“Carnaval”, de Di Cavalcanti – Foto: Divulgação
A Danielian Galeria apresenta a exposição “Di Cavalcanti – 125 anos”, com um conjunto de aproximadamente 40 obras raras, entre elas duas obras-primas inéditas, localizadas recentemente em Paris, na casa de uma família francesa – as pinturas em óleo sobre tela “Carnaval” (1928), 126 x 157cm, e “Bahia” (1935), 142 x 106 cm. Após a exibição na Galeria Rive Gauche, em Paris, em 1936, durante o exílio do artista na França, perdeu-se o paradeiro dessas obras.
SIGA O RG NO INSTAGRAM
“Bahia”, de Di Cavalcanti – Foto: Divulgação
Denise Mattar, curadora da exposição na Danielian Galeria, diz sobre o achado: “É uma emoção indescritível para uma pessoa como eu, que pesquisa Di Cavalcanti desde 1997, deparar com duas obras dessa importância, que nunca haviam sido vistas desde 1936, e estavam em uma coleção privada na França. ‘Carnaval’ é um painel cujas características o situam entre a produção dos anos 1929 e 1931, quando o artista criou obras-primas como ‘As moças de Guaratinguetá’, os painéis do Teatro João Caetano e ‘Samba’, a pintura perdida num trágico incêndio. O parentesco com elas é indiscutível”.
“Devaneio”, de Di Cavalcanti – Foto: Divulgação
“A outra obra inédita, ‘Bahia’, de 1935”, continua a curadora, “era uma obra conhecida dos estudiosos apenas pela descrição feita pelo importante crítico francês Benjamin Crémieux quando da realização da exposição do artista em Paris em 1936. Ver o belíssimo trabalho torna a crítica ainda mais impactante e sensível. Mostrar duas obras dessa qualidade da produção de Di Cavalcanti é uma contribuição inestimável da Danielian Galeria à arte brasileira”.
“Pierrot, Arlequim e Colombina”, de Di Cavalcanti – Foto: Divulgação
Defensor de causas sociais, Di Cavalcanti (1897-1976) havia sido preso duas vezes: a primeira em 1932, durante a Revolução Paulista, acusado de apoiar Getúlio Vargas, e, em 1936, por ser comunista. Após a segunda prisão, ele decidiu ir para Paris, com a mulher, Noêmia Mourão. Neste mesmo ano, 1936, ele expõe 16 pinturas e quatro desenhos na Galeria Rive Gauche, e ganha texto do crítico francês Benjamin Cremieux (1888-1944) no catálogo.
“Morro”, de Di Cavalcanti – Foto: Divulgação
Di Cavalcanti permanece em Paris até 1940, quando decide retornar ao Brasil por causa guerra. Ele costumava guardar suas obras maiores na embaixada brasileira em Paris, e havia incumbido um amigo a despachar esses trabalhos, em torno de 50, para o Brasil via porto de Marselha. Não se sabe o que aconteceu, mas essas obras se extraviaram, e nunca chegaram ao seu destino.
“Serenata”, de Di Cavalcanti – Foto: Divulgação
Em 1946, Di Cavalcanti voltou a Paris para tentar reaver seus quadros desaparecidos.
“Três Mulheres”, de Di Cavalcanti – Foto: Divulgação
Danielian Galeria – Rua Major Rubens Vaz, 414, Gávea, Rio de Janeiro. A partir de 6 de setembro.