A exposição “Wira’U’Haw” parte do registro de um ritual ancestral do povo Guajajara que registra a Festa da Menina-Moça, um importante ritual de passagem na cultura desse povo e pontua o momento em que as meninas se transformam em mulheres aos olhos de sua comunidade. Quinze fotos coloridas compõem a mostra que abre na próxima quinta-feira (05.05), às 19h, na Galeria Gabriel Wickbold, em São Paulo.
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As fotografias são do documentarista francês Maxence Loyer que, apaixonado pela cultura Guajajara e vivenciando os reais problemas locais, registrou uma cerimônia de conscientização e conexão do corpo humano com as energias da natureza. As meninas moças, trajando saias longas, ostentam adereços nos quais se destaca a cor vermelha – uma alusão aos pássaros da mata. Os olhares dos demais participantes, todos voltados às meninas-moças, contrastam com os olhos delas, parcialmente cobertos por ornamentos.
Para a mostra, serão apresentadas em “Wira’U’Haw” 15 fotografias com edições de dez – exceto uma que traz edição de cinco – e 100% da verba obtida com as vendas, será revertida para a comunidade. A doação tem como objetivo fortalecer a cultura indígena no Brasil, visando o retorno social e a contribuição com o desenvolvimento do Centro de Saberes Tukàn, na Terra Indígena Arariboia no Maranhão, lugar onde a educação sustentável valoriza a identidade (língua, cantos, dança, rituais etc.), protegendo o meio-ambiente e incentivando as atividades produtivas como alimentos orgânicos, artesanato, remédios naturais, dentre outros.
Vale ressaltar que, mais que uma festa, “Wira’U’Haw” representa o processo de transmissão de saberes e processos de transformação matriarcais e marca uma ocasião em que as meninas-moças recebem muitos cuidados. Uma linhagem de conhecimentos conservados graças à oralidade que é repassada às meninas por bisavós, avós e mães após a menarca.
Maxence Loyer – Foto: Bruna Constantino
Ao pôr do sol, as meninas-moças são apresentadas portando seus ornamentos e com as tradicionais pinturas de jenipapo. O ritual estende-se por toda a noite, quando as mulheres e os participantes cantam e dançam. Ao nascer do sol, as moças, sentadas sobre as esteiras, passam por um momento de liberação espiritual e física de algumas restrições. Para encerrar, elas oferecem bolinhos de tona aos cantores, lideranças e pessoas próximas. Um dos povos originários mais numerosos do Brasil, os Guajajara se espalham por mais de dez terras indígenas localizadas na margem leste da Amazônia, no Maranhão, onde enfrentam problemas como a intensa exploração madeireira e caçadores ilegais.
Rua Lourenço de Almeida, 167, São Paulo.