Elisa Stecca – Foto: Fabio Correa
Da pedra ao ouro, da borracha à prata, do colar à aquarela, da gravura à instalação, da escultura ao livro de caixinha. Assim, artista multifacetada, tirando inspiração de suportes variados, nada tradicionais, Elisa Stecca lança o livro e a exposição “Improvável”, no dia 22 de outubro, na Galeria Lemos de Sá, em Belo Horizonte, onde fica em cartaz até 26 de novembro.
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A mostra traz 25 obras da artista paulistana e foca na sua produção mais recente, entre 2016 e 2022. Trata-se de uma compilação de várias séries retratadas no livro e funciona como uma imersão no processo intenso da artista, que trabalha com criações em fluxo e ideias que se desdobram em diversos suportes.
Uma das séries que será apresentada na capital mineira é “Improvável Mar” (2022), que traz impressões e experiências sensoriais da artista com praias, o mar e a natureza. O resultado são obras modeladas em cerâmica esmaltada, com forma orgânicas, que remetem a rochedos, conchas e à vida marinha.
Na esfera política, duas séries que refletem a luta antirracista e a denúncia do garimpo ilegal e a violência contra os povos originários no Brasil: “Salar, Black is Beautiful” (2020), séries usando vidro e nanquim, inspirada no movimento Black Lives Matter e “Garimpo” (2021), obras com o ouro retratado em latão e recursos orgânicos como a cerâmica, o vidro e penas de pato tingidas.
Série “Garimpos” critica o garimpo ilegal e a violência contra a população indígena no Brasil – Foto: Divulgação
“Por ter uma exploração extremamente danosa a questões sociais e humanas e também ao meio ambiente, o ouro é minha última escolha, principalmente em função do mercúrio jogado diretamente nos rios”, destaca a artista.
Improvável, seu terceiro livro, traz cerca de 100 fotos de trabalhos da carreira de Elisa, com destaque para a produção realizada nos últimos cinco anos. Dentre elas, a exposição “Silencio”, no Museu de Arte Sacra de São Paulo, que atingiu recorde de visitação, e “O Peso dos Sonhos” (2020), performance em que a própria artista aparece ancorada sob o peso das pedras.
“Gosto de pensar na realidade objetiva e na realidade subjetiva, do ponto de vista pessoal, na possibilidade de transformar nossas pedras em ouro. Quando uso a expressão ‘nossas pedras’, falo das nossas mazelas, dificuldades, sombras que, por meio de muita disciplina, quando expostas à luz, revelam o nosso ouro, o nosso melhor, o nosso precioso”, destaca.