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“Desejo ser a minha melhor versão”, diz atriz Dandara Albuquerque

Foto: Guilherme Lima / Styling: Samantha Szczerb / Beleza: Elcides Freitas

Dandara Albuquerque, 33 anos, é daquelas mulheres que a gente vê uma vez na tela e fica com a imagem gravada na cabeça. Atriz formada em direito e artes cênicas, ela nunca deixou de exercer sua profissão como artista, embora tenha trabalhado na área jurídica até 2015 – nesse meio tempo fazia cursos e oficinas na área cultural. Na sequência, decidiu fazer uma transição e escolheu estudar artes cênicas. Dedicou-se e chegou lá. “Em 2017, participei de uma oficina para novos atores na TV Globo. Em 2018, me formei em artes cênicas e nesse mesmo ano fui convidada para meu primeiro trabalho na novela ‘Espelho da Vida’, trama das 18h da TV Globo”, conta.

Em 2019, Dandara deu vida a Yasmin, na novela “Bom Sucesso”, também da TV Globo.  Em 2021, atuou em Gênesis”, da Record TV, como a personagem Neferíades. “Para esse trabalho tive que assumir uma grande responsabilidade devido à importância da personagem na trama. Foi muito desafiador mas também me fez aprender e crescer muito como artista.”

Neste ano de 2022, já participou das gravações de duas séries do Globoplay, cuja previsão de estreia é 2023: “Musa Música” e “Cilada”. Ou seja vem muito de Dandara pela frente. “Estou animada para ver meus novos projetos nascerem”, diz.

Leia a seguir papo que RG teve com a atriz.

Foto: Guilherme Lima / Styling: Samantha Szczerb / Beleza: Elcides Freitas

Como começou sua carreira?

Acho que sempre sonhei em ser artista. Desde criança fazia aulas de dança, teatro e esse universo lúdico já me interessava bastante. Mas em um determinado momento, quando me deparei com as dificuldades da profissão, acabei escolhendo outro caminho e decidi estudar direito, área em que estive envolvida até o ano de 2015.

Nessa época, a arte para mim ocupava meus momentos de lazer. Fazia cursos, oficinas, participações e cheguei a trabalhar com publicidade também. Mas esse assunto só voltou a ganhar espaço novamente em minha vida em 2016, quando resolvi fazer a transição de carreira e comecei a estudar artes cênicas. Considero esse meu grande marco profissional.

Em 2017, participei de uma oficina para novos atores na TV Globo. Em 2018, me formei em artes cênicas e nesse mesmo ano fui convidada para meu primeiro trabalho na novela “Espelho Da Vida”, trama das 18h da TV Globo. De lá para cá nunca mais parei de trabalhar e me sinto cada dia mais feliz e realizada com minha carreira de atriz. 

Foto: Guilherme Lima / Styling: Samantha Szczerb / Beleza: Elcides Freitas

Quais trabalhos destacaria em sua trajetória?

Todos os meus trabalhos são importantes para mim, pois minha dedicação e entrega são integrais para qualquer personagem que eu venha a interpretar. Destacaria “Espelho da Vida” por ter sido meu primeiro trabalho na TV e porque interpretar a Sheila foi um presente que veio para me mostrar que minha transição profissional tinha valido a pena.

Em 2019 atuei em “Bom Sucesso”, trama das 19h da Globo, com a personagem Yasmin. Ela era apresentadora de um programa de fofocas “PsiuTV” e foi um trabalho que me permitiu me solidificar ainda mais na carreira de atriz. 

Em 2021, fui Neferíades, a vilã de uma das fases da “Novela Gênesis” da Record TV. Para esse trabalho tive que assumir uma grande responsabilidade devido à importância da personagem na trama. Foi muito desafiador mas também me fez aprender e crescer muito como artista.

Quais são os próximos projetos? Vem novela, streaming ou cinema por aí?

Em 2022 tive a oportunidade de diversificar meus trabalhos. Participei de um filme e gravei duas séries para streaming com previsão de estreia para 2023 no Globoplay. Estou animada para ver meus novos projetos nascerem. 

Foto: Guilherme Lima / Styling: Samantha Szczerb / Beleza: Elcides Freitas

E “Cilada”, como foi o convite para gravar a série?

Fui convidada pela produtora Gabriella Medeiros e fiquei super feliz com a oportunidade de me aventurar no universo da comédia, experiência nova para mim. E poder fazer comédia ao lado de artistas como Bruno Mazzeo e Debora Lamm foi muito bacana também.

Do que se trata?

“Cilada” é uma série que mostra de forma muito bem-humorada como situações do cotidiano podem acabar se transformando em grandes “roubadas”. É muito legal porque todos nós já vivemos situações parecidas e isso provoca o riso e gera identificação com o público. 

Conte sobre sua personagem.

