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Rafael Theophilo encara galã que finge ser hétero em “Cara e Coragem”

Foto: Oseias Barbosa

Paulista de 36 anos, o ator Rafael Theophilo vem chamando a atenção não somente pela beleza, mas pelo trabalho como Hugo Sá, um ator galã em “Cara e Coragem”, atual trama das 19h da TV Globo.

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“O Hugo Sá, é um ator galã, famoso, melhor amigo de Andréa Pratini (Maria Eduarda de Carvalho), uma famosa atriz. Juntos protagonizam uma série de comerciais e formam um casal de atores muito requisitados no meio artístico. Ele esconde sua sexualidade do público e da mídia em geral, pois não quer perder trabalhos por ser gay. Por esse motivo, ele encarna um homem hétero e pegador para todos a sua volta. Apenas com Andréa, que é sua melhor amiga, Hugo revela sua verdadeira identidade, ele pode relaxar e ser verdadeiro com ele mesmo”, Theophilo.

Ele diz que para viver o galã da trama das 19h viu alguns documentários, filmes e séries, além disso, pesquisou sobre o ator norte-americano Rock Hudson, conhecido galã nas décadas de 1950 e 1060 e que após sua morte, em 1985, teve sua orientação sexual revelada por amigos e colegas de profissão.

Rafael Theophilo e Maria Eduarda de Carvalho nos bastidores de “Cara e Coragem”- Foto: Arquivo pessoal

“Acredito que o Hugo Sá é um reflexo da realidade que muitos atores vivem. Ainda existe o receio de ‘se falar sobre a minha sexualidade eu vou perder papeis’. É um personagem que não é distante da minha realidade e nem do meio artístico em que vivo há mais de 15 anos”, explica.

Ele ainda fala sobre como pensou as características para construir o personagem. “São camadas muito interessantes para se trabalhar, são três personas em um personagem. Hugo Sá – ator, Hugo Sá, social e Hugo Sá em sua intimidade. Isso me possibilita transitar em várias nuances, vozes e corpos diferentes. Tem sido um divertido desafio. É meu primeiro personagem em uma novela e vejo que estou me sintonizando a essa nova forma de se trabalhar, bem diferente do teatro que tenho mais experiência.”

Foto: Oseias Barbosa

Theophilo ainda fala das gravações e da relação com a sua parceria de cena, a atriz Maria Eduarda de Carvalho. “Gravo quase que 100% das vezes com a Maria Eduarda de Carvalho e que sorte a minha! Não poderia ser melhor, Duda é uma atriz magnífica, além de ter ganhado uma amiga. Também tenho gravado com Marcelo Serrado, o Moa, pois ele se envolve com a Andréa Pratini, personagem de Maria. Um privilégio para mim poder trabalhar com eles, pois são atores experientes da TV e muito generosos. Na trama o Hugo conhecerá o Enzo, feito por Pablo Sanábio, um ator espetacular, professor na companhia de dança em que Hugo Sá e Andréa vão começar a ensaiar uma peça. Hugo também vai começar a fazer aulas de dança a convite de Enzo. A química com Pablo já rolou no teste, tenho certeza que vai sair faísca na tela”, comenta.

Foto: Oseias Barbosa

Além de “Cara e Coragem”, o ator foi um dos protagonistas de “Vento Seco”, longa dirigido por Daniel Nolasco, e que chamou a atenção da crítica e público no seu lançamento, em 2021, atualmente está em cartaz no Telecine. Ele dá vida a Maicon, personagem inspirado nos desenhos de Tom of Finland, artista finlandês conhecido pelo seu trabalho de caráter homoerótico, muito famosos não somente no meio LGBTQIAP+, mas também em todo o universo da arte.

“Maicon foi meu primeiro grande personagem em um longa. A história foi escrita e dirigida por Daniel Nolasco, ele disse que o Maicon foi escrito para mim, não vou deixar de me gabar um pouco (risos), ainda mais quando se trata de um projeto que tanto me orgulho em ter feito parte. Filmamos no interior de Goiás, na cidade de Catalão, cidade onde Nolasco nasceu e cresceu. Lá ficamos quase três meses, entre a preparação e ensaios, convivendo diariamente. Posso afirmar que existe um Rafael/ator, antes e depois da minha experiência no filme, foi transformador”, ressalta Theophilo.

“Vento Seco” conta a história de Sandro (Leandro Faria Lelo) um trabalhador do setor do agronegócio que leva uma vida monótona no interior de Goiás, quando Maicon, um rapaz misterioso e começa a flertar com seu parceiro sexual, chega na cidade Sandro começa a sentir um crescente ciúme que mudará sua vida.

“O longa fez a estreia internacional em 2019 no Berlinale, importante Festival de Berlim, e concorreu ao prêmio Teddy Award de melhor filme, tendo uma grande aceitação do público e da crítica. Participamos de vários festivais internacionais e nacionais, a estreia nos cinemas brasileiros foi em 2021. É tido como um dos melhores filmes nacionais de 2021”, destaca.

Theophilo conta mais sobre Maicon, que tem como inspiração os desenhos de Tom of Finland. “Maicon tem um ar de mistério, usa roupa de couro, óculos escuros, um topete bem penteado, cabelos descoloridos e anda de moto, parece ter saído dos desenhos em quadrinhos de Tom of Finland. É sensual, sexy e bem resolvido com sua sexualidade. Tive que deixar alguns medos de lado para que Maicon chegasse, um deles foi aprender a pilotar uma moto, sempre tive medo de subir em uma, ainda mais pilotar. Esse medo eu superei. E outros mais profundos, como assumir minha sexualidade, minha força, minha potência e ocupar o meu lugar. Ele me ensinou a ser mais destemido.”

Ele ainda completa e fala sobre o aspecto político que “Vento Seco” traz dentro da história. “O filme é político, é atual, incomoda, questiona, subverte, além de ser um deleite para qualquer artista. Daí quando você entende o propósito, você passa a servir, a contribuir para aquela obra. Não é sobre mim, mas sobre o todo, é fazer arte. Essa é minha função enquanto artista, compreendendo isso, eu só me entrego.”

O ator fala sobre como nasceu o desejo pelas artes apareceu, desde cedo, em sua trajetória. Além disso, destaca como o teatro foi importante no início do seu ofício. “Desde criança. Nas brincadeiras, sozinho, com meu irmão, com amigos, sempre o lúdico, a imaginação de criar histórias eram minhas brincadeiras favoritas. Eu adorava montar peça de teatro e apresentar para família e vizinhos. Lembro de montar os cenários e figurinos. O que era brincadeira foi se tornando meu objetivo, ser ator. Comecei a fazer um curso de teatro amador que tinha na minha cidade, foram mais de três anos participando dessa oficina teatral, ir para as aulas era o momento mais feliz do meu dia. Mais pra frente me profissionalizei e nunca parei de estudar, buscar cursos, eu adoro conhecer novas técnicas, cursos complementares, como aulas de corpo, voz, cinema e direção. Às vezes viver experiências que aparentemente não têm a ver com o ofício, te ensinam tanto quanto uma aula”, ressalta.

Foto: Oseias Barbosa

O interprete de Hugo Sá ainda fala de como sua primeira experiência profissional no teatro o trouxe para diferentes aberturas na área cultural. “Fazer teatro me possibilitou conhecer pessoas incríveis, ir para lugares que talvez nunca conheceria. Adoro viajar fazendo teatro. A peça Antes do Fim do Mundo’, que foi escrita por Daniel Nolasco em 2016, me rendeu o convite para o filme “Vento Seco”. Ou seja, tudo foi me trazendo para este lugar que estou hoje”, finaliza.

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