Depois de 20 anos em Barcelona, Primavera Sound estreou em São Paulo nos dias 5 e 6 de novembro – Foto: Divulgação/Pridia
Criado há 20 anos em Barcelona, o Primavera Sound desembarcou no Brasil para sua primeira edição em São Paulo neste fim de semana. Em 5 e 6 de novembro, o Distrito Anhembi recebeu 55 mil pessoas por dia interessadas no line up alternativo promovido pelo evento. Refletindo o que faz sucesso na cena europeia, o festival reuniu atrações de pop indie – aquele com um quê de esquisitice. Nomes como Björk, Phoebe Bridgers, Arctic Monkeys e Lorde figuraram entre os mais procurados.
SIGA O RG NO INSTAGRAM
Como acontece em toda estreia, já é possível destacar pontos de melhoria para as próximas edições, que devem acontecer devido ao sucesso de público – a capacidade máxima era de 60 mil pessoas, 5 mil a mais do que o número de pessoas que compareceu em cada dia. O palco Beck’s, que recebeu artistas aguardados como Jessie Ware e Arctic Monkeys, foi montado em meio a árvores, o que atrapalhou a alocação da plateia e visualização de alguns ângulos.
Com um pouco de sorte e habilidade de circular na muvuca adquirida ao assistir a shows com frequência, era possível dar um jeitinho de ver com certa tranquilidade. O lado bom é que foram enfileirados vários telões, então quem queria mais espaço podia ficar mais para trás e ainda aproveitar o ambiente do show.
Phoebe Bridgers no Primavera Sound São Paulo – Foto: Divulgação/Pridia
Mas o que causou mais transtorno para parte do público foi o horário dos shows, que terminaram de madrugada, depois que o metrô já estava fechado. No sábado, por volta das 2 da manhã, havia várias pessoas na avenida tentando encontrar uber a preços altíssimos para ir embora. No segundo dia de festival, o show da Charli XCX começou quase uma da manhã. O ponto positivo é que quem decidiu sair mais cedo para pegar o transporte aberto pôde contar com ônibus logo na saída do festival. Além disso, era difícil ter duas atrações que competissem por público no mesmo horário.
Por outro lado, no geral, a estrutura deu um baile em outros festivais e eventos do gênero. Com bebedouros gratuitos, diversas opções de comida e nenhum ponto que poderia resultar em lamaçal caso caísse uma chuva, o Primavera Sound provou que São Paulo pode receber um evento de entretenimento desse tamanho com organização.
Público do Primavera Sound São Paulo – Foto: Divulgação/Pridia
O festival mostrou que ainda há público para shows de música alternativa em São Paulo, o que faz o Primavera se destacar nesse nicho, principalmente considerando que o Lollapalooza, por exemplo, tem se afastado dessa raiz para apostar em nomes mais comerciais como Miley Cyrus e Billie Eilish.
Se tinha gente que não fazia questão de esconder que não gostou das atrações –“Isso é muito ruim”, disse alguém na plateia do show da Björk –, outros bocejando ao som de Phoebe Bridgers e vários simplesmente desinteressados na Mitski, também havia fãs empolgados que fizeram jus à fama de eufórica que a plateia brasileira carrega lá fora. Esses fizeram coro e levaram os próprios artistas a se emocionarem e surpreenderem com a quantidade de pessoas que sabiam suas letras.
Como disse Lorde em uma das apresentações mais lindas do fim de semana, “nós somos os esquisitos, os excluídos, os que pensam demais”. E existe algo de especial sobre um espaço que celebra a diferença por meio da música, onde os que não se encaixam podem, enfim, se sentirem pertencentes.
No fim do dia, vale a máxima que circula na internet: “Quem não gostou é porque não entendeu o conceito”.