão de muitos, insubstituíveis. Mas Charlie Benante, baterista do Anthrax, e Zakk Wylde, parceiro de décadas de Ozzy Osbourne, representaram muito bem aqueles que se foram – o guitarrista apelando mais para liberdades poéticas, com interpretações próprias principalmente em solos, enquanto nas baquetas, Benante parece ter estudado com mais afinco todos os grooves do saudoso ex-titular do posto.

Pantera: Foto: Divulgação

Nos shows do Brasil, fica difícil defender a ideia de que o Pantera vive uma reunião. Afinal, apenas Phil Anselmo, com seus vocais intensos e graves, beirando os guturais em alguns momentos, carrega a chama daquela banda que tomou o mundo de assalto nos anos 90. O baixista Rex Brown, após contrair Covid-19 na semana anterior, foi substituído de última hora por Derek Engemann, de fama no underground metálico ao lado do Cattle Decapitation.

Seja uma reunião ou um tributo, o público conferiu uma enxurrada de clássicos. Da abertura com “A New Level” ao fechamento com “Cowboys from Hell”, passando pela velocidade descomunal de “Hostile” à pedrada “Walk”, os ânimos só acalmaram quando a banda prestou homenagem ao Black Sabbath (e aos irmãos Vinnie e Dimebag, exibidos em telão) em “Planet Caravan”, música que fora gravada pelo Pantera no álbum “Far Beyond Driven”, de 1994.

Judas Priest – Foto: Divulgação

Se o Black Sabbath é considerado o pai do heavy metal, o Judas Priest pode ser visto como o tio-irmão do estilo, tamanha sua relevância e respeito no gênero. Celebrando 50 anos de carreira, e na esteira da recente inclusão no Rock ‘n’ Roll Hall of Fame, o grupo britânico, naturalmente, entra em palco com o jogo ganho, mas sempre na expectativa de goleadas.

Aos 71 anos, Rob Halford lidera o Judas Priest como um menino, uma espécie de Mick Jagger do metal que compensa a falta de gingado com o carisma de quem sabe que ajudou a definir toda a estética do gênero. Couro, brilho, spikes, moto em palco (em “Hell Bent for Leather”) e aqueles agudos que muitos imitaram ao longo das décadas, mas que poucos alcançaram com a classe do “cara gay da banda” -nas palavras de Halford em seu discurso no Hall of Fame.

Judas Priest – Foto: Divulgação

Privilegiando faixas dos discos “Screaming for Vengance” (“Eletric Eye” e “Devil’s Child” como destaques absolutos) e British Steel (os hinos “Metal Gods”, “Breaking the Law” e “Livings After Midnight”, além de “Steeler”), o setlist foi um presente a todos que acompanham a história do conjunto, que ganhou novo fôlego com os jovens (comparativamente falando) Richie Faulkner (42 anos) e Andy Sneap (53) nas guitarras, impecáveis em solos complicadíssimos. Igualmente brilhante em sua performance, o baterista Scott Travis brilha na avassaladora “Painkiller”.

Uma noite de Judas Priest e Pantera é uma celebração ao passado, mas sem cheirar mofo ou trazer sentimentos nostálgicos de tempos melhores de décadas atrás. Clássicos, afinal, resistem ao limite do tempo justamente por estarem sempre alinhados com o presente.

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