Obras de Andreas Albrectsen – Foto: Divulgação
A Anita Schwartz Galeria de Arte inaugura, nesta quarta-feira (20.04), às 16h, a exposição “Superbloom”, primeira individual de Andreas Albrectsen na galeria. Na mostra, o artista apresenta três desenhos inéditos de grande formato produzidos no Brasil ao longo de três meses de residência artística.
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A pesquisa promove reflexões sobre a representação da natureza digitalizada, assim como, de objetos referentes a ícones dos ambientes informáticos: imagens de um solitário cursor, “folders” e documentos. Em seus desenhos, Albrectsen combina elementos históricos de construção de naturezas mortas com dados contemporâneos, presentes nos aparelhos digitais, propondo assim uma forma de repensar e questionar as discrepâncias entre o mundo real e o hiper-real.
O título da exposição refere-se a uma situação supostamente impossível: uma rara e imprevista estação de chuvas que permitiu ao solo árido do deserto na California florescer de forma abundante. A abordagem conceitual dos desenhos de Andreas destaca a cultura visual, ao colocar em contraste as imagens digitais das paisagens do deserto, capturadas da tela de um “desktop”, e compreendidas pelo artista como naturezas mortas, em oposição a exuberância do fenômeno do “Superbloom”, que nos provoca uma sensação próxima da miragem.
Obra de Andreas Albrectsen – Foto: Divulgação
As obras, ao serem montadas em paredes opostas da galeria, tensionam a arquitetura do cubo branco como uma metáfora do deserto; a imensidão do espaço faz com que os grandes desenhos pareçam menores que sua dimensão real. Por meio da história da filosofia e literatura, não menos que na retórica pós-moderna, a paisagem do deserto foi objeto de metáforas de distopia, pois é árido, selvagem, e ao mesmo tempo, lugar biblicamente sagrado, nascimento da humanidade, metáfora de solidão e desamparo.
Albrectsen evidencia em seus trabalhos um universo existencial das imagens encontradas em domínio público e no imaginário coletivo. Os desenhos não se entregam facilmente ao olhar, pois não apresentam e transmitem a mesma coisa – aparência e conteúdo nunca estão alinhados de forma óbvia. Sempre há algo a interpretar. Podemos dizer que a rara exposição de Albrectsen aborda a urgência de resiliência, de esperança e de intervenção mágica em nosso mundo pós moderno.
“Superbloom”- Andreas Albrectsen
Texto curatorial: Aukje Lepoutre Ravn.
Abertura: 20 de abril, 16h.
Visitação: 20 de abril a 04 de junho.
Segunda a sexta, 10h às 19h.
Sábados, 12h às 18h.
Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, Rio de Janeiro.