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Rock in Rio 2022: como foi o primeiro fim de semana do festival

Palco Mundo – Foto: Divulgação/Rock in Rio

As expectativas eram altas para o primeiro fim de semana de Rock in Rio depois de três anos sem festival. Os nervos ficaram ainda mais à flor da pele com a incerteza quanto à vida de Justin Bieber ao País. Para o alívio das beliebers, ele desembarcou no Rio de Janeiro neste domingo (4.09) e subiu ao palco Mundo para cantar hits como “Peaches” e “Baby”.

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Durante o show, ele se animou, tirou os óculos escuros e a camiseta, abriu sorrisos e dançou. Mas, no geral, entregou uma performance tranquila, com voz contida e pouca interação com o público, o que fez algumas pessoas se questionarem se ele estava com algum problema ou mesmo com vontade de estar ali.

Apesar dessa sensação, o show seguiu com muita animação por parte do público, que acolheu as possíveis dificuldades que ele estaria passando e compensou cantando a plenos pulmões. É de conhecimento dos fãs que Bieber enfrenta questões de saúde mental e passou recentemente por um quadro de paralisia facial causada pela síndrome de Ramsey Hunt.

Justin Bieber – Foto: Reprodução/Instagram/@evanpaterakis

Um pouco antes, no mesmo palco, Demi Lovato fez a terceira apresentação de sua turnê “Holy Fvck” em solo brasileiro. A cantora estreia uma fase pop rock, que apareceu em seus primeiros trabalhos depois de sua saída da Disney, mas acabou perdendo lugar para produções pop como “Confident” e “Cool for the Summer”. Agora, essas faixas retornam com o frescor do rock, cheio de guitarras e bate cabelo.

Outra artista que deu uma chance ao rock foi Luísa Sonza, que apareceu toda de preto com uma prévia de sua turnê “O Conto dos Dois Mundos”. O setlist incluiu uma versão de “1º de Julho”, canção de Renato Russo gravada por Cássia Eller. Durante a faixa, Luísa ate se arriscou num solo de guitarra e se jogou no chão, incorporando elementos comuns às apresentações de rock.

Luísa Sonza – Foto: Divulgação/Rock in Rio

A brasileira, por sua vez, transitou entre vários gêneros e estilos durante o show, trazendo ainda uma parceria com Marina Sena, que subiu ao palco para cantar “Hotel Caro”, que Luísa gravou com Baco Exu do Blues e sucessos de Marina como “Por Supuesto” e “Voltei pra Mim”. O funk também teve seu momento, aparecendo em faixas como “Sentadona” e “Toma”, que fizeram o público vibrar. No momento mais emocionante do show, ela fez uma homenagem à Marília Mendonça, com quem gravou “Melhor Sozinha”.

Luísa Sonza e Marina Sena – Foto: Divulgação/Rock in Rio

Seu último single, “Cachorrinhas” não ficou de fora da apresentação, fazendo o palco Sunset parecer pequeno para aquele que foi um dos principais shows do dia. Ao final, ela confessou que estava nervosa para entregar um show que seu público merecesse, mas não parecia existir uma pessoa da plateia que achasse que a apresentação ficou aquém do esperado. 

Em seguida, IZA foi a primeira mulher negra brasileira a subir ao palco Mundo e comandou um show recheado de hits como “Pesadão”, “Gueto” e “Ginga”. No ponto mais emocionante da performance, ela fez uma homenagem a outras mulheres negras, como Taís Araújo, Djamila Ribeiro, Majur e Zezé Motta. Em seguida, cantou “No Woman No Cry”, de Bob Marley, com sua mãe, Isabel Cristina, no piano. Ao final, ela foi coroada por Isabel, deixando como mensagem a importância de se exaltar a ancestralidade.

IZA – Foto: Divulgação/Rock in Rio

Outra apresentação afetiva com participação da família foi a de Gilberto Gil, que dividiu o palco com seus descendentes, como Preta e Francisco. Logo no início, ele recebeu sua neta Flor, filha de 13 anos de Bela Gil, que não conseguiu conter a emoção de cantar ao lado do avô. “Eu estou muito, muito feliz de poder estar aqui hoje”, declarou, com a voz embargada. Juntos, eles fizeram um dueto de “Garota de Ipanema”, que incluiu trechos da versão em inglês.

