A partir de 9 de abril (sábado), o IMS Paulista apresenta a produção de Daido Moriyama (1938), um dos principais nomes da fotografia contemporânea mundial. Primeira grande retrospectiva do artista na América Latina, a exposição reúne mais de 250 trabalhos, além de uma centena de publicações e escritos do fotógrafo. A seleção traz obras de diferentes momentos da carreira do artista, desde o interesse pelo teatro experimental dos anos 1960, passando pelos trabalhos contestadores dos anos 1970, até a documentação das cidades e a reinvenção do seu próprio arquivo nos últimos anos.
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Com curadoria de Thyago Nogueira, coordenador da área de fotografia contemporânea do IMS, a exposição examina de maneira inédita o legado de Moriyama para a história da fotografia. A mostra, uma das maiores já feitas sobre o artista no mundo, é resultado de três anos de pesquisa, incluindo visita ao arquivo do fotógrafo em Tóquio. Foi concebida em parceria com a Daido Moriyama Photo Foundation e conta com o apoio da Fundação Japão e consultoria dos pesquisadores japoneses Yutaka Kambayashi, Satoshi Machiguchi e Kazuya Kimura, entre outros. A entrada é gratuita, mediante apresentação do comprovante de vacinação (saiba mais no serviço).
Nascido em 1938, em Ikeda-cho, Osaka, Moriyama passou a infância em diversas cidades. Após se formar em design, mudou-se para Tóquio em 1961, onde começou a fotografar para jornais e revistas de grande circulação, em um período de crescimento econômico e fortalecimento da cultura de massas. Logo, tornou-se conhecido por suas fotografias em preto e branco, granuladas e de alto contraste, tiradas com câmeras pequenas enquanto caminhava pelas ruas. Com uma produção abundante, Moriyama desafiou as ideias convencionais de fotografia documental e de realidade fotográfica, produzindo uma obra vasta e variada, na qual livros e publicações independentes têm participação fundamental.
A retrospectiva, que ocupa dois andares do IMS Paulista, acompanha as várias fases da carreira do artista. Segundo o curador, a seleção “conduz o espectador por uma trajetória de profunda dedicação e reflexão sobre a imagem. Com perguntas singelas, como ‘O que é a fotografia?’ ou ‘Qual é a realidade das imagens?’, Moriyama transformou nossa compreensão da arte, da memória e das cidades”. Nogueira ressalta também que Daido “expandiu a linguagem fotográfica, democratizou a produção de imagens e desafiou a visão estreita do jornalismo sobre a fotografia – contribuições poderosas, que ainda precisam ser mais bem compreendidas”.
Além das obras emolduradas, a mostra traz revistas e livros, destacando como a produção do fotógrafo está associada à indústria editorial, mais do que ao circuito da arte. “Para Moriyama, o poder da fotografia estava acima de tudo em seu estilo democrático e em sua potência reprodutível, lição que aprendera depois de folhear um catálogo com obras de Andy Warhol, em 1968”, aponta o curador.
O primeiro andar da exposição destaca as décadas de 1960 e 1970, momento que abrange os trabalhos iniciais de Moriyama para revistas e livros, influenciado por mestres do pós-guerra, como Eikoh Hosoe e Shōmei Tōmatsu, e artistas americanos, como William Klein e Warhol.
Em seus primeiros trabalhos, o fotógrafo documentou a efervescente cultura japonesa do período, marcado pela destruição da guerra, a ocupação das tropas americanas, o desaparecimento dos modos de vida tradicionais e a ocidentalização do país. Moriyama registrou as bases militares e os grupos de teatro underground nos arredores de Tóquio, e depois reuniu suas fotos no livro Japão, um teatro de fotos (1968), libertando-as do contexto original para construir uma nova narrativa experimental. Foi o primeiro passo de um fotógrafo que começava a desconfiar das imagens.
A exposição também apresenta, na íntegra, a rara série “Acidente”, produzida para a revista “Asahi Camera”. Em capítulos mensais durante o ano de 1969, Moriyama narrou acidentes e acontecimentos variados em imagens, propondo novas formas de representar as notícias e libertando o jornalismo da relação tradicional com a fotografia na hora de tratar de atualidades. A série é um marco na relação da imprensa com a arte.
IMS Paulista – Avenida Paulista, 2.424, São Paulo.