Minha personagem se chama Bia. Ela é casada com Dudu e juntos eles formam um casal um tanto “excêntricos”, eu diria (risos). Eles têm uma “vibe” mais alternativa e uma forma mais descontraída de levar a vida e em algum momento esses comportamentos acabarão causando situações inusitadas. É um trabalho leve e muito divertido de fazer e acredito que também será prazeroso para o público assistir.

Foto: Guilherme Lima / Styling: Samantha Szczerb / Beleza: Elcides Freitas

Como você vê a presença de negros no audiovisual? Avançou?

Eu vejo um grande avanço na presença de artistas negros no mercado e acredito que esse fato seja resultado de toda luta coletiva por mais oportunidades. A representatividade é muito importante, mas não pode estar restrita apenas aos atores. Deve se estender para todas as outras esferas da indústria. Precisamos ter autores, roteiristas, diretores, entre outros profissionais negros para que nossas narrativas sejam contadas de acordo com o nosso olhar. Apesar de todos os avanços e conquistas, ainda temos um longo caminho pela frente. 

Acha importante que a indústria do audiovisual aposte mais em diversidade?

Acho fundamental e necessário que se aposte na diversidade. Existe muita beleza nas diferentes formas de ser e entender que não existe um padrão único a ser seguido nos ajuda a ressignificar a forma como nos enxergamos e lidamos com o próximo. Nosso País é um lugar plural, multicultural e diverso. E é muito enriquecedor que o audiovisual dê espaço para que essa realidade seja retratada e visibilidade para todos. 

Como cuida da beleza? Tem algum ritual?

Busco me cuidar para me sentir bem comigo. Desejo ser a minha melhor versão ao invés de querer atingir padrões que não me contemplam. Pratico exercícios físicos diariamente para ter disposição e energia para lidar com as demandas do dia a dia. Também gosto de me alimentar de forma saudável para zelar pelo bom funcionamento do meu corpo. Com a pele, uso protetor solar diariamente e de tempos em tempos me consulto com minha dermatologista para atualizar meu protocolo de cuidados. Eu deveria beber mais água, admito que esse é um hábito que preciso melhorar (risos). Penso a beleza de forma integral. É importante que a gente se sinta feliz por dentro para que esse sentimento reverbere fora e contagie todos ao nosso redor. Eu sou uma pessoa otimista e bem-humorada. Acho que essas qualidades também iluminam meu espírito e rejuvenescem minha aparência.  

Foto: Guilherme Lima / Styling: Samantha Szczerb / Beleza: Elcides Freitas

Como lida com as redes sociais, já teve algum hater? 

É impossível agradar a todos (risos). Mas eu tenho uma relação muito positiva com meu público nas redes sociais. Confesso que sou mais discreta e reservada, na vida e nas redes. Mas busco sempre compartilhar reflexões importantes, exemplos inspiradores, dicas culturais, de bem-estar e sempre compartilho meus projetos profissionais.

Penso que as redes sociais me possibilitam abrir espaço para o diálogo, compartilhar os assuntos que eu acredito e fortalecer meus propósitos. Não me preocupo com o número de seguidores. Para mim, faz mais sentido que as pessoas que me seguem se sintam verdadeiramente conectadas, afetadas e transformadas por quem eu sou e pela forma como me posiciono enquanto mulher negra e artista. 

Acha que as redes sociais são um canal importante para a discussão do racismo?

Acho que sim, mas acredito que as redes sociais não podem ser o único canal onde esse assunto seja abordado. Na internet, é inegável que esse tema ganha muita visibilidade e alcance. E temos muitos pensadores (as) negros (as) compartilhando conteúdos que se empenham em descolonizar nosso pensamento. É importante selecionar quem seguir. Eu sigo e aprendo muito com Katiúscia Ribeiro, Carla Akotirene, Rodrigo França, entre outros.

Mas não podemos nos esquecer de buscar saberes nos livros e em outras fontes para que nosso conhecimento não fique apenas e uma camada superficial de um tema que envolve tanta complexidade. As práticas antirracistas devem ser levadas para o nosso cotidiano, para o nosso trabalho e relações pessoais. Que as discussões que acontecem na vida virtual se estendam para vida real também.

Foto: Guilherme Lima / Styling: Samantha Szczerb / Beleza: Elcides Freitas

Que mensagem daria para atores negros que estão em início de carreira.

Estudem! Estudem muito! Não só sobre arte, mas sobre tudo o que nos atravessa em nossa sociedade. A caminhada tem muitos obstáculos. É preciso muita dedicação, persistência e estratégia. E ser um artista negro (a) é também ser símbolo de resistência e instrumento de conquistas coletivas. Eu acredito que a arte é uma ferramenta poderosa de transformação social e eu escolhi esse caminho para contribuir na construção do mundo que eu acredito ser melhor para todos. Sou imensamente feliz, apesar das dificuldades. E desejo o mesmo para quem estiver começando também.

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