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Lucas Drummond comenta seu projeto “Orfãos”

Lucas Drummond – Foto: Costa Blanca Films

Após um começo de ano repleto de novidades no audiovisual, o ator Lucas Drummond volta aos palcos em grande estilo. Ele estrela, ao lado de Ernani Moraes e Rafael Queiroz, a peça “Orfãos” que faz temporada de 13 de outubro a 20 de novembro no Centro Cultural Oi Futuro (RJ), sob direção de Fernando Philbert.

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“‘Órfãos’ é um drama, escrito pelo dramaturgo norte-americano Lyle Kessler e encenado pela primeira vez em 1983, em Los Angeles. Desde então, a peça já foi montada em mais de 25 países e contou inclusive com uma adaptação para o cinema, dirigida por Alan J. Pakula (de ‘A Escolha de Sofia’). A montagem norte-americana mais recente, produzida na Broadway em 2013 e estrelada por Alec Baldwin, foi indicada ao Tony Awards – o Oscar da Broadway – na categoria ‘Melhor Peça’. A dramaturgia de Kessler é comparada à de Tennessee Williams, um dos maiores dramaturgos modernos, no tocante ao retrato que faz da condição humana”, diz Drummond.

Rafael Queiroz, Ernani Moraes e Lucas Drummond – Foto: Costa Blanca Films

Além de estar no elenco do espetáculo, Drummond também está na produção, foi dele a ideia de montar este espetáculo no Brasil. “Em 2018, fui fazer um conservatório de atuação no Stella Adler Studio of Acting, em Nova York, em busca de me reciclar, me redescobrir como artista. Nesse curso conheci ‘Órfãos’ e, imediatamente, me apaixonei por essa fábula sobre dois irmãos que sequestram um homem misterioso e acabam encontrando a figura paterna que nunca tiveram e com a qual sempre sonharam. Além de uma dramaturgia brilhante, a peça oferece ao público três personagens riquíssimos, cheios de camadas e complexidade, ou seja, um presente para qualquer ator. Quando eu terminei de ler o texto pela primeira vez, eu pensei: ‘Meu Deus, quero fazer essa peça!’. Essa vontade ficou na minha cabeça durante toda a viagem. Poucos meses depois, já de volta ao Brasil, eu perdi o meu pai. Essa perda criou uma conexão ainda maior entre mim e os personagens. Porque acima de qualquer coisa, essa é uma história sobre a falta. E a falta que tomou conta de mim deu a coragem que eu precisava para tomar a decisão de montar o espetáculo no Brasil”, explica.

“Orfãos” conta a história de dois irmãos, Phillip (Drummond) e Treat (Queiroz), que moram juntos em uma casa decadente na Filadélfia. Treat sai todos os dias para roubar e botar comida na mesa, enquanto Phillip fica em casa, de onde ele não sai há 20 anos, por acreditar que tem uma alergia grave ao ar externo. Um dia eles sequestram um homem misterioso, Harold (Moraes), com o objetivo de pedirem resgate e ficarem milionários. O que não sabem é que esse cara é um gângster que está sendo procurado e que, por isso, precisa sumir do mapa. Este homem acaba surpreendendo os dois e se tornando a figura paterna que os dois nunca tiveram.

Lucas Drummond – Foto: Costa Blanca Films

“Idealizar e produzir um espetáculo no Brasil é um ato de muita coragem. Porque você não tem garantia nenhuma de que conseguirá captar o patrocínio para tirar o projeto do papel. No caso de ‘Órfãos’, havia um risco ainda maior, porque era um texto de fora. E quando você compra os direitos de um espetáculo estrangeiro, geralmente você tem um prazo para montar. Se você não executar neste prazo, você perde a licença. Fomos contemplados pelo edital do Oi Futuro, no final de 2019, que nos garantiu a verba necessária para montar a peça e realizar a temporada de estreia. Então, eu e o Bruno Mariozz, meu sócio e produtor do espetáculo, convidamos o Fernando Philbert para dirigir o projeto, com quem ambos já tínhamos vontade de trabalhar há algum tempo. A partir daí, a decisão do elenco e equipe foi em conjunto. Por exemplo, o Philbert sugeriu o Rafa (Queiroz) e eu sugeri o Ernani. O mesmo aconteceu com a equipe criativa.”

Ainda sobre a produção, o ator fala como foram os ensaios nos palcos com Moraes e Queiroz.Costumo dizer que uma das coisas mais encantadoras dessa profissão são os encontros. Somos três atores de escolas e origens diferentes, mas conseguimos construir uma parceria enorme, o que é fundamental especialmente neste espetáculo, em que os três atores estão em cena quase o tempo todo. Estar em cena com eles é uma grande alegria e um aprendizado diário, ressalta.

Além de ‘Órfãos’, o ator produziu, escreveu e atuou em mais duas produções do audiovisual neste ano, que estrearam em diferentes plataformas de streaming.

“Eu escrevi, produzi e estrelei dois curtas-metragens. O primeiro, ‘Depois Daquela Festa’, lançado em 2019 e selecionado para 62 festivais, está disponível no Globoplay e nas plataformas digitais Claro TV, Oi Play e Vivo Play. O segundo, ‘Todos Os Prêmios Que Eu Nunca Te Dei’ chegará às plataformas digitais em breve, assim que encerrar a carreira em festivais. Ele já foi exibido em 20. Além deles, atuei nos longas ‘Seguindo Todos Os Protocolos’, de Fábio Leal, disponível na Claro TV, Vivo Play e Oi Play, e ‘O Paciente – O Caso Tancredo Neves’, de Sérgio Rezende, disponível no Globoplay.”

Drummond tem um termo bastante interessante para o que faz: “ator realizador” e ele mesmo explica melhor do que se trata. “Esse termo vem da ideia de ser um ator que põe a mão na massa e realiza projetos próprios. É ótimo receber convites, é sempre delicioso! E uma coisa, em hipótese alguma, exclui a outra. Porém essa é uma profissão muito dura e nem todos os atores conseguem estar sempre trabalhando. Às vezes, você até emenda um trabalho no outro, mas não em projetos que te movem, te desafiam como artista. E isso é muito angustiante. Se produzir te liberta desta angústia e te permite não só escolher papeis que te desafiem, mas também cria oportunidades para que o mercado conheça o seu trabalho.”

Lucas Drummond – Foto: Costa Blanca Films

Dentro do universo cultural Drummond se define como um artista, que apesar da carreira como ator ser o seu foco, também escreve, produz, canta, dança e edita, ou seja, joga nas 11. Além da temporada com ‘Órfãos’, ele está com alguns novos projetos encaminhados.

“Estou idealizando outros dois projetos: um novo curta-metragem que homenageará a Nininha, mulher que me criou e que trabalhou durante anos na casa da minha mãe, e o meu primeiro longa como roteirista, que é inspirado no curta ‘Depois Daquela Festa’ e que também protagonizarei”, finaliza.

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