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Larissa Nunes:  “É uma conquista estrear na TV aberta fazendo uma personagem negra com substância”

Foto: Victor Pollak

O ano de 2022 promete ser de muitas realizações na vida da atriz Larissa Nunes. Aos 25 anos, a atriz e cantora nascida em São Paulo tem em “Além da Ilusão” sua estreia na TV aberta. Como a romântica e determinada Letícia, a atriz integra o núcleo da vila operária da trama, sendo a única personagem a seguir seu desejo de estudar e se formar professora. A firmeza da personagem, contudo, balançará ao se ver disputada pelos dois amigos de infância, Bento (Matheus Dias) e Lorenzo (Guilherme Prates). Em paralelo, a atriz estreia ainda este ano seu terceiro trabalho no streaming, a série “O Rei da TV” (StarPlus).

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“Leticia é uma jovem muito inteligente, generosa e romântica. Me identifico com essa leveza e a determinação na medida para enfrentar seus desafios – e como será importante na construção desse triângulo amoroso formado. Além disso, esse núcleo contextualiza um período histórico no Brasil, a participação do nosso exército nos conflitos da Segunda Guerra Mundial. É bem recente uma personagem como ela estar ocupando esse lugar na novela, ainda mais sendo uma professora”, pondera a atriz que, para compor a personagem, assistiu a filmes de guerra, leu sobre pracinhas e fez uma pesquisa sobre mulheres negras no Brasil nos anos 1940, época em que se passa a trama.

O papel que lhe proporcionou pisar pela primeira vez nos estúdios Globo foi conquistado por meio de testes, e lhe permite a alegria de estrear com uma personagem de época não escravizada. “Eu diria que é um privilégio fazer personagens marcadas pelos próprios sonhos, mas talvez seja mais do que isso. Faço parte de uma mudança que tem tomado maiores proporções no audiovisual. A TV e o cinema precisam desmistificar a vida de pessoas negras, e a mídia precisa dar espaço para isso. Pode ser que para algumas atrizes ser a ‘mocinha’ não faça tanto sentido – mas, para mim, é uma quebra de expectativa. Mostra que histórias gentis também pertencem à nós, mulheres negras, e não apenas histórias de traumas”, sublinha Larissa.

Foto: Victor Pollak

A alegria de ter Jeferson De como um de seus diretores na novela é outro motivo de comemoração para a atriz. “Conheço o Jeferson do cinema e admiro demais o olhar e o trabalho dele. É uma conquista estrear na TV aberta fazendo uma personagem negra com substância, sem estereótipos e ainda poder discutir, ser ouvida e orientada por um diretor negro. É uma identificação muito importante, que me deixa bem à vontade na obra toda e com toda a direção”, diz Larissa, que é formada pela Escola de Arte Dramática da USP (Universidade de São Paulo).

Embora esteja realizando sua primeira novela, Larissa já tinha intimidade com o audiovisual – e com as obras de época. A atriz integrou as duas temporadas da série “Coisa Mais Linda” (Netflix) e aguarda a estreia de “O Rei da TV”, onde interpreta Cleusa. “A série se passa nos anos 1970 e é um projeto muito especial, com uma personagem que me desafiou, também. Aliás, na novela reencontrei Roberta Gualda, que também está na série. Com esses trabalhos de época, parece até que viajo no tempo! (risos) ”, diverte-se a atriz, que estreou no audiovisual na série “3%”.

Compositora desde os 12 anos, Larissa já lançou dois EP’s (“Larinu” e “Quando Ismália Enlouqueceu”) e pretende movimentar sua carreira de cantora ainda este ano. “Desta vez quero experimentar, conhecer novas parcerias. Tudo novo, de novo. Estou programando lançar algo que será bem diferente de tudo que já produzi. Quero chegar em mais pessoas. É um momento de mostrar mais do meu amor pela música brasileira, pelo samba, pelos ritmos afro e pela poesia. Já estou compondo coisas novas que em breve vocês conhecerão”, promete a multiartista, que também integrou o espetáculo-show “Ícaro and The Black Stars”.

Foto: Victor Pollak

Morando no Rio de Janeiro desde o fim de 2021 em função das gravações, a atriz está tendo a oportunidade de criar mais intimidade com a cidade. “Existe uma dinâmica de vida bem agitada e solar aqui, um contato fácil com a natureza – e para uma paulistana que só conheceu a praia aos 12 anos, é muito bom estar aqui. Aos poucos, no tempo livre, conheço alguns pontos turísticos, mas também quero conhecer o Rio que não é visto pelas câmeras. Sinto saudade de São Paulo, mas é porque minha família está lá, minha mãe e meu cachorro Thor. Mas estou me adaptando bem aqui, a galera diz que eu era carioca sem saber (risos)”, finaliza.

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