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Músico e ator, Dudu Azevedo vem bombando com o Tianastácia

Foto: Teo Cury/Styling: Samantha Szczerb

Ele é mais conhecido como ator, já fez muitos, mais muitos trabalhos no audiovisual, TV e cinema. Mas está despontando fortemente na música, aliás, tem tantos anos de carreira como ator quanto como músico. Dudu Azevedo, galã de novelas da TV Globo e Record TV, é o atual baterista e vocalista da banda mineira Tianastácia, com quem vem fazendo uma série de shows lotados e com receptividade incrível do público. O homem não para, além dos shows, tem duas comédias a serem lançadas no cinema, e uma série da Netflix, que deve estrear ainda neste ano.

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A correria e a dedicação fazem parte da vida de Dudu, que ainda divide seu tempo com o filho, Joaquim, e os cuidados com a mãe. Ele prefere a vida outdoor e usa as redes sociais para divulgar seu trabalho como artista, mas não enlouquece com a necessidade de postar e responder mensagens, pega leve. 

Começou suas carreiras aos 13 anos. Quando andava de skate despretensiosamente, foi abordado por um diretor de elenco e convidado para fazer um teste. Foi e passou, o papel era para a série “Confissões de Adolescente”, que foi apresentada com sucesso estrondoso. Além de Dudu, a serie de Daniel Filho tinha no elenco Maria Mariana, Deborah Secco, Georgiana Góes e Luís Gustavo. Dali em diante não parou mais. Encarou diferentes trabalhos no audiovisual, levando a carreira como músico de forma paralela. 

Em papo com RG, Dudu contou como consegue conciliar as duas carreiras, fala sobre os desafios de ser artista no Brasil e do amor que tem pelo filho. Leia a seguir entrevista completa. 

Foto: Teo Cury/Styling: Samantha Szczerb

Voltando lá atrás, como começou sua carreira de ator?

Eu fui chamado para fazer o meu primeiro teste enquanto andava de skate na rua, eu tinha uns 12, 13 anos. Um diretor de casting me viu e me achou um garoto interessantes e me chamou para um teste para a série “Confissões de Adolescente”, do Daniel Filho. Eu disputei com uns 600 garotos, na época, e fui aprovado. O meu personagem era o único jovem masculino, porque eram o Luís Gustavo, que fazia o pai das meninas, e eu, que fazia o Danton, que era amigo da filha mais nova, que era a Deborah Secco. Essa foi a minha primeira experiência como ator. Depois vieram muitos papéis, sobretudo nos meus dez primeiros anos de carreira, eu atuei muito despretensiosamente, eu era um moleque, e queria fazer muitas coisas, e uma delas, que eu encarava sem obrigação, era a carreira de ator. Era um trabalho, eu era remunerado, mas eu segui tentando na música, porque eu já tocava também. Eu praticava esportes e gostava de ir para as competições, ou seja, minha infância e adolescência  passei fazendo coisas de que gostava e tinha um trabalho que era um apontamento do que eu poderia ser, quer era ator. Eu não era um ator superortodóxo, que o pai e a mãe ficam treinando para ser um superator, muito pelo contrário, eu sempre fui muito intuitivo, e assim permaneço. A remuneração é importante, mas nem sempre ela é determinante, a satisfação é muito mais importante, eu sou muito assim.

Foto: Teo Cury/Styling: Samantha Szczerb

E como a música entra na sua vida?

Eu comecei a tocar com 12 ano de idade, mas meus irmão me botavam para ouvir música boa em casa desde muito novo, porque eles são bem mais velhos que eu. Então eu escutava desde Gonzaguinha, Clube da Esquina até ACDC, Rush, Pink Floyd. Novos Baianas, Gilberto Gil, da década de 1970, quando ele era ainda mais experimental do que continua sendo. Eu ouvia tanta coisa boa em casa que quando comecei a tocar um instrumento me senti largando lá na frente. Eu era um garoto de 12 anos que já estava tocando bateria e já tinha um repertório muito bom. Comecei a tocar violão e bateria ao mesmo tempo. Dali em diante eu respirei música na minha vida. O mesmo tempo que eu tenho de atuação, eu tenho de música, e as duas atividades são muito complementares para mim. Vários trabalhos que fiz como ator precisaram dessa cartada de eu ser músico, como “Cazuza – O Tempo Não Para”, eu fui protagonista de um filme chamado “Pode Crer”, da Conspiração Filmes, em que eu era um garoto que sonhava em viver de música, quase autobiográfico. Assim como a música me ajuda no meu trabalho como ator. 

Foto: Teo Cury/Styling: Samantha Szczerb

Você compõe também?

