Top

Camilla de Lucas avança em projetos como atriz: “Quero ser uma vilã”

Camilla de Lucas

Para além do humor, Camilla de Lucas pretende atuar em dramas – Foto: Felipe Braga

Cria de Nova Iguaçu, influenciadora, humorista, apresentadora, modelo, ex-BBB. É possível fazer um texto só listando os títulos e atribuições de Camilla de Lucas, que agora acumula mais uma, ao avançar em seus projetos como atriz.

Ela participa do projeto “Novelei”, disponível no YouTube da TV Globo, que traz esquetes de humor a partir de novelas de sucesso da televisão brasileira. No episódio de “Mulheres de Areia,” o elenco faz uma paródia da icônica produção do autor Ivani Ribeiro. Na nova versão, ela vive o papel de Ruth, a gêmea boa interpretada por Gloria Pires nos anos 1990.

Ao RG, ela conta que já tem outros projetos na manga. “Provavelmente vocês vão muito em breve ver outras participações que eu já gravei”. Multifacetada, Camilla não quer ficar só no humor e pretende participar de dramas e até mesmo viver uma vilã.

Na entrevista, ela ainda relembra sua trajetória antes da fama, ressalta a importância de pessoas negras na moda e comenta sobre saúde mental e a vida dentro e fora do digital. “Meu propósito, desde quando comecei a trabalhar com internet, sempre foi fazer com que a minha vida fosse um canal para transformar a vida do próximo”, compartilha. Leia abaixo:

RG – O que você acha que você trouxe de diferente do que estava sendo feito na internet que fez você se tornar esse fenômeno digital?

Acredito que eu ganhei muito destaque com os vídeos que eu fiz nas redes sociais porque eles retratavam muito meu cotidiano e as pessoas acabavam se identificando. Eu recebia diversas mensagens das pessoas que passavam por algo parecido, principalmente o vídeo “todo pagode tem”, que bombou. Muitas pessoas curtem pagode, é um ritmo musical que o brasileiro ama, então isso gera muita identificação.

RG – Você sempre quis ser atriz?

Esse é um desejo muito antigo, desde que saí do BBB venho me preparando e estudando para dar o meu melhor nesse novo momento da minha carreira. Estou me dedicando bastante para que o público possa acreditar na história que estou contando com a minha atuação. Eu sempre tive o desejo de fazer teatro, e ser atriz também é uma oportunidade para falar sobre várias emoções ao mesmo tempo, expressar sentimentos. Amo trabalhar com a comunicação e desde que eu comecei a fazer os meus vídeos no Instagram essa ideia começou a aflorar e a vontade aumentou mais ainda. Acredito que esse também é um meio de me comunicar com as pessoas, e mostrar também um lado que é novo para mim e para o público.

RG – Como foi gravar o episódio de “Mulheres de Areia” do “Novelei” e como você recebeu o convite?

Foi muito legal, muito divertido, foi um projeto bem diferente, é uma responsabilidade muito grande reviver uma personagem icônica que foi interpretada por Gloria Pires, e eu amei o resultado, me diverti muito assistindo.

RG – Você tem outros projetos como atriz engatilhados? O que você tem vontade de fazer ainda na atuação?

Sim, comecei com o “Novelei”, mas provavelmente vocês vão muito em breve ver outras participações que eu já gravei. Gosto muito de fazer humor, mas quero explorar outras áreas também, como drama. Tenho muita vontade de fazer uma vilã.

RG – O que você acha que a atuação na televisão e no cinema te permite que você não consegue satisfazer nas redes sociais?

São trabalhos completamente diferentes. Na internet, as pessoas sempre vão me enxergar como a Camilla porque eu não sou um personagem. Lá não tem nenhum filtro. E atuando, seja na TV, cinema ou streamings, eu consigo mostrar outros lados, outras habilidades, as pessoas podem me ver interpretando um personagem mais sério, alguém que não tem nada a ver comigo, e ainda assim entrar nas minhas redes sociais e consumirem meu conteúdo como influenciadora. Eu tenho muita coisa para mostrar e acho importante essa versatilidade.

RG – Antes de toda essa loucura, você trabalhava com contabilidade. Hoje você desempenha vários papéis diferentes. Acho muito libertador e inspirador termos uma figura como você que mostra a multiplicidade que podemos ser. Isso também é libertador para você?

