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Theo Bial inicia shows do álbum “Vertigem” em julho

Theo Bial – Foto: Leo Aversa

O cantor e compositor Theo Bial começa a fazer shows de seu álbum “Vertigem”, lançado no início deste mês, em julho. O músico, que é filho do jornalista Pedro Bial – que participa do disco como compositor e cantando – e da atriz Giulia Gam é amante da bossa nova e já está fazendo shows com voz e violão. Suas influências são Djavan, Seu Jorge, João Gilberto e Tom Jobim, entre outros. Sua musicalidade é sensível e bem produzida. Seu mais recente álbum teve como produtor o músico Celso Fonseca e tem participações de Mart’nália, por exemplo, de quem é fã declarado.

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Theo, na infância, gostava de jogar futebol e surfar, esportes que pratica até hoje. Aos dez anos, quando aprendeu o surfe em uma viagem que fez com a mãe para Fernando de Noronha, também começou a se dedicar ao violão. Atualmente, mora sozinho em Laranjeiras, no Rio de Janeiro, e tem um rotina de muito estudo e muito ensaio para o show “Vertigem”, que pretende apresentar pelo Brasil e, ainda, levar para Japão, Europa e Estados Unidos. 

Tranquilão e bem-humorado, o músico levou um longo papo com RG para falar da carreira, da vida e de seus projetos. Leia a íntegra da entrevista.

Como foi sua infância?

Eu jogava muito futebol na escola. Tinha essa questão de ter os pais separados, ficava na casa do meu pai, na casa da minha mãe. Eu gostava muito de futebol até que eu e minha mãe fizemos uma viagem para Fernando de Noronha, quando eu tinha mais ou menos uns dez anos, e pude ter mais contato com a praia de lá, comecei a mergulhar, tive contato com o mundo marinho, e comecei a surfar, ter aula de surfe, e fiquei apaixonado. Quando eu voltei para o Rio, me dediquei ao máximo para apreender bem e poder surfar sozinho. E foi na mesma época que comecei a fazer aula de violão. Eu me lembro até que o meu professor de surfe lá em Noronha dizia que quem tocava violão surfava melhor, e vice-versa, e eu associei as duas coisas, então queria tocar mais violão para poder surfar melhor e surfar mais para tocar mais violão. Com o meu pai eu tinha muito contato com o futebol, também, porque o Fluminense na minha família é quase uma entidade. Meu pai e meu tio jogaram no Fluminense. E eles também jogaram basquete. Eu também sempre nadei muito, que era uma regra que meu pai colocou que, até os dez anos, eu teria que nadar. E depois veio o surfe. Meu professor de natação também surfava, então eu ia surfar com ele. 

E hoje o surfe é seu esporte?

É, só que estou surfando menos, porque o surfe exige um investimento de tempo, como essa coisa da música demandando cada vez mais, eu acabo tendo que optar por um ou outro. Então prefiro dar uma corrida, que leva uma hora, mais ou menos, e aí já tenho tempo para fazer as minhas coisas. E faço ioga também, que ajuda na flexibilidade. De vez em quando eu também jogo um futebol.

Você tem uma mãe atriz e um pai jornalista, chegou a pensar em ter outra profissão senão a de músico?

Eu gosto muito de filosofia, cheguei a cursar dois anos. A música, infelizmente, não é uma disciplina obrigatória nas escolas, e quando a gente é mais novo também não tem filosofia, só no ensino médio. E eu acho que seria importante ter. A filosofia me ajudou muito, inclusive a compor músicas. Eu sou um cara que gosta muito de me perguntar o porquê das coisas e sempre tive muito medo da morte, desde pequeno. Então essas questões abstratas sempre me rodearam. Mas chegou um momento que eu tive que escolher entre a filosofia e a música. 

Quais são suas principais referências musicais?

A minha primeira grande paixão foi o Djavan, quando eu tinha uns 14, 15 anos. Foi quando eu comecei a me dedicar mais ao violão, por conta das harmonias do Djavan, a coisa romântica, de voz e violão, eu me identificava muito. Seu Jorge também, me encanta a forma como ele faz o samba dele com soul, dançante. Só que aí eu fui para os Estados Unidos fazer um curso de verão e lá eu aprendi muito sobre bossa nova. E o professor me perguntava mais as coisas justamente por eu ser brasileiro. E eu senti que eu deveria ter mais propriedade sobre o assunto, e me dediquei muito. E tinha a Nara Leão, que era avó do meu irmão José, que acabou participar do documentário sobre ela na Globoplay. Quando eu voltei, eu mergulhei em Nara e bossa nova, e por conta do meu pai fui me aprofundar em João Gilberto, e me apaixonei profundamente. Eu ja tinha essa coisas voz e violão por causa do Djavan, e com João Gilberto isso aflorou ainda mais. Depois veio Tom Jobim, que na minha opinião, se não for o maior, está entre os três maiores compositores do Brasil. E eu sou compositor, acho até que foi a composição que me levou para a música. Estudando a bossa nova eu acabei indo para o samba, e tive oportunidade conhecer um Rio de Janeiro que eu não conhecia tanto, com o Moacir Luz, fui a alguns bares clássicos do Rio, compusemos uma música que está no meu álbum, que é “Beijo e Sal”. Também tive a oportunidade de conhecer a Mart’nália, que também é uma grande referência para mim. Gosto muito da Beth Carvalho, sou muito fã do Fundo de Quintal.