Componho bastante. O disco novo do Tianastácia tem várias músicas que são dos integrantes [Dudu é baterista e um dos vocalistas da banda]. Eu entrei no Tianastácia há uma ano e mio, mais ou menos, e eles são uma banda que já tem 25 anos. Eu assisti ao show deles no Rock in Rio em 2001. O Liminha produziu esse disco nosso, temos feito muitos shows e galgado grandes movimentos, acredito que o Tianastácia vai voar alto.

Foto: Teo Cury/Styling: Samantha Szczerb

Fale sobre seu personagem na comédia “Nunca Fomos Tão Modernos”, em que contracena com Leticia Spiller.

O “Nunca Fomos Tão Modernos” é mais uma parceria minha com um grande amigo meu, que inclusive mora a 200 m da minha casa, que é o Gustavo Moretzsohn, filho da Ana Maria Moretzsohn, que é uma autora de novelas da Globo, e ele foi um desses atores mirins da emissora, ao lado de Selton Mello. Ao longo do tempo, o Guga se tornou um multitalenos, ele é ator, diretor e autor, também escreve roteiros. Em 2002, eu fiz um filme com ele chamado “Ódiquê?”, com o qual conquistamos prêmios fora do Brasil de cinema independente. O Guga escreveu o roteiro de “Nunca Fomos Tão Modernos”, atua e dirige. Eu atuo e sou um dos produtores do filme, ao lado da Leticia Spiller, que também atua. A história é de um casal em crise, e o Santiago, que é o Guga que faz, é um capitalista, um cara muito focado em ganhar dinheiro, é negligente no casamento. Ele é casado com a Leticia Spiller, e ela tem um melhor amigo, que é o Argeu, que sou eu. O Argeu é gay e com a Leticia têm um plano de restaurar o casamento, mas eles acabam se envolvendo. Isso gera um questionamento na cabeça da Leticia, que pergunta: “Mas você não é gay”?, ao que ele responde: eu não posso de alguém, em vez de ser de um homem ou uma mulher? É bem interessante. Esse é o filme mais recente lançado, mas tem mais dois para vir por aí, “O Fervo”, que quem dirigiu foi o Felipe Joffily, é mais uma comédia e é quase que um remake de “Os Fantasmas se Divertem”. A história é uma casa mal assombrada, que fora uma boate gay, e que é habitada por três espíritos, um travesti, uma fanchona e um rapaz bem afetado. 

Foto: Teo Cury/Styling: Samantha Szczerb

No longa “O Fervo”, qual seu personagem? 

O meu personagem não é médium, ele não vê nada, só que o melhor amigo dele compra a casa e vê e se comunica com todos os espíritos. Então ficam várias situações engraçadas em torno dessa casa, que o amigo compra para reformar e vender. Esse filme deve ser lançado no fim deste ano ou no começo do ano que vem. 

Foto: Teo Cury/Styling: Samantha Szczerb

E “La Situación Perrengue”, qual seu papel?

É uma comédia também, protagonizada pela Natália Lage, Julia Rabelo e Tati Lopes. Uma delas herda uma fazenda deixada pela avó na Argentina. A vida de todas elas está entediante por aqui e resolvem se mandar para lá para ver qual  é dessa fazenda, e quando chegam lá descobrem que é uma fazenda de produção de cocaína. O meu personagem é um policial federal que está ali justamente para deflagrar esse cartel de cocaína, mas as meninas são superatrapalhadas e vai ter uma sequência de cenas bem engraçadas. Ainda não tem data de estreia também, mas não duvido que estreie este ano ainda. 

Foto: Teo Cury/Styling: Samantha Szczerb

Fale sobre a série  “O Cangaceiro do Futuro”, da Netflix. Quando deve estrear?

“O Cangaceiro do Futuro” deve ser lançado em novembro deste ano. É uma série que vem sendo muito aguardada, porque faz parte de um grupo que faz muito sucesso, um grupo muito bem quisto pela Netflix internacional, que é o Halder Gomes e o Edmilson Filho. A história se passa na época de Lampião, tem um motoboy que foi para a cidade grande tentar a sorte, mas ele passa um monte de perrengue, ele é devoto de padre Cícero, e fica rezando para voltar para a terra dele. Acontece uma situação em que ele desmaia e começa a voltar no tempo e aparece no sertão do Ceará em 1935, na época de Lampião. É muito legal, um elenco talentosíssimo, uma história muito bem escrita, com uma literatura muito rica. Para mim foi uma experiência profissional inigualável. 

Você tem ainda mais foi filmes na manga, tudo para este ano, pode falar sobre eles? Ao menos o gênero?

Tem filmes para os quais eu já estou praticamente escalado, mas como ainda não tenho data nem roteiro na mão, são coisas que não posso falar sobre. 

Foto: Teo Cury/Styling: Samantha Szczerb

Sua carreira é bem focada em TV e cinema, pensa em teatro? 

