Cena do filme “Chakal”, de IVY – Foto: Thiely Leoni
Buscando fomentar a produção audiovisual das periferias do Rio, o edital Coalizões Audiovisuais apresenta curtas-metragens inéditos selecionados em sua primeira edição. Com representatividade negra e LGBTQIA+ na frente e atrás das câmeras, “À Sombra do Mar”, de João Vitor Pires, e “Chakal”, de IVY, trazem à luz da sociedade um debate contemporâneo, com abordagens distintas sobre um mesmo tema: os desafios impostos pelas questões de gênero e sexualidade.
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O encontro acontece no Estação NET Botafogo na terça-feira, dia 22.11, às 21h. Após a exibição haverá um debate com os realizadores mediado por Erika Candido, que é diretora executiva da “Kilomba Produções”, assina a produção de filmes internacionalmente premiados e foi uma das mentoras das obras selecionadas no Edital.
Sobre os curtas
Em “Chakal”, de IVY, um grupo conhecido por seus atos de retaliação às violências que pessoas trans sofrem se transmuta em rituais e parte em busca do Assassino da Meia-Noite para fazer justiça. Sua duração é de 17 minutos e a classificação indicativa é para maiores de 16 anos.
“Chakal é um filme que nos tira do eixo e nos faz torcer por uma sociedade mais justa e segura para todes, principalmente para as pessoas trans”, afirma Janaína Oliveira ReFem, que é cineasta, coordenadora de formação do “Centro Afrocarioca de Cinema Zózimo Bulbul”, professora e ativista pelos Direitos Humanos.
IVY, roteirista e diretora de “Chakal”, é a primeira trans negra a ingressar no curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense. Para ela, o filme é “uma nova perspectiva de imaginarmos possibilidades para corpos dissidentes”.
Já em “À Sombra do Mar”, de João Vitor Pires, o professor e ativista pelos direitos humanos Josimar se apaixona por Luís mas precisa mergulhar em si mesmo e compreender-se em um novo contexto de vida e identidade após receber uma notícia que o abala. O curta tem duração de 20 min e é recomendado para maiores de 16 anos.
“À Sombra do Mar” fala sobre pessoas vivendo com HIV de uma forma tão íntima, verdadeira e acolhedora que nos faz sentir estar na pele do protagonista, sentindo suas angústias, dúvidas e se refazendo junto com ele. É um filme que transforma a dor em poesia”, diz Janaína Oliveira.
Para João, que é roteirista e diretor do filme, o curta possibilita a “reflexão a partir do afeto, que é uma peça fundamental para que possamos dialogar sobre os estigmas sociais, mas também sobre nossos medos e nossas sombras”. Nascido e criado na Baixada Fluminense, em Mesquita, João é também produtor cultural, podcaster LGBTQIAP+ e pedagogo formado em impacto social.