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2º Festival Margem Visual evidencia e premia arte periférica 

Obra de Patfudyda – Foto: Divulgação

Como um artista periférico, sem acesso aos grandes circuitos de artes visuais, consegue expor e fazer conhecer seus trabalhos? A pergunta pode ter muitas respostas, mas certamente uma das mais positivas está sendo dada pelo Mó Coletivo, grupo formado por Carolina RodriguesLaís Castro Mery Horta, mulheres artistas/pesquisadoras da zona Oeste do Rio de Janeiro, que idealizaaram e desenvolveram o “2º Festival Margem Visual: performance periférica”. Imbuída do desejo de fortalecer e enaltecer os trabalhos artísticos periféricos, a mostra será apresentada gratuitamente em dois locais – o primeiro, na zona Oeste, no espaço Escambo Cultural, em Sulacap, a partir das 15h do dia 03 de setembro. O MUHCAB (Museu da História e Cultura Afro-Brasileira) recebe a exposição duas semanas depois, em 17 de setembro, a partir das 14h.

Contemplado pelo edital Foca – Fomento à Cultura Carioca da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro -, nesta edição serão expostos ao público seis trabalhos, recebendo, cada um, a premiação de R$ 1 mil. Todos os trabalhos são de artistas ou coletivos artísticos com origem em locais periféricos da cidade do Rio de Janeiro, que tenham a periferia como eixo conceitual de seus trabalhos e produzam obras na linguagem da performance dentro das categorias contempladas pelo prêmio, que são Vídeo (performances gravadas em vídeo com duração máxima de 10 minutos); Fotografia (performances realizadas em diálogo com a fotografia com no mínimo uma imagem fotográfica e no máximo seis) e Ao Vivo (performances com duração máxima de 30 minutos, realizadas ao vivo).

Obra da Cia Coletiva BellyBlack – Foto: Divulgação

“Nossa curadoria ficou muito feliz com a qualidade técnica excepcional dos trabalhos inscritos, além das poéticas que dialogam com questões extremamente relevantes no tempo presente, o que reforça a potência dos artistas periféricos e da própria linguagem da performance. Uma das coisas que mais nos motiva é a capacidade de alcançar novos artistas. Isso aconteceu na primeira edição, na qual o festival foi a primeira plataforma de exposição de alguns artistas, impulsionando esse início de carreira. Neste ano, também nos surpreendemos com artistas que não estavam, até então, no circuito de arte contemporânea, e que vão estrear com trabalhos que poderiam ocupar, tranquilamente, as principais galerias de arte. O público pode se preparar para uma edição inesquecível”, promete Laís.

Obra de Mery Horta – Foto: Divulgação

Para Mery, realizar a segunda edição por meio de fomento da esfera pública confirma o do sucesso da primeira edição do festival que, em 2021, aconteceu remotamente devido à pandemia. “Nos aponta, principalmente, a importância do trabalho que o Mó Coletivo vem desenvolvendo desde sua criação, em 2019, e mostra também a necessidade que o campo da arte contemporânea ainda tem de uma verdadeira diversidade de artistas, que vêm de contextos que divergem dos eixos centrais da arte, como as periferias, além da força que a linguagem da performance possui e que ainda recebe pouca atenção e valorização nesse sistema”, pontua.

Um dos maiores desafios da curadoria foi ter que lidar com a possibilidade de contemplar artistas que já tivessem participado da edição anterior. “E, como esperávamos, essa galera veio em peso com propostas incríveis! Precisamos nos dividir entre o reconhecimento merecido a quem acreditou em nosso projeto desde o início e quem estava aparecendo pela primeira vez. Almeida da Silva vai ganhar as ruas com uma nova performance ao vivo, Patfudyda migrou da videoperformance para a fotoperformance, e também vai ocupar o espaço público com lambe-lambes; Pavuna Kid vem com tudo trazendo a cena ballroom pela HOUSE OF BUSHIDŌ!”, diz Carolina Rodrigues.

Obra de Gaba Cerqueda – Foto: Divulgação

Além disso, o Margem Visual revela ao público algumas artistas que estreiam no campo das artes visuais através do festival, como Gaba Cerqueira e Cia Coletiva Bellyblack, que vieram da dança e produziram obras vibrantes em fotoperformance. Crislaine Tavares, artista visual que participa pela primeira vez, entrará em cena com uma performance sensível, fruto do desenvolvimento de uma longa pesquisa. “Como de costume, apresentaremos os trabalhos das artistas que estão na curadoria, Mery e Laís , nos quais é possível perceber diversas questões que dialogam com a própria idealização do festival. Estamos prevendo, também, algumas participações especiais com artistas convidadas, ou seja, serão diversas atrações que apresentarão pluralidade de vivências e poéticas presentes nas nas periferias cariocas”, encerra Carolina.

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