Eu já fiz teatro muitos anos atrás, uma peças infantis. Sempre que eu me programei para fazer alguma coisa no teatro, algo do audiovisual veio e atropelou o projeto. O cinema e a TV são produções avassaladoras, o teatro é mai rudimentar, mais colaborativo, com um orçamente infinitamente mais baixo. Então, como eu nos últimos 20 anos,estive muito mais presente no audiovisual, na TV e no cinema, essas produções sempre atropelaram as minhas possibilidades de estar no teatro. Eu já peguei um livro do Oscar Wilde para fazer no teatro, mas seria uma peça bem alternativa, porque a obra é profunda, o Wilde era muito sofrido. A atmosfera era muito pesada, e eu não queria fazer de qualquer maneira, então acabei arquivando essa ideia. Já pensei também em montar um “Romeu e Julieta” com a Carolina Dieckmann em um galpão, não em um teatro, uma coisa quase circense. Eu tenho essas ideias, porque tenho uma mente inquieta e criativa. Ou seja o teatro sempre esteve nos meu planos, mas eu ainda não consegui realizar uma coisa que me agradasse.

Como concilia as duas carreiras, de ator e músico? Dá trabalho?

Muito trabalho,  muita disposição e muito café. Saúde, precisa ter saúde para fazer o que eu faço, porque se não tiver saúde você não aguenta. Eu estava filmando lá não Ceará, a locação onde a gente filmava era três horas e meia de Fortaleza, então para sair de lá e estar dentro do avião eu levava cinco horas, mais duas horas para estar no Rio de Janeiro. Aí, chegava em casa, dava um beijo no meu filho, dormia e, no dia seguinte, pegava estrada para ir para Minas Gerais fazer show com o Tianastácia. No outro dia já voltava para o Ceará, é uma vida muito louca, de muito trabalho. Você ter duas profissões e trabalhar em alta performance nas duas exige muita coisa, uma cabeça muito boa, saúde e determinação. Não à toa eu pulo fora de alguns trabalhos, porque sinto que meu trabalho como musico vem prosperando, então vez ou outra eu preciso escolher, sobretudo porque agora eu comecei a cantar também no Tianastácia, já que o vocalista saiu. 

Foto: Teo Cury/Styling: Samantha Szczerb

Você tem um filhinho, como é o Dudu pai?

Sim, o Joaquim, ele vai fazer quatro anos em agosto. O Dudu pai é o meu maior sucesso. Meu filho é um sonho que foi sonhado a vida inteira, e que foi realizado ainda melhor do que o idealizado. Eu fui presenteado com um filho muito especial, muito mais importante para mim, muito mais realizador do que eu imaginava nos meus melhores sonhos. Ele me faz um ser humano melhor inacreditavelmente. Ele é uma dádiva divina, sou completamente apaixonado pelo meu filho.

Além dos dois filmes que vai gravar, quais são os próximos projetos?

Eu já faço muitas coisas, meu tempo já é curto, eu estou sempre correndo daqui para lá e de lá para cá. Eu optei por uma carreira mais autônoma, eu não renovei contrato com nenhuma emissora. Há anos eu saí da Globo já pensando em não assinar com nenhum emissora, acabei assinando com a Record, fiz tudo o que eu poderia fazer na Record, não tinha mais como continuar, então optei por sair. Hoje eu vivo a tentativa de equilíbrio entre tempo e orçamento. Eu vivo as minhas responsabilidades como pai, como filho, eu cuido da minha mãe, porque tenho que honrar uma vida inteira de cuidado e amor que ela me deu. Eu assumo todas as dificuldades que é ser um artista no Brasil, sobretudo nessa fase em que a gente vive, em que a cultura é totalmente desprestigiada pela mentalidade de gestão do executivo que nos “desgoverna”. Hoje eu me sinto um sobrevivente ativo, produtivo num território hostil e desfavorável. Mas eu não largo o osso, eu gosto dessa briga. Nessa condição quase improvável de ser artista no Brasil, eu trabalho muito e consigo honrar as minhas responsabilidades. 

Como lida com as redes sociais?

Eu elegi uma, que foi o Instagram, porque ela permite mais caracteres que o Twitter, e permite imagem. Então você poder trabalhar com imagem, som e texto, é mais interessante. Mas eu transito por ali saudavelmente, às vezes fico dias sem postar, não consigo ficar respondendo muitas mensagens, porque não dá para dedicar tanto tempo à tela, a tela já nos consome, então se eu ficar na rede postando, postando e postando, respondendo, respondendo e respondendo, eu enlouqueço .  Prefiro a vida outdoor, eu moro no meio da mata, então prefiro não me deixar ser dominado pelo telefone, embora muitas vezes me sinta dominado por ele. 

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