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DJ Curol: o afrohouse que está conquistando o Brasil

Curol é anunciada no line up do Rock in Rio – Foto: divulgação

A garota que cresceu tocando na igreja e em bandinhas de garagem não poderia imaginar que um dia estaria no Rock in Rio, muito menos no palco de música eletrônica. Mas aconteceu, e esta é mais uma conquista para a lista de Curol, Carolina Ribeiro, DJ que produz afro house e vem se destacando na cena eletrônica do País.

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Sua trajetória na música começou de forma independente, quando resolveu aprender a tocar violão a partir de revistas de cifra, muito populares na época. “Foi por meio de músicas de pop-rock como, Legião Urbana, Charlie Brown Jr. e Paralamas do Sucesso, que eu aprendi”, explica. Com essas referências, ela se dividia entre a banda de garagem com os amigos, em que tocava heavy metal, e as apresentações na igreja que frequentava.

A aproximação com a música eletrônica só foi acontecer mais tarde, quando Curol já estava na faculdade. No curso de gestão financeira, e tentando uma alternativa ao trabalho como operadora de telemarketing, ela começou a fotografar eventos de música, e seu maior nicho eram as raves. “Eu frequentava muito esses lugares e fui ficando cada vez mais interessada, queria saber como que eu colocava minha guitarra nas músicas eletrônicas.”

Esse interesse inicial foi aumentando e, em 2018, um dos DJs amigos de Curol, com o qual ela viajava fotografando, ofereceu lhe ensinar a discotecar. Ao todo seriam 12 aulas, mas na quarta ela já sabia o que fazer, e assim começou sua jornada como DJ. Porém, o maior interesse da violonista, era a produção musical, e a ideia de colocar sua guitarra na música eletrônica não saía de sua cabeça.

“Eu sempre gostei muito de afro house, e eu via que aqui no Brasil não tinha quase ninguém fazendo esse som, que é uma batida afro com elementos house, mais dançante. Então resolvi produzir algo que ninguém estava produzindo, um afro house com música brasileira”, diz ela, que mesclou um pouco de tudo que queria para construir seu estilo inovador.

Curol – Foto: reprodução/Instagram

A ideia foi se consolidando no ano seguinte, enquanto Curol começava a tocar mais e a levar seu som para outros lugares, mas muita coisa mudou com a pandemia de 2020. Todos os shows programados para a DJ tocar, caíram, e ela passou por duas perdas que a abalaram muito. “Nesse período eu perdi o meu pai e a minha cachorra, e a produção conseguiu me resgatar de uma depressão”, conta ela. 

Fora isso, embora financeiramente difícil, a pandemia também foi um momento que a DJ utilizou para expandir suas habilidades e se preparar para quando as coisas voltassem a acontecer. “Tudo que eu fazia, por pequeno que fosse, eu divulgava e pedia para alguns parceiros compartilharem também. Queria mostrar que eu estava correndo atrás e produzindo, porque quem não é visto não é lembrado”, afirma ela, que sabe a importância de se mostrar na mídia e investe nisso.

Ter um bom marketing e produzir conteúdo são cada vez mais importantes para o mercado da música, mas, para as mulheres, existem outras barreiras. A cena da música eletrônica ainda é muito fechada e machista, de acordo com a Curol, mesmo os DJs com os quais ela já trabalhou nem sempre a enxergam como igual. “Tanto que uma amiga minha, a Carol Favero, montou uma comunidade que se chama Somus, que visa apoiar e incluir mulheres nesse meio. Então o mercado está mais flexível, mas muito graças a uma luta nossa.”

A inclusão da mulher no eletrônico é muito importante para Curol, que também teve dificuldade de se inserir no meio, e é por isso que em todos os seus passos ela faz questão de incluir mulheres. E são justamente esses projetos e collabs femininas que têm lhe rendido mais reconhecimento, seja com seu som incluído em importantes playlists de eletrônica ou entrando no line up de grande festivais. Além de ganhar prêmios, como o de melhor DJ no WME Awards de 2021, uma premiação de mulheres.

“Acredito que isso é um reconhecimento de tudo que eu tenho feito, mesclado com o tipo de produto que eu tô apresentando. O meu produto não é apenas musical, também é cultural e inclusivo”, afirma. Nesse sentido, Curol conta que está trabalhando em um álbum que conta a história da música afro-brasileira, como ela veio do continente africano até o Brasil.

O projeto, vem na linha do objetivo da DJ com a música, e do que ela vem plantando para colher depois. “Meu sonho é ver pessoas que eu nunca vi cantando minha música e conseguir levar informação para essas pessoas com base no meu som”, conta ela.

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