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Incompatível”: comédia romântica com Nathalia Dill e Giovanna Lancellotti no elenco estreia 28 de abril

Foto: Reprodução/YouTube

Testes de personalidade, compatibilidade de signos, listas de qualidades e defeitos, experiências de amigas, colunas sobre o amor e até aquele conselho do famoso da internet. Que atire a primeira pedra quem nunca ficou com uma pulga atrás da orelha depois de ver relacionamentos em redes sociais ou dicas para o namoro perfeito, como se pudéssemos ser definidos e classificados dentro de caixinhas.

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Vivemos a era da exposição na internet – demonstrar felicidade constante, compartilhar e opinar os assuntos “bombados” e “cancelar” pessoas são prioridades. Atualmente vale tudo para criar uma imagem nas redes e influenciar seguidores. Mas será que a vida offline é realmente tudo aquilo? Em “Incompatível”, comédia romântica de Johnny Araújo que estreia no dia 28 de abril nos cinemas, o fim de um noivado causado por um vídeo de uma famosa personalidade digital que reflete sobre relacionamentos, é o ponto de partida para o questionamento das personas online, o lugar do homem moderno e choque de gerações quando o assunto é amor.

Fábio (Gabriel Louchard) e Taís (Giovanna Lancellotti) namoram há seis anos e estão prestes a se casar. Ele trabalha na loja do sogro e aos vinte e poucos anos já tem a vida toda programada. Até que a frase “somos incompatíveis”, dita por sua noiva, desmorona todo esse castelo de areia. Em sua superficialidade, Taís se deixa influenciar por um vídeo em que a famosa youtuber comportamental Patrícia Bacchi (Nathalia Dill) questiona a compatibilidade dos casais e cancela o matrimônio. Sem chão, Fábio pede ajuda ao amigo Caíque (Gabriel Godoy) para se vingar da blogueira e reconquistar a ex. A ideia? Criar o “Incompatível”, uma personalidade do YouTube que coloca em xeque a credibilidade de Patrícia.

Foto: Reprodução/YouTube

“O filme resgata relações pessoais, e questiona a imaturidade de Fábio – que é o último romântico. Mas também mostra que os tempos mudaram, as mulheres têm um outro posicionamento. E os homens precisam aprender e se adaptar”, comenta Araújo. “A Patrícia vive ali no mundo criado por ela, em que é famosa por dar conselhos amorosos e comportamentais. Ela usa sua imagem como um escudo, como algo que vai protegê-la de se machucar nas relações”, diz o diretor.

Como uma boa comédia romântica, uma paixão improvável acontece entre Fábio e Patrícia – que veem seus conceitos e padrões irem por água abaixo. “A Patrícia é uma mulher que transparece muita segurança. Trabalha muito bem essa fachada. Mas se prestar atenção, dá para entender que ela tem suas dúvidas, questões. Acredito que ela seja uma mulher em busca de respostas da vida de uma maneira muito concreta. Mas até que ponto isso é saudável?”, conta Nathalia Dill. “O Fábio vivia um cenário de vida perfeita que ele construiu. Tinha seu trabalho, ia casar. Quando o noivado termina, ele tem ainda mais certeza que a Taís é o amor da vida dele. Mas quando sai da zona de conforto, vê a vida fora da caixinha e muitas possibilidade, que tem um amadurecimento – mesmo que na ação infantilizada de se vingar, acaba se apaixonando e descobrindo novos universos”, complementa Louchard.

“Eu acho o universo dos vloggers e youtubers muitíssimo rico e interessante, não apenas como fenômeno cultural, mas como estudo de personagens e de personalidades. Ao final, não é um filme sobre YouTube, mas um filme sobre paixão, amor, namoro, vida. Por mais céticas, cínicas, e cruéis que sejam as redes sociais hoje, elas ainda são movidas a pessoas de carne e osso por trás, gente com desejos, sonhos, fragilidades, e é sobre esse material que trabalho”, explica o roteirista Paulo Cursino.

Foto: Reprodução/YouTube

O filme também busca questionar como cada geração lida com o amor romântico. Helena (Patrycia Travassos), a mãe de Patrícia, não consegue entender esse universo digital em que a filha vive. A troca de contato humano pelo vazio da exposição virtual, que torna a vida um grande reality show, é algo inconcebível para ela, e talvez para toda sua geração. “Acredito ter um equívoco nessa animação de popularidade fornecida pelas redes sociais. Nas horas que você realmente precisa, não são aqueles milhares de seguidores que vão nos apoiar, dar broncas e conselhos”, reflete Patrycia. Mas no dia a dia, é com seu agente Cléber (Pablo Sanábio) que Patrícia se aconselha e tem suas fraquezas escancaradas sem nenhuma delicadeza.

Gravado em 2018, o filme, que também explora essa mudança e abertura da mentalidade masculina, já antecede a discussão. “Nos últimos três anos esse tema foi muito abordado e questionado. O modelo antigo de sociedade, em que o gênero masculino é preeminente, tem sido muito apontado e não cabe mais esse comportamento. O fim de um relacionamento é sempre triste e é muito importante e bonito também os homens chorarem, demonstrarem suas emoções”, diz Giovanna. 

“O próprio Caíque, que aparentemente está em um processo de desconstrução mais avançado que o Fábio, até com o argumento de ser artista, mostra, em determinado momento do filme, como ainda existe muita coisa para o homem de fato evoluir. É um processo que todos nós, homens, devemos se colocar”, afirma Godoy.

Gravado em São Paulo, o longa explora a diversidade de perfis encontrados na maior cidade da América Latina. “Quando misturamos pessoas que vieram de várias regiões, temos um resultado cultural enorme. São Paulo, por ser muito grande, carrega vários microuniversos. E essa mistura nos interessa muito, exatamente por cruzar diferentes histórias e mostrar que elas são possíveis juntas também”, explica Araújo, que além de se preocupar em criar a conexão dos personagens com os atores e também a sinergia entre eles, evidencia o cuidado estético e dá seu tom cinematográfico na comédia. “Na minha opinião, é o gênero mais difícil de ser executado. É muito subjetivo. Tivemos muita preocupação em fazer rir, aprofundar, mas deixar a qualidade da fotografia, arte, figurino também em primeiro lugar”, diz.

“A Gullane tem buscado projetos mais leves, mais emocionantes, que entretenha o público brasileiro. Estamos em um momento bastante difícil, complicado para as pessoas, para as famílias, os casais, os namorados, porque está todo mundo muito isolado. Acho que o ‘Incompatível’ vem celebrar a vontade de estarmos com quem se ama, com quem nos relacionamos. É um filme que, dentro da sua leveza, transmite várias reflexões de como realmente devemos acreditar naquilo que sentimos, e não ficar construindo nossos sentimentos a partir do que os outros acham, ou do que os outros analisam de relacionamento, ou teorias de relacionamento, e por aí vai”, comenta o produtor-executivo Fabiano Gullane.

Com estreia no cinema prevista para 26 de novembro de 2020, “Incompatível” é uma coprodução Gullane, FOX Film do Brasil e FOX Networks Group Brasil e tem distribuição deBuena Vista International. O roteiro, adaptado de “Incompatible”, de Scott Benson, é escrito por Paulo Cursino com colaboração de Léo Luz e Gabriel Louchard.

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