O que em 2015 era apenas um passatempo acabou tomando forma e volume durante o isolamento social, período em que os shows foram cessados, mas a mente criativa de Max B.O. – um dos nomes mais importantes do rap nacional – não parou um segundo sequer. A iniciação no universo das artes plásticas começou com colagens, por meio da criação do Colarteum, perfil onde reúne suas obras. “Comecei com cola, papel e tesoura. Não queria usar mais nada, nem estilete.”
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Para um cara que arquiteta cada palavra de suas rimas numa velocidade de pensamento impressionante, só esses itens pareciam pouco. Foi, então, que começou a incorporar em seu trabalho as peças do cotidiano: parafusos de trilho de trem, moedas, chaves e até um relógio quebrado do próprio artista.
Max-B.O. -Foto: Mariana Harder
Expondo essas criações, está a mostra “Ojú Adé – o Olho da Coroa”, no Tendal da Lapa. A icônica exposição se divide em três principais pilares: uma passagem pelo período das colagens com homenagens a Maria Bethânia e Gilberto Gil; um mergulho profundo por obras finalizadas em resina epóxi com desenhos, colagens de objetos como botões, plugs de mixer, búzios, entre vários outros; e sua série mais recente, composta por 26 azulejos, intitulada “Orixás, Santos Pretos e Entidades”, com ícones como o Panteão do Candomblé, Zé Pilintra, Santa Sara e Caboclo de Lança.
“Algumas dessas são inspiradas em meus ancestrais e meus guias, como Sultão das Matas e Capa de Aço, entidades do Ilé Asé Opo Baragbo, minha casa de Asé”, destaca.
A exibição conta ainda com “Ogó”, uma escultura feita especialmente para essa estreia, além do quadro “Criolé sobre o Chão do Vai Vai”, um dos mais significativos. A obra é uma homenagem a Otávio Câmara do Nascimento, criador do personagem que está reproduzido com pintura, lantejoulas e um pedaço do piso da demolição da escola de Samba Vai Vai, onde Max faz parte da ala dos compositores.
“Meus trabalhos são patuás de parede. Elas trazem significados peculiares e energias dos objetos que elas carregam”, diz.
“Ojú Adé”, nome de iniciação do artista no candomblé, significa “Olho da Coroa”. A curadoria é do grafiteiro Bonga e da galerista Ceres Macedo.
Em sua primeira incursão no mundo das artes plásticas, teremos a oportunidade de vasculhar a mente inquieta e criativa de um dos artistas mais importantes da música brasileira que, agora, nos convida a conhecê-lo além das rimas.