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Bernardo Bibancos dirige Lu Grimaldi no monólogo “Pundonor”

Bernardo Bibiancos – Foto: Jennifer Glass

Trinta anos depois de carregar no colo a então criança Bernardo Bibancos, Lu Grimaldi agora é dirigida por ele em um novo monólogo, “Pundonor” (sm. Situação em que a honra e a dignidade são os pontos principais), premiado texto da atriz e dramaturga argentina Andrea Garote.

 

Durante seus anos de estudo em Buenos Aires, Bibancos, ator, roteirista e mestre em dramaturgia pela Universidade Nacional das Artes, onde Andrea leciona e coordena a pós-graduação, assistiu a montagem original de “Pundonor”, dirigida por seu também professor, Rafael Spregelburd. Apaixonou-se pelo texto, adquiriu os direitos e convidou Lu, amiga da família Bibancos, para incorporar Claudia Pérez Espinosa, papel interpretado pela própria autora na montagem portenha.

Claudia é uma professora universitária com doutorado em sociologia que volta ao trabalho após meses de uma licença forçada. Tida como insana tanto por seus colegas quanto por seus alunos, ela retorna para uma última classe em que usará dos pensamentos de Michel Foucault, sua especialidade, para provar que a loucura talvez seja a mais sã das ideias.

Bernardo Bibiancos – Foto: Jennifer Glass

“Um dos aspectos mais angustiantes para um jovem profissional nessa carreira é a sensação de solidão. Eu fui estudar dramaturgia porque queria escrever meus próprios textos, criar bons personagens para os amigos, encontrar formas coletivas de sustentabilidade. Espero que esse projeto seja o primeiro de muitos”, conta Bibancos.

O texto de Andrea questiona o paradoxo de nossa consciência atual, a luta contra a pulsão estática e o avanço da centralização do poder que nos sufoca, a reprodução constante dos mecanismos de poder, retomando a discussão sobre a pecha de louca imposta às mulheres para desqualificá-las na sociedade, tema recorrente no trabalho de Lu Grimaldi e já tratado no monólogo “Palavra de Rainha”, quando interpretou a rainha Dona Maria I, “a louca”, a única mulher que assumiu o trono português.

“As minhas escolhas, os caminhos que me interessavam, nunca foram ortodoxos, estáveis, diretos. Essa ideia da ‘louca’ já me perseguiu muito. Hoje, eu considero quase um elogio” comenta Lu, rindo da situação.

Tendo como locação o espaço de uma universidade real, a Unisa (Universidade Santo Amaro), o espetáculo, que foi intitulado como “o melhor monólogo da década” pela imprensa argentina, estreia em 13 de agosto, e fica uma temporada de quatro meses no Campus de Santo Amaro (Rua Isabel Schmidt, 349) e serve como base e tema de sala de aula para os diversos cursos ministrados pela universidade.

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