Afinal, o que é ser “normal” nos loucos dias de hoje? Partindo desta premissa, o espetáculo “Quase Normal”, estreia no Rio nesta sexta-feira (04.11), no Teatro dos Quatro, para uma curta temporada. O primeiro monólogo da carreira de Monique Alfradique é uma comédia que leva a direção de Rafael Primot.
No solo, Monique dá vida a uma mulher contemporânea cheia de dilemas e perturbações. Depois de atravessar decepções amorosas, fracassos profissionais e experiências nada convencionais no mundo virtual, ela segue incansável na busca de realizar seus desejos e de se encontrar.
Além de se meter em situações hilárias, a personagem também sente a pressão da sociedade para se enquadrar naquela velha moral e também nos bons costumes e agir como uma mulher “normal”. Mas será que é mesmo necessário preencher tantos pré-requisitos?
“O espetáculo tem a função de falar sobre a autoestima da mulher contemporânea, que sofre pressão para ser mãe, para ter um casamento perfeito, ser bem-sucedida profissionalmente. Acontece que isso tudo não faz parte do plano de vida de todas. Mas a gente sofre muita pressão diária”, diz Monique.
Sozinha em cena pela primeira vez, a atriz conta que vem encontrando muito conforto na troca com a plateia. “É uma experiência maravilhosa, um misto de sensações, mas me sinto bastante acolhida pelo público, que é meu cúmplice. Isso de certa forma me acalenta”, diz.
Sufocada, ansiosa e impulsiva muitas vezes ao longo dessa narrativa, a mulher contemporânea que Monique interpreta mergulha em questões existenciais mais profundas. “Venci na vida? Sou suficientemente independente? Sou bem-sucedida? Sou amada? Sei amar? Acho que a peça ressalta o poder feminino, fala que a mulher pode aceitar o próprio corpo apesar da imposição dos padrões estéticos”, analisa a atriz, que assina o texto do monólogo com o diretor Primot.
“Monique dividiu todos os seus anseios, experiências amorosas e profissionais e fomos alinhavando e construindo uma dramaturgia inspirada em histórias reais, de mulheres com seus dilemas, suas queixas, suas amarras. Essa mulher que ela interpreta começa buscando um amor no outro, um romance caricato de novela, porque a fizeram acreditar que assim seria feliz, mas, nesse processo, acaba descobrindo sua singularidade, o talento, a paz e a sensação de plenitude”, diz Primot.
Teatro dos 4 – R. Marquês de São Vicente, 52, Gávea, Rio de Janeiro.