Ator Felipe de Carolis nos bastidores de “Nosso Lar 2”, sequência de obra baseada em livro de Chico Xavier – Foto: @iqueesteves
Após o sucesso de “Nosso Lar” (2010), filme recordista de bilheteria baseado no livro homônimo de Chico Xavier, a obra volta para uma segunda história, intitulada “Nosso Lar 2: Os Mensageiros”, com direção de Wagner de Assis e previsão de lançamento para o primeiro semestre de 2023.
Felipe de Carolis, que vive protagonista da trama, compartilhou a experiência nas gravações e adiantou algumas informações sobre o filme, produzido pela Star+ e Disney+.
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Leia a seguir a entrevista com o ator.
Depois de anos com musicais e peças no teatro, essa é a primeira vez que você vive um protagonista no cinema. Como é ter essa estreia em um papel de tanto peso?
Muitas pessoas falaram: “Nossa, você vai fazer o Otávio? Meu Deus, que peso, que responsa”. Eu fiz uma escolha muito arriscada que foi não ler o livro que inspirou o filme.
Quando eu entendi o tamanho da expectativa das pessoas sobre a sequência, aquilo me deixou com uma sensação de que havia muitas impressões que eu deveria cumprir para tentar me assemelhar a um personagem que está escrito no papel, cuja transcrição dependia absolutamente do meu trabalho, do diretor, da caracterização. Não tem como atingir todas as expectativas.
Qual foi seu processo para construir uma personagem já tão comentada pelo público?
A minha ideia era que esse cara, uma pessoa que erra bastante, não tivesse uma perspectiva única e que o público pudesse categorizá-lo como anti-herói em vez de unicamente como vilão. Por isso, os créditos da minha preparação vão para a convivência com a equipe e a confiança entre essas pessoas, porque eu tive muito pouco tempo. Confiei nas relações que nós fomos criando nos bastidores, deixando de lado e abrindo mão desse “compromisso” de agradar todo mundo.
O Otávio do filme comporta a história de três personagens do livro, então, se as pessoas acham que ele é vilão, que ele é uma criatura errante, ele se torna um pouco mais errante e um pouco mais vilão no filme. E mais humano, na verdade. Eu estabeleci um traçado para ele que estivesse como numa tragédia: o destino já existe.
Há muita pressão sobre essa continuação, mas durante todo o processo, eu pedi e até briguei com algumas pessoas que tentavam se comunicar comigo insistentemente para me passar impressões sobre o que elas achavam que esse personagem deveria ser. E eu quero que ele seja uma criação original, sabe? É uma construção da equipe.
Como foi contracenar com Edson Celulari?
O Edson é um acontecimento, né? Como esse cara é generoso, gente boa. Ele e a Fernanda Rodrigues, que são as pessoas com as quais mais contracenei. Eu abri o filme junto com o Edson, a gente gravou a nossa primeira cena do filme e logo em seguida a última. Estávamos juntos do começo ao fim, literalmente. É difícil falar isso sem dar spoiler, mas o meu personagem estava em todos os cenários com ele. O clima foi incrível.
Para você, qual é a principal mensagem do filme?
O filme é basicamente uma lição sobre como, na vida, a gente pode ser útil quando a gente tem tempo e disponibilidade para olhar para o outro, estender a mão para ajudar.
É também um tratado de aprendizado, uma demonstração do mal do nosso século: a vaidade é destrutiva, seja na rede social, no mercado de trabalho, nessa voracidade desenfreada, especialmente nos jovens.
Eu faço um personagem que é símbolo disso: você tem todas as ferramentas para ajudar a sociedade, mas a possibilidade de você ter um pouco mais que os outros, materialmente falando, acaba te transformando numa pessoa exacerbadamente vaidosa.