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Galeria estação abre a mostra “Agostinho Batista de Freitas – Mestre das Ruas”

Av. 23 de Maio, 1996 – Foto: Rodrigo Casagrande

Após um intervalo de 14 anos a Galeria Estação realiza uma nova exposição individual do pintor Agostinho Batista de Freitas (1927-1997). A mostra, denominada “Agostinho Batista de Freitas – Mestre das Ruas”, que poderá ser vista entre 12 de maio e 11 de junho, tem curadoria do crítico e professor Agnaldo Farias e traz ao público uma seleção de cerca de 20 telas do artista que integram o acervo da galerista Vilma Eid.

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Admiradora desse pintor que foi revelado às artes plásticas nos anos 1950 pelo diretor e fundador do Masp, Pietro Maria Bardi (1900-1999), Vilma conheceu Agostinho no início da década de 1990. “Eu já tinha adquirido vários trabalhos dele, mas ainda não havíamos nos encontrado pessoalmente. Baixinho, atarracado, meio marrento e com enorme domínio na arte de se expressar por meio de suas composições, sobretudo em retratar a paisagem de São Paulo”, diz ela, que fez uma grande exposição com obras dele em 2008.

Sobre a motivação desta nova mostra, Vilma afirma que desde a exposição no Masp (dezembro de 2016 a abril de 2017) nunca mais os quadros de Agostinho voltaram ao circuito de exibição de museus e galerias.  “Por isso decidi realizar esta agora, trazendo ao público novamente algumas telas desse artista autodidata que de forma poética e com maestria na composição de perspectivas urbanas, na captura de cenas cotidianas e na utilização harmoniosa das cores reproduz os mais diferentes ângulos da cidade. Uma obra que permanece atual e nos surpreende pela singeleza de sua iconografia”, avalia.

Praia das Astúrias, 1988 – Foto: João Liberato

Essa característica do legado de Agostinho, o de levar as cenas do cotidiano para as telas, foi o que chamou a atenção de Bardi, quando se deparou com o então eletricista vendendo seus desenhos nas proximidades do Viaduto do Chá. De imediato, o experiente crítico e colecionador teve a certeza de que estava diante de alguém que poderia largar tudo para se dedicar somente à pintura. E, depois de lhe dar tintas a óleo, pincéis e tela, fez uma encomenda: pintar uma vista de São Paulo a partir do topo do então prédio do Banespa. O quadro, que permaneceu com Bardi até seus últimos dias, foi a chancela para a primeira mostra individual do artista, então com 25 anos de idade, no próprio Masp, em 1952.

Em relação aos trabalhos que integram a nova exposição desse artista que considera extraordinário e denomina como “Mestre das Ruas”, Farias recorda que Agostinho percorreu a cidade de São Paulo inventariando sítios, trechos urbanos e edificações a seu ver mais proeminentes. “Não obstante a preservação, ainda que atenuado, do drama humano de quem habita as grandes cidades, o conjunto das pinturas apresentadas na exposição de agora é mais solar que as realizadas nas primeiras duas décadas de sua trajetória, de evidente extração expressionista”, antecipa o curador, que também incluiu nesta mostra paisagens distantes da metrópole.

Praça da República – 1991 – Foto: João Liberato

“Se a adesão de Agostinho à cidade era irrestrita, o mesmo não se podia dizer sobre seu interesse pela vida rural. O artista ia do centro aos arrabaldes, às rodovias que ligam as cidades umas as outras e até mesmo ao campo que não o interessava muito, mas ao qual voltou por conta das encomendas, aparentemente em maior número do que as de pinturas urbanas. Sobre essa parcela imprevista da produção, dizia realizar de memória, o que, trocando em miúdos, significava que era irrigada pela imaginação”, contextualiza Farias.

Galeria Estação – Rua Ferreira Araújo, 625, Pinheiros, São Paulo.

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