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Peça clássica de Mauro Rasi, “A Dama do Cerrado” ganha nova montagem 

Foto: Jefferson Oliveira

A comédia de humor ácido A Dama do Cerrado”, escrita em 1996 por Mauro Rasi (1949 – 2003) especialmente para a atriz Susana Vieira, é um dos textos notáveis do dramaturgo paulista. Além da premiada montagem com Susana, a peça também teve versão para os palcos com Eliane Giardini. Dessa vez, a história de Leda Florin será a primeira peça montada pela Cia Kikinico, criada por Benito Risi, que também está no elenco interpretando Fúlvio ao lado de Lia Oliveira (Leda Florin), Daniel Maschiari (Eládio) e Pat Albuquerque (Maria Celina Medeiros). A direção e adaptação são de Tom Dupim. A montagem fica em cartaz a partir do dia 2 de julho, sábado, 21h, no Teatro Commune.

Misturando humor escrachado com um thriller de jogos de poder, corrupção, drogas e sexo, “A Dama do Cerrado” satiriza os bastidores políticos de Brasília. A ideia da companhia foi a de adaptar o texto de Rasi sem comprometer sua ideia original, mantendo nos personagens a mesma gênese e papel social previstos no texto de 1986.

Foto: Jefferson Oliveira

No enredo, a ex-miss Goiás Leda Florin passa por um momento decadente de sua vida e vai até o salão de um antigo amigo e confidente, Fúlvio, para dar um up no visual. Sua ideia é subir novamente a rampa do Planalto para expor os negócios escusos e mazelas dos poderosos, principalmente daquele que a rejeitou após assumir um cargo de ministro. Seu ressentimento se soma ao desejo de vingança contra um ex-amante poderoso que garantia benefícios e regalias.

Neste encontro com Fúlvio, o cabeleireiro lhe confidencia sua vida solitária e conflituosa, inclusive seu romance com um soldado da guarda presidencial e também seus próprios ressentimentos com as pessoas públicas da classe social que Leda pretende voltar a pertencer.

“Ambientada na década de 1980, o texto de Mauro Rasi é de uma atualidade impressionante e ainda hoje dialoga em grande estilo com o cenário político do país. Tom Dupim traz uma Leda Florin negra e empoderada, apesar de decadente, e um Fúlvio tão humano quanto vencedor, representando a volta por cima da comunidade LGBTQIA+”, diz Risi.

Foto: Jefferson Oliveira

Com cenas ácidas e tragicômicas, a peça é uma reverência ao autor Rasi, que trouxe por meio desse texto uma forma original de dialogar com a população sobre os problemas sociais criados pela classe política quando esta prioriza o benefício próprio em vez do trabalho a favor do povo.

A obra foi a escolhida para inaugurar a Cia Kikinico justamente pelo seu apelo público e relação imediata que causa com o público, dado que o contexto político da época ainda reverbera muito nos dias de hoje. A companhia é uma junção de artistas formados nas oficinas de teatro de Nilton Travesso e de Wolf Maya.

 

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