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DJ Camilla Brunetta fala sobre carreira e machismo na música eletrônica

Camilla Brunetta – Foto: Tinoco

Em um meio antes dominado praticamente apenas por homens, cresce cada vez mais o número de DJs mulheres, principalmente na cena eletrônica, e que se destacam nas pistas e nas playlists. Porém, como em todo mercado de trabalho historicamente machista, existe uma cobrança maior sobre elas para provarem seus talentos, e sempre têm que fazer mais do que é esperado dos DJs masculinos. Comentários duvidosos sobre o talento dessas mulheres ainda acontecem.

Apesar das dificuldades, já em 1954, a dinamarquesa Elsa Marie Pade foi uma das pioneiras da música eletrônica mundial e a compositora Wendy Carlos foi uma das primeiras a utilizar sintetizadores em suas canções.

Entre os destaques atuais e que também enfrenta as dificuldades por ser uma mulher entre a maioria formada por homens, está a carioca Camilla Brunetta. Com dez anos de carreira, ela é uma das DJs femininas mais solicitadas do Brasil, e será um dos destaques do Festival Lollapalooza Brasil, que acontece no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Camilla Brunetta – Foto: Tinoco

“Já sofri preconceito muitas vezes, e vem de forma velada. Já passei por situações de DJs homens que ficaram literalmente atrás de mim, observando e analisando se ‘eu toco bem’. Já tive DJ, que era amigo pessoal do contratante, pedindo para me tirar mais cedo do palco, no meio do show; já ouvi de outro ‘até que para uma mulher você toca muito bem’”, comenta a artista, dona do remix “Várias Queixas”, do trio Gilsons, que se tornou um dos singles mais ouvidos em 2020, e já lançou singles autorais, como “Hacer Maldade” e “Vai Sentar”, e no ano seguinte, foi a vez do “Nesse Piquezin”.

Autodidata, Camilla Brunetta começou a carreira tocando hits das décadas de 1990 e 2000 em festas para os amigos. Em 2012, criou a festa Vambora, onde começou a mostrar seu talento para um público cada vez maior. “Na época, não existiam profissionais que tocassem o que eu gostaria para o line up. Então, eu e minha sócia começamos a nos aventurar como DJ na nossa própria festa. Na primeira edição, demos sold out para 700 pessoas em uma boate na Lagoa, no Rio. A partir daí, não paramos mais. Seguimos com o evento por aproximadamente oito anos até que decidimos dar uma pausa”, relembra Camilla, que com o passar dos anos foi agitando as festas mais badaladas do Rio de Janeiro e dominando as pistas de música por todo País.

Camilla Brunetta – Foto: Tinoco

Ela já foi headliner no projeto Tardezinha, residente dos Camarotes Rio (Sapucaí), Itaipava (Sapucaí) e parte do line up do Réveillon Mil Sorrisos (Bahia) e Réveillon dos Milagres (Alagoas), entre outros. “Tento levar sempre muita energia para as minhas apresentações. Me entrego de cabeça na hora do show e, ao meu ver, o que diferencia cada artista é a sua performance no palco e sua troca com o público. Afinal, a música pode até ser a mesma, mas a entrega do artista tem que ser única. Normalmente, produzo remixes exclusivos para tocar nos shows, o que também é um diferencial das minhas apresentações”, explica.

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