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Galeria Marília Razuk estreia exposições de Maria Andrade e Fabrício Lopez

Obra de Maria Andrade – Foto: Ana Pigosso

Neste sábado (06.08), a Galeria Marília Razuk abre, simultaneamente, individuais dos artistas Maria Andrade e Fabrício Lopez. Com texto de Rodrigo Naves, a exposição Sem Sombra de Dúvida”, de Maria, apresenta cerca de 30 pinturas inéditas, são paisagens ora imaginadas ora recordadas, e também pinturas inspiradas em desenhos de tapeçaria. Já em “Selva”, mostra com texto assinado por José Augusto Ribeiro, Lopez traz ao público xilogravuras de grande dimensão e serigrafias produzidas ao longo do período de isolamento social imposto pela pandemia.

É por meio da pintura que a obra de Maria ganha vida. Em sua nova exposição, ela apresenta suas diversas formas de criar paisagens. “Às vezes são mais abstratas, não é bem a realidade”, explica a artista.

Em “Sem Sombra de Dúvida”, Maria desdobra memórias de paisagens das serras do Rio de Janeiro e traz, também, as paisagens que habitam seu imaginário. Aficionada pelo gesto de criar e ver nascer cores, Maria diz que as telas são quase um pretexto para usar a paleta que nasce em suas mãos.

Sem se prender a regras pictóricas, Maria busca trazer o que chama de luz interna às suas obras. Suas paisagens não supõem dias ensolarados, como escreve o crítico e historiador de arte Naves no texto que acompanha a exposição. “A representação do sol foi pintada inúmeras vezes. Foi metáfora do fim de uma era, do início de um novo mundo ou do trabalho árduo, realizado a sol a pino. Na pintura de Maria o sol está ausente. Essa característica dá a sua arte uma ambiguidade repleta de alternativas de observação”, reflete Naves.

Obra de “Selva”, individual de Fabrício Lopez na Galeria Marília Razuk – Foto: Divulgação

“Selva”

O caderno de um artista é, por vezes, seu ateliê portátil. É uma espécie de incubadora para as grandes ideias. Os trabalhos com carvão sobre madeira e as serigrafias de grandes dimensões criadas por Lopez e exibidas em “Selva”, nasceram a partir dos desenhos criados durante o período de isolamento imposto pela pandemia. São imagens oníricas e também de observações do cotidiano onde, em comum, a coloração preta predomina – tal qual um luto.

A “Selva” de Lopez traz um cenário de urgências em obras que expressam a intensidade dos elementos, das linhas, das figuras e das sugestões de figuras. Não ao caso, entre as principais características de sua obra está a distensão dos limites da gravura.

Segundo Ribeiro, diretor artístico da galeria e autor do texto que acompanha a mostra, “são inquietações que se apresentam de saída na escala dos trabalhos, denotativa da vocação pública e da vontade de abrangência dessa produção. E não que este sejam trabalhos necessariamente grandes no tamanho, tampouco estão entre os maiores já realizados pelo artista. Mas tratam-se de obras vultosas, pelas proporções em que se dão as relações entre imagem, suporte e arquitetura”, afirma.

O trabalho de Lopez costuma ser referenciado pela ampliação à escala mural das impressões de xilogravura; por retrabalhar e apresentar matrizes de grande formato como suporte final do trabalho; ou ainda por incorporar, nessas experiências, também os materiais, as ferramentas, os processos e os repertórios de outras linguagens das artes visuais – do desenho, da pintura, da colagem, do relevo, da fotografia, da instalação – e de outras manifestações – do cinema, dos quadrinhos, da literatura.

Por meio de uma dessas experiências, o artista chegou à série de relevos que dá título à mostra, “Selva”. “Nessas obras, Lopez apresenta pela primeira vez um trabalho com pintura e entalhe sobre chapas de madeira (em tamanho padronizado pelo comércio) que não foram utilizadas antes como matriz – e que foram, portanto, atacadas de saída para ser como se apresentam agora”, diz Ribeiro. “ A ‘selva’, aqui, é uma vastidão cerrada de planos diversos, com operações que se iniciam em marcações feitas com carvão, seguidas pelo nanquim aguado distribuído com rolinho e pincel e, depois ainda, pelos cortes no suporte feitos com a goiva. No resultado, surgem os contrastes: entre pretos com densidade diferentes, do carvão e das tintas mais e menos liquefeitas; entre os pretos todos e a crueza da madeira; entre o que ali vem do desenho, o que vem da pintura e o que vem do entalhe, ao mesmo tempo imbrincados e em negociações constantes”, finaliza o curador.

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