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Vinícius Loyola: “A mudança vem a partir de nós”

Por Leo Oliwer

Vinícius Loyola interpreta Cazuza no musical “Ney Matogrosso – Homem com H” – Foto: Adriano Dória

Quando o amor se conecta com aquilo que o inspira, temos como resultado a excelência. Dizemos isso porque vamos falar sobre um artista, que encontrou nos palcos o verdadeiro sentido da palavra, amor. Vinícius Loyola, ator, cantor e músico, certa vez declarou: “Ney e Cazuza, as vidas deles se entrelaçam no amor, na amizade e na arte.” E é com essa sensível afirmação, que damos o ponta pé inicial em nosso bate papo com Vinícius Loyola, multifacetado consegue de maneira brilhante se por em destaque na música e no teatro, atualmente Loyola está em cartaz no musical “Ney Matogrosso Homem com H”, interpretando Cazuza, um dos monstros sagrados de nossa música.

Vinícius Loyola que daqui há dois anos poderá celebrar bodas de prata em sua carreira, nasceu em São Paulo e descobriu cedo sua paixão pelos palcos, em seu gabarito nomes de peso podem ser encontrados, a lista vai de Moacyr Franco lá no início e passa por Daniel, coroando sua trajetória musical. Cheio de planos profissionais e vivendo uma de suas melhores fases, o artista falou com exclusividade com o site RG, nessa conversa não faltou assunto, viajamos entre os temas atuais e claro, falamos sobre arte, música e sobre o futuro:

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RG – O que esse espetáculo te mostrou?

Estou vivendo um momento especial, a gente que trabalha com teatro precisa de oportunidades. Fazer Cazuza me tirou da zona de conforto. Geralmente, os diretores nos dão papéis que, de certa maneira, tem proximidade com o que você já faz. Eu vinha de um trabalho completamente diferente, caricato, alegre, mais solto. Com Cazuza, precisei mergulhar nessa sensibilidade, na fragilidade. Como ator, foi fundamental, posso experimentar outras coisas, outras formas.

RG – Como é realizar um personagem tão marcante e que o público conhece tão bem? É mais difícil?

Eu não procuro encanar muito com isso, acredito que todo o universo de cada personagem, quando é bem construído, acaba levando à convicção do mesmo. É sempre um trabalho muito difícil, lidar com um personagem que o público não conhece tem um peso menor, com Cazuza, por exemplo, eu senti um pouco mais essa pressão. É uma baita responsabilidade e tem também a relação que já existe desse personagem com o público, as pessoas vão assistir já sabendo o que querem ver.

Foto: Adriano Dória

RG – Sua proximidade com a música facilitou a construção do seu personagem?

Sim, eu sempre tive mais facilidade com a música, foi ela quem me levou até o teatro, comecei muito jovem tocando violão.

RG – Como músico, o teatro estava em seus planos, ou ele aconteceu?

O teatro não fazia parte dos planos, fui realizando testes desde cedo e cheguei até o SBT, no programa “Pequenos Brilhantes”, apresentado pelo Moacyr Franco. Eu era muito curioso, lembro de ter que passar a semana entre ensaios e gravações, eu pude “fazer escola” ali ao lado do Moacyr. Ele é grandioso. Fiz o programa durante uma temporada inteira e quando acabou fui direcionado para outros testes e trabalhos, foi onde o teatro acabou surgindo.

RG – Na sua visão, qual o cenário atual da arte brasileira? Em que momento estamos?

Eu sempre penso que, se o nosso país tivesse uma base mais ligada à cultura, tudo seria bem diferente, porém, sou bastante otimista, vi durante o tempo tudo evoluir, se adaptar. Nosso governo atual não nos ajuda nessa questão da arte, mas tenho esperança, a mudança vem a partir de nós, não dá para ficar esperando.

RG – Você vive intensamente cada personagem, como acontece essa mágica dos palcos com você?

Durante as cenas eu curto cada momento e sigo aquela energia do personagem, mas quando as cortinas se fecham, eu sinto o peso e responsabilidade de tudo isso, a resposta do público diz muito.

RG – Qual o significado da arte na sua vida?

Eu faço arte porque houve um chamado, é mais do que vocação, arte é um lugar de transformação, é o momento onde você toca as pessoas de alguma forma, eu sempre me pergunto se o que estou fazendo, modifica alguém de alguma maneira.

RG – Se você encontrasse o Vinícius de 23 anos atrás, o que diria para ele?

Eu diria que tudo valeu a pena, que a busca deu bons frutos e diria também que ele teria muito orgulho do que foi construído. Eu costumo dizer que essa é minha missão no mundo, assim como um doutor cura através da medicina, eu busco curar através da minha arte.

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