Top

Tim Bernardes estreia segundo álbum solo da carreira nesta terça-feira

Tim Bernardes lança segundo álbum solo – Foto: Marco Lafer & Isabela Vdd

Em tempos sombrios, a leveza ganha espaço diante da melancolia e é esse o tom que Tim Bernardes propõe em “Mil Coisas Invisíveis”, segundo disco solo da carreira que vem com selo do Coala Records. Lançado nesta terça-feira (14.06), o álbum chega com uma proposta diferente de “Recomeçar”, primeiro trabalho solo, e<atrás/além>”, último projeto com O Terno. A ideia era fazer um disco de canções, algo mais eclético do que o que vinha produzindo.

SIGA O RG NO INSTAGRAM

Embora essa proposta de músicas avulsas tenha sido seguida, Tim logo notou que o disco tinha uma unidade e um conceito que o amarrava. “É isso do ‘Mil Coisas Invisíveis’, uma abordagem um pouco mais astral, metafísica e quase espiritual que ele tem em algumas canções”, explica Tim. A concepção do disco acabou se estruturando nas composições que o artista fez em 2020, durante a pandemia.

“Essas músicas direcionam a escuta, e as letras que poderiam ser só de amor e nostálgicas ganham outro sentido nesse contexto. Se eu fizesse outra ordem, talvez parecesse um disco totalmente diferente”, conta ele sobre como a pandemia influenciou o álbum. “Mil Coisas Invisíveis” precisou de 10 meses de estúdio para sair, o que configura o processo de produção mais longo de algum projeto do artista.

O tempo de gestação do novo trabalho acabou gerando uma ansiedade maior em Tim, que está animado para dividir isso com o público e saber a opinião deles. “É diferente lançar um disco solo sem nunca ter feito algum antes e agora, tendo um precedente”, destaca. Apesar disso, o cantor disse ter tentado não se deixar influenciar pelo feito de “Recomeçar”, que foi muito elogiado e reconhecido, recebendo inclusive uma indicação ao Grammy Latino.

Capa de novo disco do Tim Bernardes – Foto: divulgação

A vontade de produzir algo diferente se mostra também na estética do novo álbum, que, já na capa, traz a sensação de Tim diante do trabalho. Se no primeiro disco o plano da fotografia é mais próximo e ele aparece com mais sombras e ar de mistério, no segundo, o ambiente aberto e claro ganha destaque, como se fosse algo mais respirado realmente. 

“É um disco um pouco mais leve, embora ele seja também denso e tenha suas profundezas. No geral ele é menos triste, menos melancólico que o ‘Recomeçar’”, afirma. A escolha do verde, dominante neste álbum, também ajuda a criar o clima de deslumbramento e mágica do álbum. Ao mesmo tempo em que ele ainda não tinha trabalhado com essa cor em outras produções, tem algo místico sobre ela e suas interpretações em diferentes culturas.

O ambiente lúdico também é construído pelo analógico na imagem da capa no clipe de “Mistificar”, que foi todo gravado em película. “Eu gosto muito do analógico que não é lo-fi, que é bem gravado e tem uma textura. Mas não vejo isso como retrô, é algo que me salta o olho como contemporâneo mais do que outras coisas modernas”, explica. E todo esse conceito visual é essencial para a forma como Tim quer que o disco chegue nas pessoas.

Com o mercado musical caminhando cada vez mais para a necessidade de divulgação orgânica nas redes sociais, o artista diz que não se sentiria confortável adaptando seu trabalho para determinado formato, mas que a comunicação é crucial. “Isso é parte da composição, eu estou compondo para comunicar e as redes sociais são isso, espaços orgânicos de comunicação”, ressalta.

Tim Bernardes – Foto: Marco Lafer & Isabela Vdd

Tim ainda vai além e diz que embora o TikTok tenha intensificado o impulsionamento de músicas de uma maneira peculiar, com poucos segundos de reprodução, isso sempre aconteceu em alguma proporção. “Não é porque esse formato existe que eu passo o dia inteiro ouvindo 15 segundos de música, eu ainda tenho vontade de ouvir músicas e álbuns inteiros, e tenho certeza que existem outras pessoas que também querem.”

Para ele, isso é só mais um momento do mercado musical, que os artistas têm que considerar, mas o principal continua sendo a qualidade do trabalho. Uma coisa é a comunicação do produto, outra é a essência dele, que precisa continuar fazendo sentido tanto para o artista quanto para seu público.

Com “Mil Coisas Invisíveis” estreando hoje, Tim já começa a pensar na agenda de shows. Por hora ele está preocupado com a turnê que fará ao lado de Fleetwood Foxes a partir da próxima semana, abrindo as apresentações da banda nos Estados Unidos. “Faço mais alguns shows solo por lá e depois volto, no comecinho de agosto, para preparar o show de lançamento mesmo”, diz ele. Os fãs poderão vê-lo de volta aos palcos brasileiros no segundo semestre deste ano, dando tempo de sobra para o público aprender todas as letras até lá.

Mais de Cultura