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Taly Cohen cria obras inspiradas em mulheres refugiadas no Brasil

Foto: Divulgação

A artista visual Taly Cohen é uma das artistas que participará junto de Gen Duarte, Ciroschu e Taygoara de mostra em novo espaço de arte na Barra Funda, a galeria Galpão 556, da galerista e colecionadora Daniela Tonetti. Taly levará para a exposição a série “Janelas”, que teve início na pandemia. 

As obras traçam um paralelo entre a realidade das mulheres refugiadas no Brasil e as histórias de sobrevivência da sua avó durante a 2ª Guerra mundial. A mostra fica em cartaz de 26 de novembro a 23 de dezembro.

Traçando um paralelo com a história de sua avó, Taly se inspirou nas histórias de vida de mulheres refugiadas no Brasil, que conheceu por meio da ONG Cerzindo – que oferece cursos de capacitação profissional na área têxtil para pessoas em situação de refúgio e imigrantes. “Conheci a Cerzindo e fiquei admirada com o trabalho desenvolvido, que leva respeito, dignidade e esperança para mulheres que chegam ao nosso País carregando muitos medos, mas também muitos sonhos”, diz a artista.

Após a imersão neste universo, Taly incorporou sua ancestralidade e a difícil realidade dessas mulheres, vindas de outros países, em seus trabalhos. “As minhas obras são uma homenagem às mulheres invisíveis, que batalham todos os dias para criar caminhos melhores para as suas vidas e para suas famílias. Cresci acompanhando de perto as angústias e as marcas de guerra no corpo e na alma da minha avó, ao mesmo tempo que neste mesmo espaço havia gratidão e alegria de viver. Por isso, em minhas pinturas, além das linhas constantes, que falam sobre os ciclos da vida e das cores fortes, que gritam minha existência,  tatuo sentimentos, como a minha avó, Lola Anglister, foi marcada pelos alemães”, explica. 

A artista decidiu utilizar como a base de sua nova série, os retalhos de tecidos, roupas usadas, que a ONG recebe de doação. Materiais que normalmente seriam descartados e que são utilizados nas oficinas da Cerzindo. 

“Eu quis transformar algo que seria rejeitado e ressignificar a sua existência. Me juntei a essas mulheres incríveis, como Wendy Campos, venezuelana de 39 anos que veio em busca de uma nova realidade e juntas demos vida às janelas.” 

Foto: Divulgação

Para a elaboração de suas obras, Taly utilizou mais de 15 metros de retalhos de tecidos. De acordo com a artista, cada pequeno defeito do tecido conta uma história.

As peças produzidas em parceria com a Cerzindo terão parte da renda revertida para a ONG. Ao todo, Taly irá apresentar seis esculturas e quatro pinturas, que foram desenvolvidas com tinta acrílica, spray, vinílica e caneta posca.

A série “Janelas” tem o objetivo de discutir diferentes realidades das pessoas que vivem nas grandes cidades do mundo. A sua primeira inspiração para essa série veio durante a pandemia de Covid-19, quando as casas das pessoas se tornaram “os seus refúgios e, ao mesmo tempo, as suas prisões”. Para a artista, “nas janelas moravam a esperança de dias melhores!” 

Com essa inspiração, Taly criou na janela do seu apartamento, em São Paulo, uma intervenção artística com o objetivo de protagonizar a vida e a fé em um momento em que o medo e a morte eram predominantes. Ela desenvolveu, na rede de proteção do seu apartamento, um bordado gigante com fitas de cetim coloridas, mergulhando sua pesquisa em temas inerentes à condição humana como liberdade, solidão, medo e perspectiva, criando um diálogo entre o passado, presente e o futuro.

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