Theo Bial e Mart’nália – Foto: Leo Aversa

Como é seu processo de composição? Prefere compor em parcerias ou sozinho?

Quando eu comecei a tocar violão, com três acordes eu já queria fazer música, só que isso foi mudando com o tempo. No início, eu fazia letra e melodia tudo junto, e até hoje eu faço algumas, mas aí eu fui experimentando a fazer só a melodia, sem a letra. E a primeira música que fiz assim foi “Vertigem”, que é a música que dá nome ao álbum. Eu tenho um amigo, o Gabriel Miranda, que compõe comigo, ele escreveu “Remelexo”, que é a música que tem a participação da Mart’nália. Nós ficamos trocando mensagens até que a música ficou pronta. Eu faço tudo junto também, mas esse foi um processo que gostei muito. Acho que cada música pede uma forma de se fazer, tem a ver com o clima, tem algumas que são mais viscerais, mais dançantes, que talvez combine mais em serem feitas assim, de uma hora para outra. E têm músicas que são mais delicadas, que demandam mais tempo, maturação, cuidado, racionalidade para pensar a letra.

Como nasce o álbum “Vertigem”?

Eu tinha feito um EP, que lancei no ano passado, o “Pra Sonhar”, e pensei com a minha empresária, a Luise, quais seriam os próximos passos, e ela disse que achava que a sequência seria um álbum, ao que eu fiquei meio resistente no início, até porque estávamos em um momento muito incerto, por conta da pandemia. Mas depois eu disse para fazermos o álbum, sim, até porque eu estava em um momento em que compunha muito. Outra coisa que pesou foi o fato de ela ter dito que eu deveria fazer m álbum com a produção de outra pessoa, alguém experiente. Até então, tudo o que eu fizera tinha sido produzido por mim mesmo. 

Que tal ter um nome como Celso Fonseca na produção musical do seu álbum?

Então, a gente estava em uma dessas reuniões e e estávamos ouvindo uma música de fundo, e começou a tocar Celso Fonseca, e eu comecei a cantar a música. Eu não sabia que ele fazia trabalho como produtor, mas as minha empresária me contou e mostrou o que ele já havia feito. Ela ligou para o Celso para oferecer a produção, e ele aceitou de imediato. Eu sou muito fã do trabalho dele. 

Foto: Leo Aversa

E como surgiu a ideia de gravar com o seu pai?

Eu já tinha uma música como pai que entrou no EP “Pra Sonhar”, mas ele não cantou, apenas compartilhou a composição. Nós temos feito cada vez mais coisas juntos. Um dia nos estávamos juntos e comecei a cantarolar algumas coisas no violão, e ele começou a botar a letra, e a cantar junto, ele gosta muito de cantar, nós não terminamos a música naquele dia, mas já tínhamos uma parte. Depois ele me mandou o resto da letra e eu mexi em algumas coisas, fiz a melodia. Aí fiquei pensando em chamá-lo para cantar, a música ficou boa na voz dele, e pensei que a parceria podia ser além da caneta, também no microfone. Ele topou na hora. Eu gosto muito da interpretação dele, foi legal estarmos juntos no estúdio.

Pretende gravar mais músicas com ele?

Sim, mas no momento eu não estou pensando em gravar mais músicas, penso em trabalhar o álbum. 

Como está sua agenda de shows? Pretende levar o espetáculo para fora do Brasil? Se sim, para onde?

Eu tenho alguns shows voz e violão marcados agora em junho, mas não são necessariamente do álbum. Eu vou fazer o lançamento do álbum em julho, primeiramente Rio e São Paulo, mas tenho muita vontade de viajar pelo Brasil fazendo shows. E eu tenho muita vontade de fazer shows fora do Brasil, acho que o Japão pode ser um caminho interessante, assim como Europa e Estados Unidos. Penso em investir bastante no formato voz e violão, quando posso cantar músicas do álbum misturando com o bossa nova e tal. Pensar também nas participações, tanto pessoas que fizeram parte do álbum como outras, como a Leila Pinheiro, com quem eu fiz um show, e ela tem tudo a ver com a minha música. 

O que gosta de ouvir?

Da nova geração eu curto muito o Silva, acho que ele tem um jeito de pensar a música que é muito bacana, Gilsons lambe’, gosto, assim como de música clássica, instrumental. Eu ouço Lúcio Alves, que é das antigas, Frank Sinatra, Chet Baker. Tenho uma coisa que é escolher um artista e ir escutando álbum por álbum.

Você é um cara plugado em redes sociais?

Eu sou plugado, tenho uma pouco de dificuldade de ter essa rotina de ficar postando as coisas, mas eu acompanho, tem dias que eu faço mais, outros que nem tanto. Mas é uma coisa que eu fico me policiando, porque vicia, e a gente não sabe quais são os males que isso pode causar. Meu passatempo no celular é jogar xadrez e YouTube, podcasts, assistir a shows antigos, que eu não tive a oportunidade de ver. 

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