Foto: Pedro Pereira
Alejandro Claveaux, 39 anos, está em evidência, mais uma vez, por seu talento. Atualmente, está na série “Rensga Hits!”, do Globoplay, onde interpreta o personagem Deivid Cafajeste, um cantor de música sertaneja que tem uma questão com sua sexualidade. Na série, ele é gay, mas vive se escondendo atrás de sua opção sexual por conta da carreira – teme que seu sucesso seja afetado caso os fãs descubram que ele é homossexual. Claveaux, que não deixou por menos, e representou de forma espetacular seu personagem, acaba se envolvendo com seu motorista. Ele conta que fez questão de que cenas de beijos e de sexo estivessem presentes na interpretação. “Um personagem gay deve ter o mesmo tratamento que um personagem hétero… Na quantidade de beijos e cenas de sexo também”, explica. A série conta ainda com Alice Wegmann, Lorena Comparato, Deborah Secco, Fabiana Karla e outros. Ele também está no elenco da série “Maldivas”, da Netflix, e fez uma participação em “Cara e Coragem”, novela das 19h da TV Globo.
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Formado em engenharia de alimentos, foi durante a faculdade que descobriu sua paixão pelas artes ao integrar o grupo de teatro Guará, de Goiânia, cidade onde nasceu. O processo criativo nos palcos o levou a viajar pelo País, chegando a conquistar o prêmio de melhor ator pelo espetáculo “Escola de Mulheres” (2015).
Em paralelo, Claveaux desenvolveu um trabalho de mimésis com gorilas e por conta dessa vivência foi chamado para integrar o elenco da premiada peça “Clandestinos”, de João Falcão, que mais tarde virou série de TV. Seu retorno aos palcos se deu com o musical “Gota D’Água a Seco” (2016-2019), que coleciona mais de 13 prêmios, incluindo melhor espetáculo pelo prêmio Cesgranrio.
Em televisão, fez bastante coisa, destaque para seu trabalho na novela “Amor de Mãe” (2020), nas séries “O Caçador”, “Nada Será Como Antes” (2016) e “Coisa Mais Linda”, da Netflix. Já no cinema, esteve no sci-fy cômico “Uma Quase Dupla” (2017), que lhe rendeu boas críticas pela composição de um médico psicopata. Ele também é um dos idealizadores e roteiristas do longa-metragem “Bocaina”, filmado durante a pandemi, em 2020, onde atua como Josevelt, um misterioso personagem que habita mundos paralelos. “Bocaina” foi selecionado para a mostra competitiva do Festival do Rio.
Leia a seguir o papo que RG teve com Claveaux.
Foto: Pedro Pereira
Como descobriu seu talento para ser ator, foi na época da faculdade, certo?
Na verdade, a melhor palavra aqui não seria talento, mas, sim, aptidão. Eu sempre fui um rapaz mais retraído e o teatro me conectou com novas possibilidades de enxergar minha personalidade e o mundo. Digo sempre que o teatro me trouxe uma visão mais integrada de mundo. Foi o momento onde me senti mais expansivo, mais potente e podendo viver histórias e personagens diversos. Entendi que eu gostava de contar histórias e fazer as pessoas se divertirem, ou pensarem sobre elas. Essa é a magia do artista para mim.
Como o teatro se insere na sua vida?
O teatro é uma base onde o ator pode experimentar, treinar, e o feedback do público é imediato. A sensação de reciprocidade é instantânea, diferentemente de um trabalho na TV ou cinema. O teatro me alimenta e é uma pena que estejamos vivendo uma tragédia com poucos incentivos para o teatro. Poderíamos ter uma indústria teatral mais potente aqui no Brasil, afinal temos excelentes profissionais na área e um dos teatros mais bem cotados mundialmente. Nossas histórias são ricas e nossos atores muito diversos.
Quando você deixa Goiânia em busca de novas oportunidades? Para onde foi, Rio?
Deixei Goiania assim que eu me formei. Fui estudar cinema e vim para o Rio. Foi um momento muito complicado, ainda precisava me estabilizar financeiramente, não foi fácil. Mas eu fui persistente e aos poucos as coisas foram tomando forma. Não me arrependo de ter ido atrás do que eu acreditava naquele momento.
Foto: Pedro Pereira
Que trabalhos da sua carreira você destacaria?
Cada trabalho é uma nova jornada. O Moisés de “Malhação”, por exemplo, foi uma grande escola. Além dele, o Jasão de “Gota d’Agua”… Enfim, carrego boas lembranças de séries como “Dois irmãos” e “Nada Será Como Antes”… Até mesmo dos múltiplos personagens que eu fazia em cena na peça “Clandestinos”. O Alejandro de hoje é um aglomerado dessas histórias que ajudei a contar!
Como surgiu a oportunidade de participar de “Rensga Hits!”?
Recebi um convite para teste. Mandei um vídeo tocando violão e cantando e o pessoal gostou bastante. Embora eu já tivesse feito teatro musical, cantar em cena ainda era um desafio. Quando recebi a resposta da produção percebi que tinha me metido em uma fria. No final das contas, foi excelente, pois eu sou movido por desafios. O medo não me paralisa, ele me impulsiona.
De que maneira criou seu personagem, o Deivid Cafajeste?
O Deivid foi inspirado em grandes cantores sertanejos com apelo grande de público. Ele é uma estrela do “Arroxa”. Um cara muito excêntrico no visual. Ao longo da trama ele vai ganhando consciência do amor que ele sente pelo seu segurança e toma coragem de viver sua verdade sem se preocupar com a repercussão disso.
Ele é um cantor sertanejo gay, foi difícil representar o personagem ou divertido? Por quê?
Dificuldade não diria. Foi inspirador, na real. Eu gosto de desafios e fazer esse cara que é complexo dentro das suas escolhas foi desafiador. Eu queria retratá-lo de forma natural, sem maniqueísmos. Um personagem gay deve ter o mesmo tratamento que um personagem hétero… Na quantidade de beijos e cenas de sexo também. Batalhei por isso! Só assim vamos normalizar o que a sociedade enxerga como “diferente”.
Você avalia que a diversidade no audiovisual contempla todos os gêneros?
Ainda está longe do ideal, mas diria que estamos caminhando para isso.
Foto: Pedro Pereira
Como foi a receptividade do público com o Deivid?
Foi boa… Muitas pessoas de crenças e ideias diferentes se sensibilizaram com essa história. Recebi muitas mensagens de apoio, muitas pessoas emocionadas com essa trama do Deivid. Também tiveram muitas pessoas que ficaram tocadas porque se identificaram com a história.
Você também participou de “Cara e Coragem”, como foi a experiência na novela?
Sim… Foi uma participação no início da novela… É um personagem misterioso que ajuda no quebra-cabeça do sumiço da personagem da Tais (Araújo). Eu ainda não tinha feito um pescador, foi interessante.
Quais são os próximos projetos? Vem teatro, streaming, cinema ou TV por aí?
Estou filmando uma série da Disney+, tenho um filme que rodei na pandemia (“Bocaina”) que está no Festival do Rio e na Mostra de SP, e tenho uns outros projetos… Quem sabe não pinta um retorno da peça “Gota D’Agua”? Eu adoraria inclusive.
Tem vontade de dirigir?
Eu sou muito observador em um set de filmagem, então acho que esse talvez seja um caminho natural para o futuro, mas não para agora.
Foto: Pedro Pereira
Como cuida da beleza e do corpo?
Procuro me alimentar bem, fazer natação sempre que possível, o esporte que mais gosto… E cuido da mente também. Além disso tenho meus produtos de beleza que uso variavelmente porque gosto de me sentir bem!