Eu cursava contabilidade antes de trabalhar com internet, meu objetivo era seguir nessa carreira, mas às vezes no meio do caminho a gente descobre outras coisas que quer fazer. Nunca é tarde para você migrar para outras áreas, quem tem vontade, quem sonha. Às vezes a pessoa inicia em algo e depois percebe que não era aquilo, é melhor do que você continuar numa coisa e ficar infeliz.

Camilla de Lucas

Camilla de Lucas – Foto: Felipe Braga

RG – O que seu trabalho como modelo significa para você?

Eu sempre tive vontade de trabalhar com moda desde pequena, acompanhava os trabalhos da Naomi Campbell. Nesse mercado, a gente sabe o quanto é difícil para pessoas negras terem destaque, então a Naomi era uma esperança não só pra mim, mas para muitas crianças e jovens. Hoje estar realizando esse sonho, que eu achei que era impossível, é uma das minhas maiores realizações.

RG – Falando em multiplicidade, pra mim você foge de clichês e não cabe em caixinhas. O Brasil esperava humor e piadas da sua participação no BBB por exemplo, e você mostrou um lado mais centrado, a braba. Você já teve que incorporar essa versão mais braba pra ser levada a sério aqui fora, nesse mercado?

No BBB, eu consegui sim mostrar esse meu outro lado de humor também, principalmente com as minhas amizades. Mas o jogo ali é algo muito sério que não tem como a gente ficar o tempo todo inteiro brincando e os nervos acabam ficando a flor da pele em alguns momentos, então a gente acaba ficando um pouco mais concentrado. Mas, aqui fora, a realidade de muitas mulheres é essa, que em vários momentos para serem levadas a sério têm que impor essa versão mais “braba”, o que só nos mostra como vivemos em uma sociedade machista.

RG – Você já falou sobre o bullying que chegou a sofrer na escola e você sempre aconselha seus seguidores a seguirem seu próprio caminho e não ligar para o que os outros pensam. Essa é uma das principais mensagens que você deixaria para quem te acompanha? O que é a principal coisa que você aprendeu nessa trajetória e deixaria de conselho?

Eu sempre compartilho essa história com meus seguidores para mostrar que, diferente de mim, eles podem se posicionar. Quando eu era mais nova, até determinada época, eu tinha muito medo de falar. Às vezes, muitas pessoas passam por essa situação e não conversam com os pais. Tem muito adolescente que me acompanha e às vezes não tem um relacionamento bom. É importante a gente conscientizar os jovens a se comunicarem, falarem para a família que estão sofrendo problema na escola, no curso, na faculdade, enfim, procurar algum adulto para pedir ajuda. Na época, eu era mais nova e tinha essa dificuldade, Mas isso me tornou uma pessoa mais forte, hoje em dia não tolero qualquer coisa que eu ouça, eu acabo rebatendo.

RG – Você está noiva, mudando de casa, tocando projetos como atriz, desfilou no SPFW… Quais sonhos você ainda tem?

Eu sou muito sonhadora, mas deixo as coisas acontecerem. Não fico programando ‘preciso que isso ou aquilo aconteça’. Já alcancei minhas metas, tem outras que quero alcançar, mas vou trabalhando e deixando que tudo aconteça.

RG – As redes sociais começaram com a promessa de vida real e se tornaram esse mercado enorme e lucrativo que acabou criando mais uma vez um distanciamento da vida real. Você sempre falou que era a blogueira da vida real e não perdeu isso mesmo depois de ter explodido. Como você consegue se manter pé no chão em um mercado cheio de ilusões que é o das redes sociais?

Acho que tudo tem a ver com propósito. Meu propósito, desde quando comecei a trabalhar com internet, sempre foi fazer com que a minha vida fosse um canal para transformar a vida do próximo. Então, acho que quando você tem esse pensamento, você não se perde nesse meio.

RG – Você comentou outro dia nos stories que acompanha todos os passos dos seus projetos pessoais e profissionais e sabe dar uma afastada de uma coisa ou de outra para não surtar. Como é a sua jornada com saúde mental?

É importante você saber a hora de dar uma pausa, analisar como que está sua cabeça. Principalmente a gente que trabalha com internet, que lida com um monte de comentários, muita gente que acompanha a gente o tempo inteiro, pessoas que dão opinião sobre tudo. Obviamente é importante ter um acompanhamento com profissional, não só quem trabalha com internet mas qualquer outra pessoa, que às vezes tem problema familiar ou alguma pressão no trabalho. A internet tem um lado muito ruim mas também tem coisa boa, por isso não me afasto totalmente, mas é importante ter um equilíbrio e saber a hora de parar ou de pedir ajuda.

Mais de Cultura