Gilberto Gil – Foto: Divulgação/Rock in Rio

Com Preta Gil, o baiano cantou os clássicos “Andar com Fé” e “Toda Menina Baiana”. Ela usou uma camiseta com uma foto de Pedro Gil, seu irmão que morreu em 1990. Na imagem, ele tocava na primeira edição do festival, em 1985, aos 15 anos. 

A sensação no show era de uma grande festa em família da qual adoramos fazer parte, em que saímos renovados e ansiosos para a próxima. 

Outro artista nacional que entregou um show de destaque foi Emicida. Sempre exaltando a cultura negra, ele priorizou a parte mais política e engajada de sua discografia, em faixas como “Pantera Negra”, se deu último disco, “AmarElo”.

Para abrir o show, escolheu uma mais antiga: “Triunfo”, seu primeiro single, lançado em 2008. A canção já servia como cartão de visita do rapper: “Eu rimo porque eu tenho uma missão. Sou porta-voz de quem nunca foi ouvido”. Mais de uma década depois, ele segue cumprindo seu propósito com uma arte intrinsecamente atenta às questões sociais.

Esse tom se manteve durante o show, e o rapper chegou a soltar uma possível alfinetada a organizadores do Rock in Rio, ao declarar: “Tem gente dizendo que não é de bom tom falar de política no palco de festival. Mas, se eu estou vivo aqui, é porque o Racionais decidiu falar de política 30 anos atrás”. 

Ele ainda recebeu no palco Drik Barbosa, Priscilla Alcântara e Rael, com quem cantou o sucesso “Envolvidão”.

Samhara – Imagec

Na cena eletrônica, Samhara se destacou como a única mulher a se apresentar no palco New Dance Order no domingo, que também marcou sua estreia no festival. Com mais de dez anos de carreira, ela fez parte do desenvolvimento do eletrônico no País e entregou uma performance enérgica à altura desse legado.

Show do Illusionize no Palco New Dance Order – Foto: Pedro Pini

No sábado, o eletrônico tomou força nas apresentações de Illusionize, que uniu experiências sonoras e visuais, e Carola, revelação da música eletrônica e primeira mulher negra a tocar no festival Tomorrowland.

O show mais aguardado do dia foi Post Malone, que fez gracinhas que conquistaram o público, como equilibrar um copo na cabeça. Ele agitou a plateia em vários momentos e chegou a chamar um fã para subir ao palco. O cantor Theo Kant, de Niterói (RJ) dividiu com ele uma versão voz e violão de “Stay”. Hits absolutos fizeram parte do setlist, como “Better Now”, “Rockstar” e “Sunflower”.

Jason Derulo – Foto: Divulgação/Rock in Rio

Outra atração internacional do dia, Jason Derulo, dono de sucessos do TikTok como “Savage Love” chamou a atenção ao interromper o hit “1,2,3” para tocar “Ai Preto”, funk de Bianca, Dj Furduncinho e L7nnon, quinta música mais ouvida de Spotify no Brasil. 

No palco Sunset, os Racionais fizeram um show histórico, homenageando pessoas negras que foram assassinadas no Brasil, como Ágatha Félix, de 8 anos, e Kethlen Romeu, que estava grávida quando foi morta aos 24 anos. Elas foram algumas das pessoas que tiveram nomes e fotos passando no telão durante a performance de “Negro Drama”.

Criolo – Foto: Divulgação/Rock in Rio

Antes do grupo de rap, Criolo entregou uma apresentação culturalmente rica, trazendo para o palco a cantora cabo-verdiana Mayra Andrade, com quem assina a faixa “Ogum Ogum”, do último álbum do paulistano, “Sobre Viver”. 

O festival continua na próxima quinta-feira (08.09) e vai até domingo (11.09), trazendo os aguardados shows de Guns N’ Roses, Green Day, Coldplay e Dua Lipa

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