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Luciano Quirino brilha em “Além da Ilusão” e estuda cinema para atuar por trás das câmeras

Luciano Quirino – Foto: Márcio Farias

Versátil e talentoso são dois adjetivos que traduzem a capacidade de Luciano Quirino interpretar personagens diversos, aos quais  se dedica sempre com o mesmo afinco. Aos 35 anos de carreira, e 56 de idade, escolhe seus trabalhos e não aceita se limitar a papéis de negros submissos. Afinal de contas, Quirino é empoderado por natureza. Quem não se lembra do médico Laerte da novela “Laços de família”?

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Atualmente, vive o ex-lavrador e operário, Abílio Nogueira na trama das 18h da TV Globo, “Além da Ilusão”, papel para o qual foi convidado por Luis Henrique Rios. Ambientada em Campos dos Goytacazes (RJ), a novela se passa entre os anos 1930 e 1940. Foram dois meses de estudos, preparação, aulas de equitação, pandeiro, tecelagem, voz, laboratórios, tudo para Quirino entrar na pele e na alma de Abílio, honrado trabalhador, viúvo que cria sozinho o filho Bento (Pedro Guilherme Rodrigues, na primeira fase, e Matheus Dias, na segunda). 

No teatro, já interpretou textos de grandes dramaturgos como Ibsen, Shakespeare e David Mamet, autor de “Race”, em que atuou sob direção de Gustavo Paso. Na TV, onde começou apresentando telecurso na TV Cultura, esteve em várias séries, como “Sob pressão”, da Globo, e “Galera FC”, exibida na HBO Max, que deve voltar a gravar no segundo semestre deste ano. Quirino foi também protagonista de “9mm – São Paulo”, exibida na Fox e que ganhou o APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como Melhor Série Policial.

Quirino não é do tipo que se acomoda, muito pelo contrário, aprendeu teatro, dança, música tudo para poder se aperfeiçoar e interpretar cada vez melhor. Seguindo sua onda de aprimoramento ele está cursando cinema, e quer ir além das câmeras, pretende roteirizar e dirigir filmes. Tem tudo para dar certo. “Eu sou apaixonado pelo audiovisual e tenho muita vontade de trabalhar por trás das câmeras, dirigindo, escrevendo e produzindo.”

Leia a seguir o papo que RG teve com Quirino.

Já trabalhou com algo que não fosse como ator? O quê?

Sim. Em épocas de “entressafra” precisamos continuar a pagar as contas. Já dei aula de teatro, dança, vendi planos de saúde, vendi roupas e atuei como corretor de imóveis.

Como começou sua carreira de ator?

Começou em minha cidade natal, Santos, litoral paulista. Comecei fazendo peças de teatro na escola Lourdes Ortiz (no ginásio), onde me despertou o interesse. Em seguida, fiz um curso de teatro no Sesc de Santos com Silvio Varjão. Através do curso passei a conhecer algumas pessoas da área. Logo depois passei a fazer teatro amador na cidade com grupos locais. Tive  a certeza de que era o que  eu queria fazer profissionalmente. Fui cursar a faculdade de artes cênicas na Universidade do Carmo, em Santos. Segui para São Paulo capital e atuei no meu primeiro espetáculo profissional, que chamava-se “Emoções Baratas’’, com direção de José Possi Neto e não parei mais.

Como a dança entra na sua vida?

A dança entrou como aprimoramento no meu desenvolvimento para o teatro e acabou virando minha atividade principal, pois existiam poucos homens em grupos de dança na época. Sendo assim, fui rapidamente absorvido por ela.

E música, porque você canta também, certo?

São cursos que você vai fazendo ao longo da sua trajetória e vai incorporando no seu trabalho. A música entrou através das aulas de canto e depois em aulas de violão e instrumentos de percussão. Em São Paulo, entre outros musicais que fiz, tive o prazer de interpretar o Jair Rodrigues. Foi uma forma linda de homenagear um dos maiores artistas brasileiros. Uma honra!

Quais papéis de sua carreira você destacaria?

Me orgulho de todos personagens que interpretei. Posso destacar na TV o delegado Eduardo Villaverde da série “9mm-São Paulo”. Uma série que protagonizei produzida pela FOX premiada com o APCA de melhor seriado policial. Jorge de “Juntos a Magia Acontece”, de Cleissa Regina Martins, com direção de Maria de Medici, ganhadora do Leão de Ouro em Cannes, e o Laerte, de “Laços de Família”, novela de Manoel Carlos com direção de Ricardo Waddington.

No teatro,“OTELO”, de William Shakespeare, direção Diogo Vilela e Marcus Alvisi, e “Seis Graus de Separação”, de Jonhn Guaire,  com direção de Jorge Tacla, e “Pedro Mico”, de Antônio Callado, com direção Débora Dubois, além de “Race”, de David Mamet com direção de Gustavo Paso.

No cinema “Domésticas”, de Fernando Meirelles Nando Olival, “Casa de Alice”, de Chico Teixeira, “Eu preciso dessas palavras escritas”, de Milena Manfredini, onde dou vida a Arthur Bispo do Rosário, e “Os Bons Parceiros”, de Plinio Marcos e direção Elder Fraga.

