A exposição “E se nada houvesse entre nós” reunirá, no próximo dia 5 de novembro, em São Paulo, um conjunto de obras no espaço cultural Bananal, em celebração a um ano de existência do espaço, que oferece também residência artística.
Clarissa Ximenes, curadora do projeto, contou que essa exposição reúne vários processos que se iniciaram desde a abertura do espaço artístico. “Trabalhamos esse ano inteiro juntes na construção desse espaço. Essa exposição é muito cara para nós, pois promoveu nosso encontro em um ambiente que propiciava uma troca fora do contexto/cotidiano, num lugar de respiro, cercado pela mata e onde olhamos para o processo artístico e para nossa coletividade por meio de outro viés”, conta.
O projeto foi realizado com recursos do ProAC Editais de Artes Visuais 2021 e em parceria com o programa Residência das Plantas, uma iniciativa interestadual que promove imersões artísticas em contextos não urbanos. Os artistas Bruna Amaro, Bruna Ximenes, Carmen Garcia, Gabriel Urasaki, Julia Contreiras, Leonardo Matsuhei, Luis Filipe Porto, Mônica Chan e o Coletivo Foi à Feira viveram duas semanas de imersão e convivência na Silo Arte Latitude Rural, uma ONG artístico-ambiental localizada na Serrinha do Alambari (RJ), que cria, acolhe e difunde arte, ciência, tecnologia e agroecologia em zonas rurais.
Foi a partir dessa experiência que os artistas passaram três meses nos ateliês do Bananal produzindo obras inéditas e inspiradas na vivência em grupo na Mata Atlântica. A ideia surgiu com o objetivo de ampliar repertórios, estéticas, poéticas e experimentações, sobretudo, por meio da experiência coletiva em um ambiente não urbano.
Para Julia Contreiras, artista que participou da vivência, o processo de se relacionar com outros artistas e o afastamento da cidade trouxeram uma percepção diferente em relação ao tempo. “No ateliê, a produção das obras se deu de maneira silenciosa. Compartilhamos o espaço, mas cada um ia produzindo o seu. Foi uma experiência diferente da residência, mais sutil, porém, tão forte quanto”, disse.
Os trabalhos surgiram de dinâmicas que foram estabelecidas por meio de experimentações individuais e coletivas, que visavam explorar tanto as linguagens, pesquisas e práticas artísticas de cada um, quanto a paisagem e o território da área de preservação ambiental da Serrinha do Alambari. Os artistas buscaram recriar as relações que surgem entre corpo, paisagem e fronteira a partir do deslocamento do urbano para o selvagem.
Segundo Juliana Coli, coordenadora do Residência das Plantas, o projeto teve como intuito inserir os artistas na proposta da Residência, que busca imaginar formas de convivência humana em diferentes biomas e com outros organismos. “Realizar essa imersão com o Bananal e seus artistas na Silo foi uma oportunidade única. As atividades se deram de forma orgânica, coletiva e individual, com todos se ajudando e cada um fazendo a sua parte.”
A exposição contará com um conjunto de obras como pintura, vídeo, realidade aumentada, texto, fotografia, bordado, gravura, instalação e objetos, em um verdadeiro manifesto sobre a potência do fazer coletivo.