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Maurício Pereira revisita “Pan y Leche” com nova roupagem para próximo disco

Maurício Pereira – Foto: Biel Basile

“Um jovem pai latinoamericano à beira de um ataque de nervos, olhando pro futuro”. É desta maneira que Maurício Pereira define o momento em que compôs “Pan y Leche”, uma de suas  canções que foram revisitadas no novo disco “Micro”, com lançamento marcado para julho. A música teve o primeiro contato com o público na tracklist do álbum “Na Tradição” (1995) e, em 1998, também apareceu em “Mergulhar na Surpresa”. Agora, a faixa chega em uma versão diminuta.

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A “Pan y Leche” conta com a companhia de Tonho Penhasco, músico companheiro de estrada, e a Semi, guitarra construída pelo próprio Tonho. Tal formação resultou em uma sonoridade “levemente cubana, cubanamente leve”, segundo o cantor. “Esse arranjo do Tonho me fez cantar menos empostado, mais relax, isso ajuda a letra a chegar mais perto do ouvinte”, complementa, revelando ter passado por um processo de reaprender a cantar as próprias criações para encaixá-las na filosofia de mundo do Micro.

Maurício vê a letra como uma lista de desejos e necessidades, cercando-a de certa melancolia. “Talvez esse sentimento dê a pitada de poesia que transforma uma lista de reivindicações em uma canção”, ele complementa. “Pan y Leche” foi composta após sua saída d’Os Mulheres Negras, dupla formada junto com André Abujamra e que ficou conhecida como nome importante da cena alternativa paulistana dos anos 80.

“Estava meio sem trabalho, Collor tinha acabado de ganhar a eleição, e o meu primeiro filho, o Tim [Bernardes], tinha acabado de nascer. Eu estava pensando como é que eu e a ‘minha gente’ íamos ganhar a vida”, relembra. A composição acabou se tornando uma das mais queridas pelo público e poderia servir também como uma plataforma de campanha. “O texto é muito simples, como são as necessidades básicas das pessoas”, pontua. Versos como “E que apesar do presidente/Tenha casa, escola e dente” ou ainda “E que quando a gente deite/Sonhe sossegadamente” dão o tom da temática, que se mantém atemporal.

Com produção musical assinada por Gustavo Ruiz (também responsável pelo disco anterior do paulistano, Outono no Sudeste, de 2018), Micro reúne 12 canções autorais de diferentes momentos da carreira de Maurício. “Não tem muita firula, pra a poesia ir delicada, forte e reto ‘pro coração do cidadão comum’, como diz o compositor”, explica.

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