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“Improvável”: Elisa Stecca celebra processo criativo com livro e exposição 

Elisa Stecca – Foto: Fabio Correa

Da pedra ao ouro, da borracha à prata, do colar à aquarela, da gravura à instalação, da escultura ao livro de caixinha. Assim, artista multifacetada, tirando inspiração de suportes variados, nada tradicionais, Elisa Stecca lança a obra “Improvável”, que foca na sua produção mais recente, entre 2016  e 2022. Projeto contemplado com o ProAC Expresso Lei Aldir Blanc, o livro terá uma maratona cultural de lançamento.

Inicialmente, no dia 06 de agosto, tarde de bate-papo e autógrafos com a autora, na icônica Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo. Posteriormente, tema de exposição no MACS e ArtRio, no Rio de Janeiro, e na Galeria Lemos de Sá, em Belo Horizonte.

A exposição de mesmo nome é uma compilação de várias séries retratadas no livro e funciona como uma imersão no processo intenso da artista, que trabalha com criações em fluxo e ideias que se desdobram em diversos suportes. O livro tem apresentação de Rejane Cintrão. Ela faz também a curadoria da exposição, além de uma entrevista com a artista, que revela muito da sua trajetória “improvável”.

Elisa cursou Direito na USP e se formou em Artes Plásticas na Faap. Estudou joalheria com Nelson Alvim, estilo com Marie Rucki, do Studio Berçot, em Paris, e técnicas variadas em vidro na Pilchuck Glass School, em Seattle. Participou de várias mostras em museus e galerias nacionais (Museu de Arte Sacra, Museu de Arte de São Paulo, Centro Cultural Vergueiro, Sala Funarte, no Rio de Janeiro) e internacionais (Museum of Contemporary Art, Los Angeles, The Weissman Museum of Minnesota, The Walker Art Center, em Mineápolis, Claustro de la Basílica de La Puríssima Concepción, na Espanha). Em 1993, abre a Elisa Stecca Design, elaborando projetos e peças de joias e objetos de design.

Apresentou suas coleções em desfiles da Semana de Moda, Casa de Criadores, Phytoervas Fashion e no Crossing Fashion em Graz, Áustria. Em 2011, lançou o livro “Hoje é o Dia Mais Feliz da Sua Vida”  e, em 2019, o livro em formato de caixinha, “Pergunte ao Oráculo”, ambos pela Editora Matrix.

Em seu terceiro livro, é possível ver que a obra de Elisa transpassa as fronteiras da arte institucional e explora diversos meios de expressão que vão da moda à joalheria, da escrita à gastronomia, num processo alquímico e incansável de autoconhecimento e de materiais conectados à natureza, à magia, à cura e, obviamente, à vida. Improvável traz cerca de 100 fotos de trabalhos da carreira de Elisa, com destaque para a produção realizada nos últimos cinco anos.

Dentre elas, a exposição “Silencio”, no Museu de Arte Sacra de São Paulo, que foi recorde de visitação no museu; “Salar, Black is Beautiful” (2020), séries usando vidro e nanquim, inspiradas pela luta antirracista e no movimento “Black Lives Matter”; “Garimpo” (2021), em que reflete sobre o garimpo ilegal no Brasil e a violência contra os povos originários até “O Peso dos Sonhos” (2020), em performance em que a própria artista aparece ancorada sob o peso das pedras. A enigmática e sugestiva foto virou a capa do livro. Uma comunicação não verbal entre o corpo e o mineral.

“Gosto de pensar na realidade objetiva e na realidade subjetiva, do ponto de vista pessoal, na possibilidade de transformar nossas pedras em ouro. Quando uso a expressão ‘nossas pedras’, falo das nossas mazelas, dificuldades, sombras que, por meio de muita disciplina, quando expostas à luz, revelam o nosso ouro, o nosso melhor, o nosso precioso”, destaca Elisa.

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