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WD fala sobre sua trajetória e preparação para o álbum “Periferia”

WD se prepara para lançar o álbum “Periferia” – Foto: Márcio Farias

“Desde quando eu via o Rick Martin na TV sabia que era isso que eu queria fazer”, diz WD sobre como foi parar no mundo da arte, embora nessa época ainda não soubesse se iria para a música ou alguma outra área. Com o tempo, sua lista de inspirações foi aumentando, e passou a incluir fenômenos do pop como Anitta e Iza. Mas em meio a tantas referências, WD ainda precisava descobrir algo muito importante: quem ele era.

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Tudo começou com a dança. Acostumado a reproduzir todas as coreografias que via na TV, se expressar com o corpo era algo natural para o garoto. Tanto que, sempre que podia, ele estava dançando, e quando as oportunidades não surgiam ele as criava. “A gente cantava o hino nacional da escola toda semana, mas antes dele sempre tinha uns minutos que ninguém fazia nada. Nesses momentos eu costumava pedir para a diretora me deixar dançar”, relembra. 

Embora tenha recebido vários “nãos”, o jovem continuava pedindo, e foi com essa insistência que, um dia, o deixaram se apresentar na frente da escola, fazendo com que todos os olhos se voltassem para ele. “Por coincidência a prima da diretora era dona de uma escola de dança na comunidade onde eu morava e ela me levou para lá”, conta WD que depois disso foi para o teatro e, por fim, para a música.

Na verdade, foi só quando entrou para a igreja que passou a se conectar mais com as músicas cantadas. “Quando eu sou tirado da escola de dança e sou inserido na igreja, a minha matéria prima para expressar minha arte deixa de ser só o meu corpo e se torna a minha voz”, destaca. Tendo que cercear seus gestos e movimentos, a religiosidade acabou se mostrando muito restritiva para o artista, cantar era a única coisa que ajudava.

A criatividade também foi um importante refúgio para WD nesse momento e, aos 12 anos, ele já começou a se entender também como compositor. Ainda que ele só escrevesse coisas ligadas à religião, o fato de praticar a composição nessa época foi extremamente importante para o artista que ele se tornaria no futuro. 

“O mais engraçado é que eu tenho essas primeiras letras que fiz até hoje, e elas são o que há de mais básico né, não são muito profundas, mas me ensinaram a colocar para fora o que eu sinto”, conta ele, que busca contar histórias com sua poesia, primeira forma que suas composições tomam antes de virarem músicas propriamente ditas.

Capa de “Periferia”, single que leva o mesmo nome do álbum de WD – Foto: divulgação

Olhando para todo esse material que construiu ainda jovem, o artista não deixa de notar como amadureceu, algo que aconteceu mais claramente depois que saiu da instituição religiosa. “Quando você tá na igreja fica muito em um ciclo de ‘isso é errado, isso é pecado, isso eu não posso’, então meu discurso na música era sempre de arrependimento, depois que saí passei a falar mais do meu cotidiano, dos meus afetos.”

Isso não significa que tudo tenha ficado claro para WD nesse momento pós-igreja, a saída o deixou um pouco perdido por um tempo. “Quando rola essa ruptura você não sabe o que fazer direito. Eu cantava um gênero musical, agora eu vou sair e vou cantar o que?”, pensava ele nesse primeiro momento. Foi por isso que, por um tempo, ele focou em outras coisas como a dança, chegou a trabalhar como professor de zumba e como dançarino para algumas drag queens.

Depois de entender melhor seu lugar em um cenário fora do religioso, WD se viu pronto para mostrar sua arte e, assim como insistia com a diretora na época de escola, passou a ir de porta em porta pedindo para se apresentar. Já com uma música no repertório, “Loucura de Amor”, as coisas foram acontecendo aos poucos, mas o cantor viu que ainda faltava algo. 

“Isso foi bem no momento que a Anitta apareceu no cenário e a gente começa a assistir um fenômeno do pop. Então eu comecei a olhar para a carreira dela e ver o que eu precisava fazer para conseguir chegar nesse lugar”, conta ele. E foi com esse jeito metódico de planejar os próximos passos que o artista decidiu tentar reality shows.

Certo de que se tornaria mais conhecido se aparecesse nesses programas, o artista passou por um período em que realizou uma série de testes. Tentou “Qual é o seu talento?” em 2010, “Ídolos” em 2011 e ainda se aventurou em coisas mais para o lado dos musicais, mas sua primeira chance de ir para o ao vivo em alguma dessas tentativas foi no “The X Factor Brasil”, em 2016. “Me preparei meses para esse dia, achei que fosse o meu momento e chegando lá eu acabei desafinando em momentos importantes da música e não passei”, relembra.

Depois disso, WD passa por um momento de muitas incertezas e inseguranças. “Nada dava certo porque eu não sabia onde eu queria chegar, não sabia quem eu era, e eu era muito novo ainda. Mas eu estava tentando, e é legal que isso me construiu até aqui”, afirma. É então que a Iza aparece no cenário musical mais ou menos na mesma época em que a Beyoncé lança o álbum “Lemonade”, várias coisas que foram mexendo com o cantor e o ajudando a se entender melhor.

Em entrevista, o cantor falou sobre sua trajetória – Foto: Márcio Farias

Em um dia de 2018, quando estava muito triste e precisando desabafar, WD começa a escrever “Eu Sou”, música que mudaria sua vida. “É muito louco porque a cada frase que eu escrevia parecia que ia arrebentando uma corrente de mim. Eu me conectei com o meu passado, perdoei algumas feridas antigas, então foi realmente uma virada de chave para mim”, ressalta. 

Apesar de fazer mais shows e se tornar mais conhecido, as coisas ainda não estavam acontecendo da forma como o artista gostaria. Como bom estrategista, o artista para mais uma vez e reflete sobre o que precisa fazer para chegar aonde quer. “Eu vi que algumas pessoas estavam fora do País mas repercutiam na mídia aqui então pensei ‘e se eu for para fora e conseguir uma nota em algum portal no Brasil?’”, pensou. Foi assim que ele traçou seu plano e foi parar em um reality show no Uruguai.

Muito bem recebido no vizinho latino-americano, WD viralizou em vários países próximos até começar a ser notado pela mídia brasileira. Aproveitando o momento, ele resolveu lançar algumas coisas por lá mesmo para continuar repercutindo aqui como “o jovem brasileiro que viralizou na América do Sul”, até dar a hora de voltar.

“Desde que o ‘The Voice’ veio para o Brasil eu me inscrevo nele, mais por obrigação porque nunca achei que fossem me chamar, não achava que eu tinha qualidade vocal para isso”, contou ele, que não só foi chamado para a edição de 2021 como encantou o público e pôde ter a própria Iza como técnica. De lá para cá, pode-se dizer que WD finalmente chegou onde queria, mas longe de ter se conformado, ele continua com seus vários planos. Ainda mais agora que ele se conhece o suficiente para isso. 

Com alguns lançamentos marcados, o cantor está divulgando seu último single, “Periferia”, homônimo do seu álbum que deve ser lançado ainda este ano. “É um disco que retrata o momento em que eu passo a enxergar que a arte também é sobre o outro, não só sobre mim. Então eu me inspiro não só na minha história mas também na de outras pessoas”, explica.

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