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Dennis Pinheiro fala sobre o espetáculo “Cabaret dos Bichos”, adaptação do clássico de George Orwell

Dennis Pinheiro como Richard do Ópio – Foto: Ronaldo Gutierrez

Considerada pela “Times” como uma das cem melhores obras da literatura inglesa, o clássico “Revolução dos Bichos”, de George Orwell, recebeu uma nova adaptação e está em cartaz no Teatro Núcleo Experimental até 22 de junho. O espetáculo “Cabaret dos Bichos”, com direção geral de Zé Henrique de Paula e direção musical de Fernanda Maia, transforma a fazenda em um cabaré, criando personas que assumem o lugar dos animais. Dennis Pinheiro é Richard do Ópio, persona do tirano porco Napoleão, e dá detalhes do que podemos esperar da produção.

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“É o principal antagonista da obra original, o porco que assume a granja após a revolução. A peça é inspirada nos cabarés alemães do início do século 20, e traz temas bem atuais”, diz.

Realizar o papel de vilão era um desejo antigo do ator, que vê na oportunidade a chance de mostrar uma personalidade bem oposta à sua. “É um grande desafio, mas é uma delícia. Quando olho para a plateia e vejo que eles estão com ódio do meu personagem em cena, sinto que cumpri bem o papel.”

Dennis Pinheiro – Foto: Oseias Barbosa

A adaptação remove os “bichos” da parte visual, transformando-os em personas (como Richard do Ópio). “Não existe ninguém com figurino de animal, ou maquiagem que remeta a isso. O próprio texto dá conta disso. Apesar dessa mudança, a essência da história permanece”, esclarece.

Assim como o clássico de Orwell, a peça é uma metáfora sobre a ambição do ser humano, e tem no seu desfecho um dos momentos mais chocantes.

“Cabarés são utilizados como forma de denúncia social e política de forma irreverente e direta. Utilizando da sensualidade, mostramos uma ferida aberta. Tenho certeza que o público vai ficar abismado com o que acontece, principalmente quem não conhece a obra original. No fim, vemos que não há tanta diferença entre os porcos e os humanos.”

O livro mostra um retrato fiel do surgimento de líderes autoritários, que usam da ignorância e alienação política para se estabelecerem e controlarem a vida da população. “Acho que a mensagem que queremos quer passar é: tenha senso crítico, opinião e saiba se posicionar. Os tiranos estão sempre à espreita, prontos para assumir o poder.” 

Teatro do Núcleo Experimental – Rua Barra Funda, 637, Barra Funda, São Paulo.

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