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Galeria Marília Razuk abre mostra da artista colombiana Johanna Calle

Foto: Divulgação

“Todas as palavras já foram um dia um neologismo”, é o que diz o poeta argentino Jorge Luís Borges. Sua máxima acompanha as 22 fotografias da série Neologismos” (2020), trabalho inédito da artista colombiana Johanna Calle, que compõe a exposição “Têxteis”, sua nova individual na Galeria Marília Razuk, em cartaz a partir de 31 de maio.

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Autora de uma produção simultaneamente delicada e contundente, Johanna encontrou no grafismo uma forma especial de referenciar problemas e incoerências que permeiam a sociedade latino-americana. Para compor suas imagens a artista toma diversas formas de escritura como ponto de partida, se apropriando de manuscritos, cartas, partituras musicais, matrizes matemáticas ou técnicas de taquigrafia, em uma espécie de jogo permanente entre linhas, palavras e sinais.

Foto: Divulgação

O curador José Augusto Ribeiro, novo diretor artístico da galeria, é autor do texto que acompanha “Têxteis”. A exposição apresenta um conjunto de 80 trabalhos realizados entre 2019 e 2022, todos inéditos. São fotografias, textos, desenhos, trabalhos em tecidos e elaborados por Johanna a partir de procedimentos novos em sua criação. A exemplo de T”ecidos Fotográficos”, séries compostas por fotografias analógicas, produzidas entre o final do século 19 e meados do século 20, por profissionais ou amadores, personalidades ou anônimos, pertencentes, antes, a arquivos familiares, públicos, empresariais, ou que, por exemplo, circularam por agência de notícias e órgãos de comunicação.

Os trabalhos desta exposição abordam também questões políticas urgentes da vida contemporânea, a exemplo da propriedade de terras, dos direitos de povos indígenas e das mulheres na América Latina como nos conjuntos de trabalhos intitulados “A Grande Árvore e Obandos”.

Foto: Divulgação

Nascida em Bogotá, na Colômbia, em 1965, Johanna ganha uma projeção no cenário artístico local importante já nos anos de 1990, e sua trajetória conquista uma repercussão internacional abrangente a partir da década seguinte. Segundo o curador, no texto que acompanha a mostra, a artista foi bastante identificada, desde o início da trajetória, com pesquisas relacionadas ao desenho, ao tecido e à costura, à fotografia, à escrita e à sugestão de narrativas, com trabalhos lineares, em que o vazio exerce papel ativo, a produção de Johanna guarda conexões variadas com obras de artistas como Mira Schendel, Eva Hesse, Gego e León Ferrari.

Em “Têxteis”, sua terceira individual na Galeria Marília Razuk, Johanna traz ao público imagens enigmáticas que retiram da fotografia o estatuto de registro da realidade. Em vez disso, a artista atribui aos instantâneos um caráter indefinido, no que diz respeito tanto à representação como à sua significação.

Foto: Divulgação

“Não obstante a heterogeneidade de técnicas e materiais, a exposição reitera, de um trabalho a outro, uma definição da palavra ‘têxtil’ como aquilo que se transforma em e com fios e linhas – que se pode trançar, superpor ou, igualmente, desfiar e romper”, reflete Ribeiro.

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