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Teatro Sérgio Cardoso recebe o Dança em Trânsito

Foto: Gregory Batardon

Um dos mais longevos festivais de dança contemporânea do Brasil, o Dança em Trânsito completa 20 anos com uma edição comemorativa que se estende por mais de três meses, percorrendo todas as regiões do País, incluindo uma parada em Paris no mês de setembro. De 14 de julho a 21 de outubro, 36 companhias e artistas do Brasil, Eslovênia, Espanha, França, Itália, Suíça e Coreia do Sul ocupam palcos e espaços públicos de 13 capitais brasileiras e 18 outras cidades com espetáculos, residências, intercâmbios e oficinas. Em São Paulo, o festival acontece entre 28 de julho e 1º de agosto, no Teatro Sérgio Cardoso, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e gerido pela Amigos da Arte. O 20º Dança em Trânsito é apresentado pelo Ministério do Turismo e pelas empresas Instituto Cultural Vale e Engie, que também patrocinam o evento.

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Com realização e produção do Espaço Tápias e direção artística e curadoria de Giselle Tápias e Flávia Tápias, o festival internacional Dança em Trânsito acumula, desde 2002, números superlativos, com cerca de mil apresentações em mais de 30 cidades, no Brasil e no exterior, envolvendo uma centena de companhias oriundas de 16 países, vistas por mais de 60 mil pessoas. Em 2020, durante a pandemia, realizou uma versão online – indicada ao Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), na categoria “Difusão” – e, em 2021, a primeira edição híbrida, com passagem por 25 cidades.

Foto: Divulgação

“Quando criamos o Dança em Trânsito em 2002, pensamos não apenas em fazer mais um festival de dança, mas contribuir, de alguma forma, para um maior intercâmbio entre artistas do Brasil e do exterior e para a democratização da dança, seja com a itinerância por outras capitais e pequenas cidades com pouco acesso à cultura, ou com a ocupação de espaços públicos em apresentações gratuitas, ou ainda abrindo espaço na programação a companhias e artistas fora do eixo Rio-São Paulo”, explica Giselle Tápias. “Ainda dentro desse propósito, desenvolvemos oficinas e residências com bailarinos e coreógrafos brasileiros e estrangeiros nas cidades por onde passamos e capacitação para professores multiplicadores. São ações das quais não abrimos mão ao longo dessas duas décadas, mesmo nos anos em que tivemos que adaptar o festival à situação econômica da época”, celebra.

O Teatro Sérgio Cardoso, localizado na capital paulista, recebe espetáculos de cias nacionais e internacionais na Sala Paschoal Carlos Magno e no foyer, e uma oficina de dança contemporânea, ministrada por Maxime Cozics, em 29/7. No dia 31/7, o coreógrafo e bailarino francês apresenta o solo Emprise, com sua Cie Felinae.

Da França, vem também a Cie Arrangement Provisoire, que abre as apresentações em São Paulo, no dia 28/7.  Blanc – da coreógrafa e bailarina brasileira Vania Vaneau, radicada há mais de 20 anos na Europa – foi criado a partir de influências que vão dos rituais xamânicos afro-brasileiros, à obra de Hélio Oiticica e ao movimento antropofágico modernista.

A Cie Sam-Hester, dirigida pela coreógrafa suíça Perrine Valli, apresenta Jour Blanc, em 31/7. Para questionar nossa ligação com a tecnologia, adolescentes, munidos de fones de ouvido,  executam a coreografia por controle remoto, abrindo mão da própria memória e da gestão do espaço. Aos poucos, vão desafiando a ordem e afirmando sua subjetividade.

Sediada na Espanha, a companhia GN | MC, dos coreógrafos e bailarinos Guy Nader & Maria Campos, escolheram Set of Sets para esta edição do festival. Exibida no dia 1/8, a coreografia usa a repetição e o ritmo no movimento dos corpos, que desafiam a gravidade, como metáfora para a natureza repetitiva da própria existência e a ideia de persistência.

Foto: Sérgio Fernandes

Radicado na Alemanha, o coreógrafo e bailarino brasileiro Gleidson Vigne apresenta, no dia 31/7, o solo Adapta-bilidade com a sua NIMO Cia de Dança, em que traça um paralelo sobre a capacidade de adaptação tanto na dança como na vida.

Dança Inacabada é a nova coreografia do Ateliê do Gesto, companhia goianiense dirigida por Daniel Calvet e João Paulo Gross, programada para o dia 29 de julho. No dia seguinte, o premiado espetáculo (Melhor Espetáculo de Dança presencial – APCA, 2021) ou 9 ou 80, da paulistana Clarín Cia de Dança, dirigida pelo maranhense Kelson Barros, aborda a cultura funk e a realidade de desigualdade, racismo e homofobia retratada pelos movimentos periféricos.

O Grupo Tápias, companhia franco-brasileira residente do Espaço Tápias e associada ao Dança em Trânsito, estreia a versão integral de Café não é só uma xícara na programação do festival, com apresentação em São Paulo no dia 28 de julho. Com coreografia e direção artística de Flávia Tápias, o trabalho é inspirado na obra do fotógrafo Sebastião Salgado, em que são evocados sentimentos e sensações associados  à bebida. Com patrocínio do Instituto Cultural Vale, o espetáculo fará 20 apresentações no Brasil e na França. O Grupo Tápias abriu audições para selecionar parte do elenco, que é formado por brasileiros e estrangeiros: “O espetáculo começou a ser pensado há mais de três anos. Chegamos a apresentar um work in progress em 2019, mas, por conta da pandemia, adiamos a estreia para este ano”, comenta Flávia Tápias. A companhia apresenta ainda no festival o solo Casa de Abelha, criado e interpretado por Flávia.

Foto: Gilles Aguiar

Este ano, o festival lança a inédita Vitrine Brasileira de Dança Contemporânea, que dá oportunidade a artistas de todo o país se apresentarem diante de representantes, diretores ou curadores de festivais internacionais de dança contemporânea. A iniciativa, que será realizada no Teatro Prudential, Rio de Janeiro, inclui a residência Ateliê Escrita da Dança, com encontros orientados pelas facilitadoras convidadas – a jornalista, crítica de dança e escritora francesa Rosita Boisseau, e a brasileira Ana Teixeira, artista, pesquisadora e Doutora em Comunicação e Semiótica (PUC/SP).

Entre 12 e 18 de setembro, o Dança em Trânsito desembarca mais uma vez em Paris com apresentações e workshops de artistas e companhias brasileiras, como Márcia Milhazes, Renato Vieira, Gleidson Vigne, Cia Gente e Cia do Pantanal, Jessé Batista. O circuito parisiense passa pelo centro cultural Le Carreau du Temple; MPAA /Saint-Germain; Le Regard du Cygne; Embaixada do Brasil; e ainda em espaços públicos como a Place de Fêtes.

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