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Pinacoteca SP hospeda importante mostra com obras de Warhol, Abbott, Hopper e outros

Foto: Divulgação

A Pinacoteca de São Paulo inaugura, em 27 de agosto, a exposição “Pelas ruas: vida moderna e experiências urbanas na arte dos Estados Unidos. 1893-1976”, em colaboração com a organização Terra Foundation for American Art, no edifício Pina Luz. A mostra reúne 150 obras, de 78 artistas, dentre eles, reconhecidos nomes da arte norte americana, como Andy Warhol, Edward Hopper, além de trabalhos de Charles White, Emma Amos, George Nelson Preston, Jacob Lawrence e Vivian Browne, entre outros.

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A curadoria é de Valéria Piccoli, curadora-chefe da Pinacoteca; Fernanda Pitta, professora assistente do MAC-USP e curadora da Pina até maio de 2022, e Taylor L. Poulin, curadora-assistente da Terra Foundation. Em um ano em que se celebra o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, o museu examina como a ideia de modernidade é elaborada nas artes visuais também fora do Brasil, especificamente nos Estados Unidos, que durante o século 20 constrói sua reputação como referência no cenário cultural mundial.

Foto: Divulgação

As obras em exposição datam de 1893 – ano da “Exposição Universal”, em Chicago, nos Estados Unidos, evento que marca a primeira vez que o Brasil se apresenta internacionalmente como um país republicano e alinhado com os valores políticos dos EUA – até 1976, celebração do bi-centenário da independência americana.

A mostra explora os modos como a modernidade se manifesta na produção artística norte-americana a partir das transformações das cidades e da observação dos ritmos e dinâmicas da vida nos grandes centros urbanos. Em “Pelas Ruas”, a multiplicidade dos trabalhos exibe um ambiente urbano que é ao mesmo tempo um lugar de encontro, entretenimento, multidões, mas também de segregação, solidão, conflitos, reivindicações sociais. “Fizemos a opção por apresentar uma narrativa mais expandida da arte norte americana, baseada numa maior variedade de artistas e movimentos regionais cuja produção figurativa e socialmente consciente persistiu ao longo do século 20 à margem do discurso dominante da abstração. A seleção contempla muitos artistas afro-americanos, mulheres e também um indígena”, ressalta Valéria.

A lista dos trabalhos inclui empréstimos vindos de 16 importantes instituições culturais como o Whitney Museum of American Art, Nova York (EUA); Los Angeles County Museum of Art, Los Angeles (EUA), o Museum of Contemporary Art Chicago, Chicago (EUA); International Center of Photografhy, Nova York (EUA); a própria Terra Foundation for American Art, entre outros. Grande parte são pinturas e gravuras, ao todo 80 trabalhos. A totalidade se completa com fotografias. Destaque para as imagens de Berenice Abbott, Diana Davies, Gordon Parks, Robert Frank Walker Evans.

A curadoria contemplou obras de um elenco de artistas mais diversificado com alguns nomes até desconhecidos no cenário brasileiro. É o caso de Charles White (1918-1979) e Emma Amos (1937-2020). White teve, em 2018, uma retrospectiva no MoMA (NY, EUA) mas, no Brasil, fará parte de uma exposição pela primeira vez. Seu trabalho “Wanted Poster Series #14” (1970) questiona os resquícios de uma mentalidade escravista a partir de um poster do século 19, onde se ofereciam recompensas por escravizados fugidos.

Já as obras de Emma Amos sempre confrontam o sexismo e o racismo. A pintura “Eva the Babysitter” (1973), que está em “Pelas Ruas”, foi produzida enquanto Emma era a única mulher a integrar o coletivo de artistas afro-americanos “Spiral Group”, na década de 1970. A potencialidade das artistas mulheres também foi privilegiada na seleção das fotografias, exemplificada nas imagens de Diana Davies, que não apenas se engajou como registrou as passeatas e protestos em Nova York em prol do respeito à comunidade LGBTQIA+, como também nas fotos de arquitetura feitas por Berenice Abbott em Nova York. Outras imagens de cunho social, que abordam situação dos desempregados e imigrantes em São Francisco, feitas por Dorothea Lange, e os retratos de Gordon Parks sobre a cena musical do Harlem, um bairro periférico e predominantemente negro de Nova York, também estarão expostas.

Foto: Divulgação

De Andy Wharol, “Pelas Ruas” exibe um trabalho bastante singular na trajetória do artista e distante das imagens que o deixaram mundialmente famoso. Trata-se de uma gravura, de 1965, de cunho político, que aborda um episódio de violência policial ocorrido no estado do Alabama. Já do Edward Hopper, a gravura “Night Shadows” (1921) e a tela “Dawn in Pennsylvania” (1942) exemplificam suas tradicionais temáticas ligadas à solidão e melancolia das paisagens urbanas.

A organização expositiva ocupa sete salas do primeiro andar do edifício Pina Luz e as obras estão divididas em 7 núcleos:  A cidade branca, onde estão os materiais referentes à “Exposição Universal”, de 1893; Experimentações artísticas, que explora como a transformação das cidades pela construção de arranha-céus e eletrificação das vias, por exemplo, influencia no vocabulário artístico de uma época. Em O Individual e o coletivo, destaque para a diversidade das populações e a criação de comunidades como, por exemplo, Chinatown, famoso bairro de Nova York.

Nas próximas salas, o visitante encontra Ritmos e padrões da cidade, referência a quanto do ritmo da nossa vida cotidiana é ditado pela dinâmica do deslocamento entre pontos de uma cidade. No núcleo A multidão anônima, encontram-se representações da massa urbana e também da sensação de ser um indivíduo em meio a muitos outros. Engajamento e separação reúne trabalhos mais políticos dos anos 1960 e 1970, que exploram o espaço urbano como palco para manifestações e reivindicações. Por último, Cidades reimaginadas aborda o modo como a contracultura da década de 1970 propôs e pensou outras formas de convivência em sociedade. A mostra termina com a projeção do filme “Tree Dance” (1971), de Gordon Matta-Clark, em que vários performers tentam habitar uma árvore, utilizando lençóis, cordas para ocupar o espaço.

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“Pelas ruas: vida moderna e experiências urbanas na arte dos Estados Unidos. 1893-1976” propõe olhar para a arte norte americana do século 20 sob o viés da representação da vida nas cidades, que define muito do que entendemos como a cultura americana até os dias de hoje. O Catálogo bilíngue, em português e inglês, reúne além das imagens das obras, textos de apresentação assinado pelas curadoras e ensaios de autores convidados, além da tradução de artigos críticos sobre a “Exposição Universal”, incluindo da feminista americana Ida Wells e do abolicionista americano Frederick Douglass, e manifestos dos movimentos civis Black Panther e Alcatraz, que denotavam a efervescência política e social dos ano 1960 e 1970, retratada por muitos dos artistas em “Pelas Ruas”.

Pinacoteca – Praça da Luz, 2, Luz, São Paulo.

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