Mundhumano – Foto: Mayara Varalho
Mundhumano lança álbum pop em que são misturados gêneros tradicionais da música preta mundial. “Os Deuses Que Dançam” está disponível em todas as plataformas digitais e terá versão física em janeiro de 2023.
A banda nasceu em 2013 quando, durante uma conversa, a cantora Nina Soldera e o compositor Kleuber Garcêz decidiram ultrapassar as cercas em que a música preta goianiense estava inserida. “A capoeira, o samba de roda e de terreiro, a congada, o sagrado, o rap, o hip hop eram grupos com visibilidade apenas no dia 13 de maio e 20 de novembro – dia da Abolição da Escravatura no Brasil e da Consciência Negra. Datas de festejos do povo preto. Queríamos dar uma sacudida nesse cenário”, comentam.
“Os Deuses Que Dançam” é, então, o primeiro álbum de Mundhumano, que vem, anualmente, desde 2020, apresentando pílulas do projeto em singles: “Guerreiras Urbanas”, “Senhor do Tempo” e “Pedra Fundamental”.
Projeto é composto por 10 faixas, produzidas por Paulo Monarco – “Questão de Gênero”, ainda inédita, deve ganhar um videoclipe no início de 2023. “Fizemos uma escolha bem contrária às leis do mercado para um artista iniciante – geralmente, se tem um feat ou um padrinho já consolidado no circuito. Optamos por chamar para fazer com a gente cantoras também iniciantes e que estão em busca de visibilidade: Flávia Carolina (Ave e Eva), Marianna Conceição e Érika Ribeiro. Como diz na letra de “Guerreiras Urbanas”: uma sobe e puxa outra.”
A ideia que dá título ao trabalho surge do que o grupo chama de “gana de liberdade”. “A imagem de que deuses dançam, sem a existência do pecado, da punição, é como saber da dádiva da vida: devemos sentir a intensidade disso e discernir como o sistema nos rouba esses momentos de vivenciá-los; em suma, é sobre valorizar conquistas coletivas e individuais.”
O álbum começa com “Pedra Fundamental” (já disponível) – e a abertura é dada nos seguintes versos: “Já fui expulso do jardim, / mordi o fruto do tal pecado original” – e fecha com “Céu Lilás” – que, num movimento de exaltação do agora, canta: “me traga uma cerveja e ligue o som”. Entre a expulsão do paraíso e o colher do dia, Mundhumano passa por exaltação do povo preto, da sabedoria popular e do sagrado, racismo, questão de gênero, relacionamentos, ética, contemplação, união e bem mais. O álbum foi possível graças à Lei de Incentivo à Cultura da Cidade de Goiânia.