Você está estudando cinema, por quê?

Para aprimorar o meu trabalho. Eu sou apaixonado pelo audiovisual e tenho muita vontade de trabalhar por trás das câmeras, dirigindo, escrevendo e produzindo…  Portanto resolvi voltar a estudar na área que já atuo e tem sido uma experiência incrível. Tenho aprendido muito com a tecnologia e com as novas gerações.

Em que ano/período está?

Estou cursando o terceiro período na Universidade Veiga de Almeida/RJ.

Como tem sido fazer uma faculdade agora?

Voltar a estudar foi um presente que resolvi me dar. É uma vitória voltar a estudar aos 56 anos de idade. Feliz com tudo que tenho aprendido e que tenho a aprender. Fascinado com nossa tecnologia e com a capacidade de criação. O mundo do cinema ampliou bastante meus horizontes e reciclou meus conhecimentos e a minha criatividade. Grandes  descobertas potencializadas.

Luciano Quirino – Foto: Márcio Farias

Conte sobre seu curta-metragem “Cyber-shot”. Do que se trata?

É um curta-metragem de ficção abordando a questão da violência, suas nuances e toda a problemática social envolvida na pauta. Segundo pesquisas da ONU (Organização das Nações Unidas ) e da SDH (Secretaria de Direitos Humanos) muitas vezes a violência começa dentro de casa e vai reverberando pelo bairro, comunidade, sociedade, se estendendo ao mundo e atingindo criminosamente nosso planeta. A ideia foi fazer com que a provocação gerada pelo filme desperte nas pessoas diferentes sensações, criando uma reflexão que busque dar visibilidade a luta pelo combate à violência, seja ela qual for

Pretende dirigir ou roteirizar um longa?

Sim. Com certeza. Concebi, dirigi e colaborei no roteiro de “Cyber Shot” e agora estou trabalhando e desenvolvendo o meu primeiro longa-metragem. Quero ampliar meus horizontes, gosto de aprender e de desafios.

Como surgiu a oportunidade para fazer “Além da ilusão”?

Fui convidado pelo diretor Luis Henrique Rios e aceitei. Tinha muita vontade de trabalhar com ele. Foi mais um desejo realizado e coroado com esse grande sucesso que está fazendo a novela “Além da ilusão”, de Alessandra Poggui.

Como se preparou para o seu personagem, o Abílio Nogueira?

Foram dois meses de preparação. Aulas de equitação, pandeiro, laboratórios e vivência com os atores que fariam meus filhos, Pedro Guilherme ( primeira fase) e Matheus Dias (segunda fase). Foi fundamental esse entrosamento que tivemos antes das filmagens iniciarem, para o resultado final. São dois jovens atores que voaram alto. Está sendo incrível trabalhar com eles.

Como tem sentido a receptividade do público com seu personagem?

O carinho que tenho recebido do público é o mais gratificante. Esse é o maior presente que um ator pode receber. A cada cena me emociono com os comentários do público, através das redes sociais. Eu recebo mensagem diariamente. O Abílio tem atrás dele uma legião de fãs que torcem pela sua felicidade.

Quais são os próximos projetos?

Tenho alguns projetos em andamento que não posso ainda revelar. Em breve todos ficarão sabendo.

Você quer ter uma carreira internacional, o que gostaria de fazer internacionalmente?

Eu quero exercer o meu ofício, seja no Brasil ou fora dele. Poder viver da profissão com dignidade é o sonho de todos nós.

Tem algum personagem que ainda não fez e que gostaria muito de interpretar? 

Gostaria de interpretar cada vez mais personagens que contassem nossas histórias. Historias de luta, resistência e amor.

Cinema, teatro, TV e streaming? O que vem pela frente em sua carreira?

Segredo… mas vem coisa boa aí. Recebi algumas propostas e já estou fechando algumas coisas. Não vai demorar muito para o público me ver atuar depois que a novela terminar.

O que gosta de fazer no seu tempo livre?

Tenho um vida pacata. Gosto de sossego e morar na roça (risos). Moro no Recreio dos Bandeirantes e adoro acordar cedo, sair com meus cachorros, ir à academia… Leio, estudo …Tenho uma bike elétrica que me leva para onde eu preciso sem poluir.  Nos fins de semana, quando não estou gravando, pego um cineminha ou vou prestigiar algum amigo no teatro. Nas férias, sempre procuro fazer uma viagem, mesmo que curtinha. Volto com a bateria recarregada!

Acha importante o discurso antirracista nas rede sociais?

Não só nas redes sociais. Temos que ser antirracistas na vida. É um dever de todos nós, como cidadãos…É um exercício diário.

Você se posiciona desta maneira em suas redes?

Sim. Agindo, me mantendo em movimento e acreditando que na ação promovemos um ato político de resistência e de luta.

Para encerrar, conte sobre seu lado empresário. Como lida com tantas funções?

Tenho uma pequena empresa de empreendimentos imobiliários. Sou brasileiro. A gente se vira nos 30 ou nos 15, se precisar . A “gente” não para. Não dá para parar. Estou sempre em guarda. Sou um operário como milhões de brasileiros com a sorte de trabalhar no que amo. Somos fortes e resistentes… apesar de tudo. Segue o plano!

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