Marina Sena no show do Lollapalooza – Foto: reprodução/Instagram
“Para chegar até aqui foi perrengue atrás de perrengue, mas agora pelo menos eles estão ficando cada vez mais chiques”, diz Marina Sena, entre risadas, resumindo sua trajetória até o sucesso. Se antes o problema era cantar para mais bezerros do que pessoas, hoje é não ter tempo de descansar durante a tour pela Europa, que deve passar por Portugal, Espanha, Inglaterra, Dinamarca, Irlanda e Alemanha.
SIGA O RG NO INSTAGRAM
A turnê, que começou no último dia 7 e vai até 15 de abril, junto aos diversos shows que tem feito Brasil afora representam a melhor fase na carreira da cantora até então. “Eu percebo que meu som está chegando nas pessoas, meus shows estão lotados, tem sido um momento bem especial que eu estou aproveitando um monte”, comenta. Exemplo disso foi a participação da artista no Lollapalooza 2022, quando encheu a plateia do Palco Adidas com tanta gente que até ela ficou chocada.
Mas aos poucos a garota que cresceu no interior de Minas Gerais, em Taiobeiras, vai se acostumando com a fama que sempre desejou. Marina conta que desde pequena queria ser cantora, embora também já tenha pensado em ser atriz ou seguir alguma outra carreira de sucesso na arte. Foi só depois de aprender violão que ela percebeu que realmente não poderia trabalhar com outra coisa que não a música.
Os quatro acordes de “O Sol”, canção do Jota Quest, foram os necessários para que a cantora também se entendesse como compositora. “No primeiro dia da aula de violão eu saí tocando essa música, e quando eu aprendi os quatro primeiros acordes já fiz uma música minha, aí eu percebi também minha facilidade em compor”, diz ela.
Nessa época, o que moldou o estilo de Marina foi a MPB que os pais tinham em casa. “Minha mãe tinha aqueles discos ‘Um Barzinho e Um Violão’, ‘Gal Costa – Novelas’, ‘Djavan – Novelas’, sabe? Era isso que eu mais ouvia”, conta. Assim foi até ela começar a ter acesso à internet, com a qual se apaixonou pelo rock de Ozzy Osbourne, descobriu que Caetano Veloso tinha uma discografia inteira além de “Sozinho”, e pesquisou outros artistas que até então desconhecia.
Marina Sena grava Poesia Acústica – Foto: reprodução/Instagram
É claro que isso teve um grande impacto no seu som, que é classificado por muitos como parte da “nova MPB”, mas a própria Marina fala que mira em algo mais pop/alternativo. “Eu mudo muito, ano que vem posso estar fazendo uma coisa totalmente diferente do que já fiz. Mas hoje acho que é pop, é transgressor também, é aquele pop estranho, aquele que você fica ou eu amo ou eu odeio isso aqui”, brinca.
Na carreira, a cantora teve a oportunidade de viver momentos muito diferentes que contribuíram para que ela chegasse mais madura na empreitada solo. Segundo ela, A Outra Banda da Lua foi o lugar onde pôde ser totalmente artista, sem compromisso de mercado, criando como quisesse. Inclusive, durante muito tempo eles nem tinham álbuns, as pessoas só ouviam as músicas se fossem aos shows, e mesmo assim bastante gente gostava.
Quando começou em Rosa Neon as coisas já eram um pouco diferentes, havia certo compromisso de entrega, agenda e de realmente transformar aquilo em uma profissão. Com a banda, ela chegou a se apresentar fora do Brasil e a emplacar alguns sucessos como “Ombrinho”, que até hoje toca em seus shows.
“Já no meu trabalho solo eu vim com a carga dos dois, com toda a liberdade que A Outra Banda da Lua me proporcionou e com a seriedade que eu aprendi em Rosa Neon. Aí foi o combo perfeito para dar certo”, diz. E como deu certo, com o álbum “De Primeira” Marina garantiu três troféus no Prêmio Multishow de Música Brasileira já na sua primeira participação.
Marina Sena em Lisboa, um dos destinos da Eurotour – Foto: reprodução/Instagram
Porém, o caminho para o sucesso não é só glamour, tem muita inveja, machismo e pressão estética no ramo da artista. “Eu esperava que fosse ser mais fácil, mas é bem difícil. E mais interessante também, bem mais gostoso do que parece”, afirma. Para ela, a melhor parte é poder trabalhar, ter oportunidade de mostrar todo seu potencial e fazer o que gosta.
Nesse sentido, Marina tem aproveitado para compor e produzir, tem tanto material que renderia até dois álbuns. “Se são dois discos mesmo, isso é uma coisa que eu vou decidir ainda, mas que eu tenho músicas prontas que se for usar tudo dá isso, sim”, explica. E esse parece ser o jeito de trabalhar da artista, que montou o último álbum da mesma maneira, vendo quais músicas funcionavam melhor juntas.
Segundo ela, a diferença é que em “De Primeira” as canções ainda não estavam produzidas, eram apenas voz e violão, enquanto todas as que ela tem agora já estão prontas, se quisesse poderia soltar tudo de uma vez, mas é claro que isso não vai acontecer. Só resta torcer para que hits como “Por Supuesto”, que já havia sido escrita há seis anos, não fiquem tanto tempo guardados do público.
“Eu gosto um pouco de fazer o que eu estou com vontade também, porque toda vez que eu faço com vontade dá certo, então às vezes prefiro fazer as coisas assim do que o que é esperado”, destaca. O que ela adiantou de um próximo álbum é que será algo mais pop, sem tanta presença do violão como no primeiro disco.
Tudo isso que tem vivido e conquistado é um sonho para Marina, ou pelo menos uma parte dele, já que ela ainda quer e vai fazer muita coisa, mas nem tudo se resume a isso. “Acho que cheguei onde eu queria no momento em que decidi fazer isso da minha vida, no primeiro momento em que eu decidi que ia ser cantora. Eu realizei meu sonho ali, tudo que eu consegui depois desse dia é fruto da minha decisão”, destaca.